sábado, 28 de junho de 2008

2 mg.

Aquele vício incontrolável.

sexta-feira, 27 de junho de 2008


E agora? Eu pulo ou não pulo?

terça-feira, 24 de junho de 2008

Mais uma primavera pra Julliana.


Ela é a querida da família, o que realmente não me stressa nem um pouco, mas quando a Miss Mag passa a tratá-la como uma rainha, isso sim me dá náuseas.
Mas para ser bem sincera, eu não tenho muito do que reclamar.
Eu sei que em termos de estudos eu sou bem diferente dela, numa diferença negativa. Mas eu me divirto tanto, e conheço tanta gente. E é esquisito olhar para ela, mais velha que eu, não sai de casa porque quer ver o final da novela, não dá preocupação. Não quer ir na rave, não sai na sexta e volta no domingo e passa as tardes estudando e fazendo algo bom para a sociedade.
Ela é a filha que muitos porcentos da população gostaria de ter, ela é a filha que eu nunca seria.
E hoje ela completa seus 20 anos de idade, nunca foi numa boate, nunca foi num show de uma banda legal, colocou um piercing uma vez e tirou em menos de uma semana e nunca fez uma tatuagem. Nem quis montar uma banda, nem aprendeu a dirigir, nem pintou o cabelo, nem gazeou aula para fazer uma sessão de fotos na praia. Nunca foi convidada para atuar num filme, nem numa peça, porque ela nunca se interessou por isso.
Mas todos os professores a adoram, todas as suas notas são azuis, mas ela tem que aprender certas coisas com a vida. Não há livros que ensinem a conciliar a vida profissional e a pessoal, e isso ela definitivamente não sabe fazer.
Eu gostaria que ela fosse mais feliz, que se interessasse mais em diversão, que parasse de chorar por coisas tão banais. Queria que ela fosse mais divertida, falasse mais baixo e chegasse na madrugada de sexta para sábado me contando sobre a festa que bombou.
Ela não é assim.
Mas ela é do jeito dela, então que ela fique bem. Que ela complete várias outras décadas de idade, que se sinta realizada independente do desejo que ela faça.
Ela é minha irmã, e se eu pudesse trocá-la, eu não o faria, querendo ou não, eu a amo.
E amo também as boas lembranças da nossa infância, brincando com pilhas de livros, pegar carangueijinho na beira da praia, pegar taioba.
Acho que essa mordomia e a morbidez que chega para ela todos os dias pela manhã dentro de um enevelope, a estraga.
E se eu tivesse uma filha que troca a vida inteira por um quarto e um computador, aí sim eu morreria dce preocupação.
Enfim, desejo-lhe paz, muita paz.
Saúde, muito disso também. Muita alegria, você precisa.
Enfim, parabéns Julliana.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quem me dera você de novo.


“Os patins! Ele ia buscar os patins! Eu deveria ter lhe dado os patins!”
Era isso o que o Renato gritava aos prantos na porta da igreja naquela noite.
Era noite fria e mórbida de 25 de junho de 2006, a igreja lotada de gente e para mim era como se não houvesse uma só pessoa ali, era um vazio sem igual.
Otávio havia morrido sete dias atrás, os exames acusaram uma doença chamada Morte Súbita cardíaca, mas eu, honestamente, não queria saber de que ele havia morrido, o nome era o que menos me importava, só o queria de volta.
Otávio Ferreira Moreira, o dono do “Boa noite” que eu sussurro antes de dormir todas as noites por dois anos seguidos, era um rapaz que se encaixava no padrão “típico menino extraordinário”, ou não tão típico assim.
Seu senso de humor, alegria, inteligência, eram incomparáveis. Sua simpatia, educação e maneira amigável de tratar todas as pessoas, era cativante.
E aquela noite, aquela noite era uma daquelas noites que você ajoelha e implora às estrelas para te ajudar a esquecer e você simplesmente não consegue, você não consegue tirar da cabeça. Cada detalhe, cada palavra dita por cada uma das pessoas. Cada tom de voz, cada roupa, cada uma das pessoas que dividiam com você uma dor que parecia ser a maior do mundo inteiro.
Você se recorda de cada olhar carente que te olhou profundo e pediu seu socorro, seu abraço e você não podia fazer muita coisa por estar na mesma situação. Cada mínimo detalhe foi gravado, até mesmo aqueles que teoricamente passou despercebido e você se pega lembrando da borboleta azul que passou voando e posou na rosa ao seu lado direito, você lembra da saia jeans, da blusa preta com zíper. Do carrinho de pipocas na frente, da foto dele estampada em todas aquelas camisas e todos os pêsames que você deu e recebeu e mesmo assim, não queria acreditar.
O rapaz que morreu dessa tal doença de nome estranho aos 19 anos, morreu por falta de atendimento. Queria acordar daquele pesadelo que você implorava para que não fosse dogmático em nenhum segundo que fosse.
Em que mundo eu estou vivendo para perder um amigo jovem, que tem toda uma vida linda pela frente porque um bando de filho-da-puta não fez o que são pagos para fazer? Com o nosso próprio dinheiro? Eu não me conformo.
Malditas sejam determinadas unidades de emergência, eu quero que eles coloquem os dois Dorflex no cu! Quando alguém sofre de Arritimia, tem 19 anos e sente o coração acelerado demais, não se manda tomar Dorflex. Grita o endereço do rapaz e envia uma ambulância, é isso o que deve ser feito, foi isso o que não foi feito.
Mas depois disso tudo, vale ressaltar que não há dinheiro no mundo que tire as lembranças daqui de dentro, lembrar o semblante decepcionado do Renato, as mãos na cabeça e ele gritando “Jucy! E agora? Ele não merecia! Eu não mereço! Vida filha-da-puta!” e não dá pra esquecer seus braços que tremiam sem parar, enlaçados nos meus, e como ele sussurrava no meu ouvido quase sem voz “Ele vai ser meu amigo pra sempre! Ele ia buscar os patins, ele disse que ia buscar os patins. Ele não teve tempo. Jucy, eu não sei mais o que fazer.”
Poucos dias antes de Otávio morrer, eles combinaram de ele ir na casa de Renato buscar um par de patins para andar na praça.
O Renato ia dar esses patins para ele, algo do tipo. Ele dizia “Eu ia dar os patins pra ele!”
Não deu tempo.
E eu estava com o meu coração na mão, ele já não cabia aqui dento, tinha perdido seu lugar para a confusão que se passava aqui por dentro. Eu só sei que não sabia se chorava pela dor da perda, ou se me mantinha ali firme e forte servindo de porto seguro para o Renato, escolhi a segunda opção e sei que não errei.
Por mim, passaria o resto da noite abraçada com ele, ouvindo todas as suas reclamações e angústias cuspidas ao longo dos segundos e da noção de que tinha perdido um de seus melhores amigos. Um amigo em comum, um doce de pessoa. Agora, o meu anjo.
Então, enquanto todos se desmanchavam em arrependimentos, dúvidas, ressentimentos, saudades do lado de dentro, eu me sentei na calçada do lado de fora.
Sentei e fiquei esperando alguém vir correndo me dizer que era tudo mentira, fiquei esperando o câmera man aparecer e dizer “Pegadinha do Malandro!”, malditos, porque eles demoravam tanto?
Ainda não me apareceram por aqui.
Então fiquei lembrando de como havia recebido a notícia, estava no meio de uma viagem curta para um desses interiores de Alagoas, minha mãe resolve voltar pra casa, de repente.
Entrei, tirei os sapatos, e na televisão da sala estava passando o jogo do Brasil contra a Austrália na Copa do Brasil, era o dia 18 de junho de 2006, o jogo havia sido iniciado às 13:00, o Brasil ganhou o tal jogo com o placar de 2x0. Como eu lembro disso? Eu não sei.
Sei que no telefone minha amiga dizia que ele havia morrido e que eu precisava ir na casa dela, eu fui o caminho inteiro pensando e sem perceber o quanto eu me perdia nos capítulos daquele filme interminável que passava na minha cabeça. Eu estava, definitivamente, sem chão.
A presença dele me guiava para atravessar a rua, o sorriso dele ia iluminando tudo ao meu redor, era um clarão tão forte que todas as coisas que me cercavam iam sumindo com a intensidade de toda a claridade, e não é algo que eu tenha optado por exagerar, é só uma tentativa tardia de transformar o abstrato em concreto.
Se eu soubesse que aquela seria a última vez que iríamos nos ver, que aquela era a última vez que eu ia poder acariciar seus cabelos e segurar suas mãos tão doces e branquinhas, se eu soubesse que aquela era a última vez que eu ia poder dizer o quanto gostava dele e que se eu pudesse o veria todos os dias, eu teria simplesmente feito tudo isso, dado-lhe um beijo no rosto e dito “Meu anjo, vá em paz.”
E se eu soubesse que sentiria TANTO a falta dele, falta dos recados dele, das manias dele, da voz dele (muito da voz dele) e de tudo o que viesse dele, eu arriscaria um Eu te amo, e tenho certeza, que seria sincero.
Pois que sua alma descanse em paz, meu pedaço do céu.
E se por acaso, alguém perceber algumas palavras escorrendo por essa folha de papel, como lágrimas nostálgicas e de angústia.
É mera coincidência (ou não) .


"""Se pesos de areia caírem sobre mim.
Se lençóis de cimento, protegerem meu corpo.
Lembra-te! Não morri, estou vivendo cada vez mais.
Se abrires a porta do meu quarto e a cama estiver vazia, deita-te, estarei ao teu lado.
Não morri estou vivendo cada vez mais.
Se estiveres triste, lembra-te dos meus sorrisos.
Se sentires solidão, lembra-te da minha voz.
Se sentires tédio, lembra-te dos meus carinhos.
Se quiseres chorar, chores enxugarei tuas lágrimas com as mãos invisíveis que tenho agora.
Não morri, estou vivendo cada vez mais.
Se chamares por mim, te ouvirei.
Se quiseres me ver, olha-me, no velho retrato que guardas no álbum de recordações.
Para sentir-me, abraça-te ao travesseiro que outrora me adormeceu.
Ele tem o perfume das rosas, a maciez das plumas e o aconchego da paz.
Se por acaso quiseres esquecer-me, lembre-te apenas não morri, passei pela vida que fica para todos. Mesmo passando, lembra-te que fico, para ti serei eterno. """

sábado, 14 de junho de 2008

Tudo o que eu não contruí.



Eu não estava chateada, com nada.
Aliás, eu estava sim.
Na verdade, "chateada" é um termo até bem delicado, prefiro "Eu estava puta mesmo!".
Termos vulgares descrevem com mais simplicidade, desculpa.
Bem, estava puta porque estou de saco cheio dessa porra de efeito estufa, não se pode mais usar uma roupa mais composta que o calor lhe derrete até os neurônios. De saco cheio dessa gente mesquinha, acostumada a trocar uma tarde de leitura por uma tarde inútil fazendo compras e falando da vida alheia.
Estou puta porque não suporto mais olhar para todos os lados e ver o mundo desmoronando, ver pessoas caindo e ver que quem tem mais dinheiro comanda os mais necessitados. Isso é ridículo.
Eu não quero mais ter que me apaixonar e me desapaixonar em seguida, não quero mais ter que aceitar certas coisas como elas são só porque os mundanos são medrosos demais para dar um basta, para encarar de frente os problemas sociais e não-sociais.
Não foi esse o futuro que eu construí quando eu era criança, não é esse e nem pior que esse o futuro que eu quero que meus filhos vivam.
Quero construir algo bom para eles, para os filhos das outras pessoas, para os filhos dos soldados que estão em guerra matando e morrendo para tentar colocar o mundo de volta no eixo, vidas tiradas e nada de resultado.
Estou puta com a minha burrice, e mais puta ainda coma burrice de todos vocês.
Eu não quero mais tantos gritos, quero diálogos.
Não quero mais tanto inferno, quero paz.
Não quero mais uma mera atração ou paixão de fim de semana, quero uma mor de verdade que mec conte uma piada, me abrace, me diga que vai dar tudo certo e no fim das contas, me ame de verdade. De verdade.
Pronto, falei.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sport.


"Somos um bando de loucos, rindo de ti Corinthians."

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sua ausência me irrita.


Não que eu sinta a sua falta, mas você bem que poderia me ligar uma vez, ou outra.
Poderia vir me ver e aliviar toda essa dor que eu carrego dentro do coração, orgulho ferido, para ser mais exata.
E também esse sentimento lacônico que invade minha vontade imensa de gritar e de dormir ao mesmo tempo, viver num sono eterno, e que berro nenhum atrapalhe meu descanso.
Você bem que poderia parar de esperar por mim, parar de deixar o tempo resolver o que não é do interesse dele, você bem sabe que ele é traiçoeiro. E me derruba o tempo inteiro, jurando que eu não sei me levantar.
Mas desta vez estou tão cansada, passei a noite inteira me torturando para saber se eu estava errada, para ser honesta e descobrir quem finalmente tem razão nisso tudo, e não cheguei em resultado algum, nenhuma conclusão. Apenas me convencí e resultei que não quero mais ter que abrir os olhos e ver que você não está mais comigo, em nenhum lugar ao meu redor, para ser bem sensata, prudente. Terei que manter esse equilíbrio aborrecido por não querer mais demonstrar saudade, esta que me tortura por dentro. Você está longe, tão longe que meus olhos nem sequer podem alcançar.
Eu só queria te contar que meu time venceu na noite passada, que nos próximos dias ou semanas eu pego o roteiro e as falas para a peça do final do ano. Aprendi a dançar uma dança escrota. Queria dizer que queimei minha testa e está ardendo até agora, que comi pão de mel e lembrei dos Bananas de Pijamas e que eu infelizmente não consigo parar de pensar em você desde da última vez que trocamos o tal do “Adeus” que eu jurei ser para sempre, mesmo que com os dedos cruzados, torcendo para que seja só até amanhã de manhã.
Você, para ser bem rude e sincera simultaneamente, não é absolutamente nada do que eu pensei que fosse, do que eu sonhei que você seria um dia.
Você não é nada daquilo que eu acreditei ser e me esforcei ao máximo para não me apegar.
Não foi tão difícil. E mesmo assim, ainda sinto a sua falta e sinto mais a sua frieza, sua arrogância. Você ativa a minha Gastrite.
No mais, foi um prazer ter lhe conhecido, ou “conhecido”, para ser um pouquinho mais arrogante que você.
E desculpa nunca ter acreditado nas juras de amor, é que... Eu já estou tão acostumada com pessoas como você, elas sempre me machucam, e com você não tinha como ser diferente. A estupidez em pessoa.
Eu gostaria de não sentir sua falta, de não querer de repente te encontrar em qualquer lugar, te abraçar e nunca mais te deixar ir embora, nunca mais.
Mas é esforço demais por você. E você não vale a pena.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Uff.

Quem é você na noite?Hã? Gatan.
Hahaha. Você não é ninguém, amor.

domingo, 8 de junho de 2008

Significado de vida

"Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a VIDA é MUITO para ser insignificante.”


"Vi.da s.f.(a) 1. Estado ou condição característica de um organismo vivo. 2. Conjunto dos organismos vivos. 3. Intervalo de tempo entre o nascimento e a morte. 4.Seres vivos. 5.Vitalidade. 6.Expressividade, vigor. --> vital adj. ºAntônimo.(1): Morte."


Portanto, não me olhem estranho quando eu estiver dançando dce olhos fechados no meio do salão, ou cantando alto no meu quarto, com o controle remoto na mão.
Eu só não quero perder meu intervalo, é sempre curto e quase não dá tempo de fazer o que eu quero.
Não olhem estranho quando eu chegar e perceber que o tom do meu cabelo é diferente dos demais, que sou distinta dos "normais", não quero ser um deles, eles não são felizes.
Não estranhem quando eu fixar os olhos na imagem do Alex deLarge na tevê, quando sangue, morte e tristeza me trouxerem brilho para os olhos.
Também não achem esquisito quando chegarem aqui em casa numa tarde qualquer e eu estiver tomando uma xícara de café, fumando um cigarro, ouvindo música clássica e lendo um livro ou escrevendo um livro. Eu sou feliz assim, e gosto muito disso tudo.
Gosto de apreciar o sol se pondo, a primeira palavra do garotinho, analisar cada um.
Estudar as pessoas, sentar num banco e observar as pessoas serem.
A vida significa muito e cada um deve vivê-la da maneira que achar melhor, da maneira que quiser porque cada um tem a sua justamente para isso, para fazer dela o que bem entender.
E eu faço, portanto, não se intrometam.
Agora, por favor, me dêem licença.
Estou afim de ser feliz.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Miss Mag.


Eu chego em casa, já é tarde. E ela dorme como um anjo, um anjo com mãos já velhas e cansadas. Eu queria poder me deitar ao seu lado, me enrolar com o mesmo edredom e ser acordada na manhã seguinte com ela sussurrando no meu ouvido que já está tarde.
Mas já estou aos 18, e ela está aos 44.
E em sua mente, é muito provável que eu ainda tenha 12 anos. Vã ilusão, mãe.
Eu saio de casa nos fins de semana, vou voltar tarde. E a vejo segurando nas mãos o coração que ela carrega no peito, me diz para ter cuidado, olhar para os lados e não beber nada que pessoas desconhecidas me ofereçam. Não tenho mais 14 anos e já aprendi a dirigir.
Eu a amo.
Com ela planejei tantos anos futuros, tantas viagens para algum lugar com neve e chocolate quente e agora, onde esses anos foram parar?
Passaram tão rápido que eu já nem sei mais onde procurar, sumiram.
E vez ou outra eu encontro a porta do quarto dela entreaberta, e ela está deitada na cama lendo um livro ou chorando uma saudade. E eu gostaria muito de entrar e oferecer um chá com rosquinhas, cairia bem numa noite fria. Mas eu fico cinco minutos no mesmo dilema e descubro que sou tímida, tenho vergonha até de dizer que a amo. E ela não é uma estranha para mim, ela nunca foi. Ela é minha mãe, porra.
E além do mais, ela tentou me salvar o tempo todo. Mas não deu certo.
Tentou me proteger das guerras nas ruas, das guerras em casa, me ensinou a fugir do amor e da solidão. Eu preferiria não ter seguido os conselhos que ela me deu, corri tanto do amor que quando ele me pegou eu já não tinha pernas para correr mais, nem força para lutar brutalmente. Foi um erro, o erro mais doce que já pude cometer.
Miss Mag, seria inevitável. Na adolescência até os pseudo-amores nos perturbam, o que dirá daqueles que cravam uma estaca no peito e se prendem à ela? Nunca mais vão embora, e a tristeza vai ficar para sempre presa nas suas artérias, vai estar sempre bombeando o sangue para o seu coração.
E essa é a minha juventude, a vida que eu quis ter para mim. Esses são os amigos que eu sempre pedi e aqueles são os sonhos que eu vou tentar alcançar, e não há pernas cansadas que me impeçam de chegar a tempo.
Essa é minha amargura, a mesma que me fazia chorar durante a noite e você fingia que não via para não atrapalhar meu momento pessoal, tormento pessoal. Seu silêncio me apertava o pescoço, e hoje vejo que foi a melhor opção ter me deixado ali sofrer sozinha, graças a isso eu sobrevivi. Sobrevivi e me protegi do mundo cheio de garras afiadas querendo me capturar, como uma fera captura uma presa. Não capturou, deu certo.
E também consegui fugir do mundo tenebroso que tentava me sugar aos poucos, a partir de dentro, do coração. Fugi sim, já deveria estar acostumada com todo aquele redemoinho de falsidades e traições, mas é errado se acostumar a isso. Fugi mesmo, desse mundo grotesco e sinistro que eu não agüento mais nem sequer ouvir falar.
Desculpa, Miss Mag. Mas eu já jantei esta noite e amanhã não poderemos almoçar juntas porque tenho outras coisas para fazer.
Eu sou sempre tão ausente, e você tão mais ausente e duas ausências acabam editando um vazio. Mesclando o tal vazio numa amargura sem fim, sem cheiro.
E eu o amava de verdade, foi difícil dizer isso. Você que passou tanto tempo me dizendo que era só um namoro de juventude, tenta me explicar essa dor que eu sinto quando lembro que eu e ele nunca mais seremos nós.
Mas eu aprendi a ser forte, aprendi e não vou fraquejar agora, então... Sem demonstrações de afeto da minha parte, por favor. Obrigada.
Não, mãe. Eu não vou lhe deixar, nem quando eu acordar e abrir a janela e ver que estou finalmente em paz. Terei que dividir com você ou não serei inteiramente feliz, sem você eu nunca vou ser feliz. Você carrega a porção de felicidade no meu almoço, o detalhe de felicidade na minha pintura.
E eu carrego para dentro de mim todo o mal que possa lhe atingir e possa tirar a sua paciência do lugar, e isso faz de mim uma menina má, por ter tanta maldade acumulada da cabeça aos pés. Uma moça malvada que passa a tarde escrevendo para não ter que descontar a dor em ninguém. Em ninguém.
E você não fez nada para merecer alguém como eu para ocupar o lugar de filha do meio, pelo contrário, você merecia um anjo no meu lugar. Do tipo de anjo doce que não enjoa, mas ocorreu uma desavença e cá estou eu, dizendo que te amo por escrito, por ser fraca a ponto de não conseguir falar.
Eu te amo.
Te amo a ponto de deixar você por aqui e sair por aí à procura de outros horizontes, outros caminhos diferentes do que você construiu para mim. Não quero isso para mim, quero construir sozinha.
Te amo a ponto de entender que para você eu só mais um erro, e que todos os meus defeitos não têm nada a ver com genética, eu vim só para lhe fazer pagar pelos seus erros, pecados do passado.
Você poderia ser mais simpática às vezes, eu não pedi para nascer. Não mesmo.
Eu não queria ser uma decepção para você, queria poder lhe fazer rir o tempo inteiro e saber temperar o camarão que lhe faz lamber os dedos, mas eu estou sempre tão ausente, estou o tempo todo num mundinho paralelo, seja ele bom ou ruim, eu só nunca estou ali.
Nunca estou para fechar o zíper de trás do seu vestido preto, nem para lhe abraçar e dizer que sinto saudades suas o tempo todo. O tempo todo.
Você é uma pessoa incrível, e não há nada e nem ninguém que eu ame mais do que amo a você.
E um dia eu vou embora, mãe.
Vou embora para um lugar que eu possa andar nas ruas sem querer desistir de tudo, vou tentar fugir das bombas, do mal olhado e dos maliciosos. Eu só quero estar longe porque eu não suporto mais seu semblante de decepção o tempo inteiro que eu me aproximo. Eu quero estar longe porque eu não agüento mais lhe fazer chorar de preocupação por não saber onde eu estive a noite inteira, embora eu não estivesse fazendo nada demais.
Para mim já chega, isso tudo é o bastante.
Eu quero ir embora porque eu não quero mais que você também me veja chorar, e não quero mais atrapalhar seus planos e nem lhe fazer perder a partida do jogo que você já está viciada a jogar.
Eu quero ir embora porque eu não consigo mais viver presa a um passado tão próximo, presa a tantos erros e tropeços.
Quero ir embora porque não suporto mais a angústia servida no meu prato de café da manhã e dormindo ao meu lado na minha cama tão pequena. Não suporto mais ver você triste e saber que grande parte da tristeza que esses olhinhos misericordiosos carregam, é minha. Muito minha.
Quando eu for embora, eu quero te ver usando a roupa que você mais gostar e o sorriso mais bonito.
Eu sei que eu nunca mais vou voltar.
Quero que fique na memória o brilho dos seus olhos, o calor do seu abraço, sua voz sempre tão linda e sempre tão doce.
Quero te levar comigo e te deixar aqui ao mesmo tempo, eu não sei viver sem você e não quero nunca aprender.
Eu não quero lhe dizer Adeus, nem lhe deixar para sempre. Na verdade, eu vou estar sempre quando você precisar. Eu só não quero atrapalhar quando você não precisar de alguém lhe atormentando o juízo.
Quero lhe deixar sobre a cama um buquê de rosas vermelhas e outro com flores do campo, jasmins, margaridas, orquídeas, lírios lindos e uma fita vermelha prendendo uma a outra.
Quero deixar um quadro pintado, um livro fechado, um filme ligado e um “eu te amo” sincero.
Eu nunca imaginei que ir embora doesse tanto, não quero nem pensar se você for embora antes de mim. Nunca vá.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sob terra.

Eis a ruptura da minha eterna aliança
O templo sagrado desfeito diante dos olhos de mel
Me afogue no seu pranto
Vamos, me afogue nesse pranto imundo
E me acolha com esse manto encharcado de sangue oriundo
Também imundo, imundo.
Rompa as minhas vísceras
Meu amor agora morto, enforcado por poucas palavras
Meu cansaço,minha falta de ar
Rompa a minha dor como rompeu minhas esperanças
As poucas que me restaram.
Desgaste a desgraça que me afaga antes de dormir
O tempo inteiro que penso em você
Ou apenas o tempo inteiro, sem você.
Eis a ruptura da minha racionalidade
Do meu senso de realidade
Do meu bem estar
Jogue em mim essa terra adubada
Deixe crescer em mim rosas
Que ao menos essas possam viver para sempre
Enquanto você, meu anjo caído
Pode viver sua vida curta ao lado do outro homem
Na qual você se apaixonou
Mas a ti, meu amor será eterno.

domingo, 1 de junho de 2008

Combustível de destruição


A última noite tinha tudo para dar certo, mas sempre tem que aparecer alguns motivos para dar errado, ou só um: Você.
Mas dessa vez não foi possível, ela foi estranhamente excepcional.
Embora, por outro lado, eu tenha descoberto da pior maneira que eu sinto a sua falta mais que tudo nesse mundo, que só em ver você eu vejo um filme passar na minha cabeça e querendo ou não o meu olhar vai seguindo seus passos. Cada coisa certa e principalmente errada que você faz.
Você tinha que estar lá? Você tinha que estar lá!
E nessa última noite, eu gostaria que aquele recipiente estivesse cheio até o gargalo de hipocrisia, a sua. E que você o tivesse cheirado inteiro numa puxada só e que ela entalasse na sua garganta e lhe fizesse sufocar por alguns segundos, tempo o suficiente para você rever seus conceitos de quem é idiota por aqui.
Descobri da pior maneira que você ainda está em mim, que por mais que a minha atenção esteja desviada para N coisas, se eu passo a qualquer hora, eu olho para a janela do seu quarto e me pergunto se você já está dormindo ou se você ainda está no mundo fazendo as coisas erradas e atrocidades que você bem sabe fazer.
Eu gostaria de lhe ver e não lhe olhar, de lhe ouvir e nem escutar.
Gostaria de não prestar atenção em você nem por um momento, não fotografar você, tirar você do pensamento.
Mas você me fez o favor, o grande favor de me roubar mais uma noite.
E eu ficava lá pisando no orgulho, sentando na agonia e tentando não demonstrar nenhuma desavença, mas sempre esperando você chegar.
Você nunca chegava, e um dia eu vou me acostumar.
Me acostumar com você, com o dom que você tem de não me querer, de me esquecer. Enquanto tudo o que eu quero é apenas não lembrar de você, por qualquer tempo que seja o suficiente para eu respirar fundo e procurar uma direção para correr e nunca mais voltar.
E eis aqui a minha aflição, por lhe demonstrar tanta afeição e ser tudo em vão de um jeito tão vulgar, tão desprezível.
Eis aí a minha dependência, meu combustível para caminhar o dia inteiro, sorrir em pequenas partes dele e morrer em todas as outras.
Eis aqui meu sofrimento também, distribuído por todos os cantos da cidade, em cada passo dado, cada sorriso forçado e cada dança criada para descontrair quem estava cabisbaixo, olhando para o chão a procura de um buraco para se enfiar. Coisa que também caberia a mim fazer, mas eu preciso enriquecer meu espírito.
O sofrimento desfragmentado e que nunca se regenera, impermeável, inevitável e que um dia foi incontrolável, mas finalmente conseguiu ser controlado.
E nisso tudo, só há uma coisa que me incomoda: Saber que depois de 20 de março desse mesmo ano, você não é mais o rapaz que era quando me abraçava, você desceu no seu nível.
E só uma outra coisa me conforta: Saber que tudo isso me deu uma lição de vida que eu serei obrigada a carregar nas costas e que eu tentei lhe ganhar dentro das regras, joguei limpo.
E é terrível esse ar de tragédia quando a noite acaba, aquela vontade de descer do carro, sair correndo na sua direção e de repente dizer que perdeu o ar e esqueceu o que ia dizer, mas que talvez um abraço não faça mal.
Abraçar morrendo de vergonha e deixá-lo sem reação alguma, sair correndo novamente, entrar no carro e morrer lentamente no banco de trás.
"Morrer lentamente no banco de trás", eu faço tanto isso que já não agüento mais.
São nessas horas que eu queria ser uma criança, uma pequena criança indefesa, sem malícia, sem maldade.
Eu ia poder lhe abraçar o tempo inteiro e você ia retribuir, ia segurar minha mãozinha, alisar os meus cabelos e eu não ia desejar você com desejos maldosos e sadios, não sádicos.
Eu queria ser uma criança, na verdade, porque assim eu teria mais tempo de sumir de você, e principalmente de você sumir de mim.
Mas não sou, então tenho que me acostumar com essa busca interminável pela luz que você me roubou, e me acostumar principalmente com essa cegueira que me dá quando abro os olhos e está tudo no mesmo pardo. E o desejo não concreto que eu tenho o tempo inteiro de não lhe querer, não querer lhe ver. Mas eu lhe vejo onde for, até mesmo no tal pardo.
Contudo, foi uma graça ter-lhe visto na noite passada, deu alegria às minhas mágoas e mais vida à minha nostalgia e sem isso, eu pouco posso escrever.