segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ela teve um dia ruim e precisava de um drink. Aí te conheceu. Percebeu que teve meses ruins e precisava de um você.
Mas ela não sabia mais fazer isso. Tentou te beber num golo só. Engasgou. Morreu afogada no próprio vômito.
De toda forma acredita que algumas coisas podem mudar com o tempo. Não mudam não. Facilmente se encanta pelos olhos castanhos de um abraço cheio de segundas intenções e um baseado que você nem pretende fumar.
- Fazia tempo que eu não me sentia assim - pensou.
- Coloque o cinto que nós vamos voar - falou.
Dava para tentar de ser engraçada quando não se cabe, mas, certamente, era só para fingir que não se importava com o corte novo e o perfume que exalava cada vez que ele sorria.
Algumas coisas não podem ser assim para sempre.
- Você mora na rua do pecado. Na rua dos princípios feridos. Mora no bairro onde meus conceitos são dilacerados à balas. Não me permita descer nesse ponto se eu não puder ficar - pensou.
- Até amanhã - disse.
Sendo que ele permite sim. Lógico, ele não pensa em mais ninguém.

sábado, 18 de junho de 2016

A primeira promessa começa no vazo. Com a cabeça encostada e a boca ainda suja do vômito das palavras que você por muito tempo não podia falar. Mentira que nunca mais vai beber. Você vai. Vai encher sua cara e acabar no meio fio da sua esquina achando que seu quarto foi levado pro Japão. Depois descobre que se você se arrastar mais um pouco o Japão é bem ali e vai lhe acolher no tapete do banheiro com desenho de patinhas de cachorrinho.
Depois da primeira promessa vai vir a primeira culpa. A de que você poderia ter feito algo diferente, mais uma vomitada e você sabe que poderia ter feito tudo diferente. TUDO DIFERENTE. Mas aí não seria você. Então agora além de vomitar você chora. Chora pelos olhos, pela boca, pelo coração.
Depois da promessa vem o primeiro desespero. Aquele de querer voltar o tempo e começar a mudança bem de lá do comecinho. Das coisas mais banais. Do brigadeiro que poderia ter evitado à palavra que não precisava ser pronunciada. E você pronunciou. A troco de nada. E no fim perdeu tudo.
Depois do desespero vem a primeira depressão. O chão frio proliferado por bactérias e a privada geladinha e dura parecem que são seu habitat natural. Você se sente um bosta. Não quer sair dali nunca mais porque você sente como se ali fosse exatamente o seu lugar. O lugar dos dejetos.
Depois da primeira depressão virão todas as outras. Até que você entende, embora JAMAIS aceite, que "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia". E depois de tantas outras depressões elas vão continuar vindo como se você fosse a privada e elas os dejetos e em sua mente e seu corpo fadigados elas vão fazer seu habitat natural.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Preciso parar de citar o cu. Que feio pra uma mocinha. :]
Ainda sendo meio da semana, o vinho tinto, barato, de mesa, gelado, acompanhou. Sentou naquele banco sujo e molhado e esperou. Ela sempre espera alguém, nunca ninguém chega. Milhões de ônibus levavam e traziam pessoas que nunca lhe chegavam. Os faróis passavam, encadeavam, paravam em cima da faixa de pedestres, na ciclovia, furavam o sinal. Cadê? Ninguém. Não ele. Buzinas ainda que já fosse tarde, os faróis novamente, mais e mais, ninguém. Acendeu um cigarro, depois outro, então mais um, e continuava dizendo que estava parando de fumar. Mentia para si mesmo porque a realidade já era filhadaputa demais pra não ser capaz de largar um vício sujo desses.
Apagaram as luzes, escureceu noite adentro. Vinho tinto, morgado, numa noite morgada, dois comprimidos de Diazepam e o sono também não desceu naquele ponto. Perdeu o Corujão, fio.
Mesmo depois de adulta não sabia o que fazer com seus sentimentos, era sempre a vítima, ainda que estivesse ciente de todas as regras e formas que não mudam nunca. Algumas pessoas acreditam mesmo nas outras pessoas. E sua ansiedade era tamanha que vomitava, cantava com o couvert do bar ao lado. Dançava discretamente porque seu organismo inteiro estava morto em uma enorme porcentagem. O amor quando é maltratado, ele padece o corpo. Estava frágil.
A solidão fode com a consciência do ser humano.
Chegou alguém, do trabalho, reclamando de como o dia havia sido cansativo. O sereno podia refletir na lente dos seus óculos. Ofereceu um copo de vinho.
- Quer um pouco?
- Só um pouco, estou com dor de barriga.
Detalhes que não precisavam serem ditos, mas notara que algumas pessoas não se importavam tanto assim e ela podia fazer isso também. Não necessariamente se tratando de dar uma cagadinha, é claro.
A garrafa acabou tão rápido que nem deu tempo de esquentar. Perdeu o isqueiro e a pólvora ficava nos primeiros tragos do milésimo cigarro de quem está parando de fumar.
- Cuidado, seus pulmões.
- Estou doando. Todos eles, tudo isso aqui. (Apontou para si mesma) 
Havia cansado demais de tudo isso. Sentia até piedade dos que mais sofrem e pedia perdão a Deus por reclamar tanto da vida. Mas havia mesmo cansado demais de tudo isso. Tudo aquilo.
A noite virou dia e Diazepam virou Tic Tac. Não fazem mais remédios como antigamente.
Dormir era um desafio e não pensar em quem não podia era uma guerra sem fim. Havia sido escolhida. Nasceu mesmo para tomar no olho do cu. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

De todas as promessas e martírios no final ao alcançar não se sabia se era mesmo o que queria. Ou se sabia que não era aquilo que queria, que nada iria mudar.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Senti o cheiro do pecado, era um perfume pelo avesso, o cobertor sem aquecer ninguém. Saudade é sofrida demais para caber em um blog.
Aí deu a entender que estava tudo bem. Eram tantos risos que se penduravam no pau de selfie para iluminar o quarto inteiro. E iluminava, o mundo no abismo, mas aquela alegria iluminava o quarto inteiro. Porque ali havia amor. Havia amor pra caralho de forma unilateral. Parecia que estava tudo bem, mas na verdade naquele momento, alguém estava prestes a tomar no cu. 
Aos 24 se reconhece que não importa o que aconteça, você nunca vai ser auto-suficiente para o amor.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Porque não importa quantos terços você reze essa noite, o fracasso, o cansaço, o desespero, a solidão e a perda de tempo vão se agarrar Às suas pernas como se fossem cordas lhes tirando do abismo. E te colocando lá, bem antes, durante e depois de dormir.