quarta-feira, 12 de outubro de 2011

 
  Às vezes eu fico procurando umas frases prontas para tentar te atingir - como a adolescente faz para tentar abraçar de alguma forma a pessoa que ama-, esquecendo que as vezes que consegui foi olhando para você e sendo sincera. Embora você depois não tenha dado a menor importância e agido como se quem mandasse nisso tudo fosse você e como se realmente não se importasse mais nem um pouco sequer. Seus olhos de desprezo e suas costas me dizendo adeus foram responsáveis por alguns estragos aqui dentro. 
  Pois bem, é esquisito quando algumas coisas passam a tomar rumos que não deveriam tomar, mas que apenas não dá para modificar mais nada e se der a gente acaba deixando ir assim como queira, no caminho errado, se equilibrando em linhas tortas achando que se ficar pior do que está é porque nos fará um pouco mais fortes. E faz, pior que depois que a dor passa e o peito começa a afrouxar um pouco, a gente vê que de alguma maneira fez a gente mais forte.
  Eu não quero mais isso para mim, eu até gostaria de ter você para mim, mas não esse seu novo “eu”. Eu queria o velho, que me fazia surpresas, me ligava na madrugada para dar boa noite e me trazia bombom no meio do dia. Como quem não quer nada, como quem está de passagem e tem uma brilhante idéia “Ah, vou ali levar um bombom para a moça bobinha que passa o dia no sofá esperando uma atitude bonita’’. Esse eu queria para mim. Que saía de casa a qualquer hora porque sentia saudades, que mandava recados, mandava cartões, dizia coisas bonitas ou nem dizia nada, só me olhava de um jeito diferente. As pessoas têm mania de dizer “é que no começo é assim”, mas quando passa a não ser mais é porque acaba, porque chega no fim que no início parecia tão distante e que de repente já está li, apertando sua garganta e te obrigando a largar tudo e voltar a sua vida medíocre e só. Com um café já frio, um jornal da semana passada e a tevê ligada em um canal que você nem vê.
  É isso o que a vida faz. Ela te dá oportunidades, te dá presentes e perseverança e de repente tira tudo de uma só vez, em uma luvada só. Então você cai, se machuca, cansa. Mas cabe a você se levantar e começar tudo outra vez ou ficar ali esperando que a mesma mão que te derrubou, te levante. E acredite, isso quase nunca acontece.