domingo, 22 de fevereiro de 2009

Paciência de Jó.


São esses detalhes que estão me matando, esses detalhes quase invisíveis a olho nu. De onde ele está, com quem ele está, porque ele está, dói mais quando ele não está e me dói o tempo inteiro. Ele nunca está mesmo quando ainda está.
Mas essa noite a lua resolveu vir fazer as pazes comigo e com a minha solidão, jogou luz na minha janela e um vento forte derrubou as folhas secas no chão, agora eu tenho um cenário lindo, mas a lua não preenche minha alma. Mas quem se importa? Eu tenho um cenário lindo quando olha pela minha janela.
E depois que ele foi embora, nem o céu tem o mesmo tom de azul. Nem mais nada tem o mesmo tom de nada, até Beethoven se escondeu por trás das notas secretas.
Quem sabe a noite liberta algumas dores, saudades, ou até mesmo as tais notas que tanto almejo depois de tanto silêncio inútil, que só me traz uma intensa dor de cabeça.
Você sabe, são detalhes tão pequenos que me enforcam, milhões de detalhes tão pequenos que eu não quero nem pensar, nem pensar. Saudades, das maiores, até cobrir toda a visão do mundo.
Quem sabe se eu fosse um desenho abstrato, não amaria ninguém, mas também não sentiria dor.
Quem sabe se o mundo fosse vazio, o céu fosse sempre escuro, todas as rosas tivessem o mesmo perfume, talvez nada disso fosse verídico, talvez nada disso tirasse tanto o sono.
E nisso tudo, eu que arrume uma maneira mirabolante para alimentar a paciência, alimentar o silêncio que às vezes está mais gritante que certas dores quando dá aquele choque sinistro.
Haja amor.
Haja afago para suprir toda a necessidade imortal de olhar bem fundo nos olhos que mal me olham e ir embora sem nem me dar o trabalho de reverter um sentimento de culpa, eu sei que se for bem lentamente ou desesperadamente depressa eu sairei despercebida. Então pergunto: Para quê? Para quê isso tudo mesmo sabendo que nada do que eu faça vai chamar a atenção do lazarento? E se eu também sei que as leis que a vida descreveu para mim são outras e que por mais que eu insista nelas e persista em mudá-las, o final vai ser sempre (ou quase sempre) o que eu não desejei desde o início. Posso me conformar e usar a desculpa clichê dizendo que ao menos eu tentei, mas e daí? Vai ser sempre assim? Vou ter que sempre me conformar com o infeliz do “quase”? Ah, por favor, quem quase faz não marca ponto.
É sério, agora falando como se eu não tivesse mais nada para falar – para dar aquele tom de seriedade -, eu o amo, mas paciência é limitada, em todos os casos. E eu tenho muita, muita mesmo, estoques de estoques, mas um dia acaba, como a água no mundo.
Não que esteja acabando, mas precisa abusar? Custa ser mais maleável?
Algumas pessoas têm uma mania de substituição que até hoje eu não entendo e digo mais, até hoje eu não admito. Falem o que quiserem, pessoas são únicas. Diferente de uma peça, onde qualquer ator é substituível, é fato. Pode ser o melhor, mas é só uma dramatização, mas a vida real não tem ensaio não. Aqui, no mundo de cá, onde duendes não atravessam ruas, nem sai gênio de dentro de uma lâmpada supostamente mágica, as coisas são teoricamente e praticamente irreversíveis.
Portanto, é um conselho que eu tomo doses por dia e aconselho a todas as pessoas tomarem também: Ter cuidado. Cuidado com o que falam, com o que fazem, por onde andam, para onde olham, cuidado.
O futuro é incerto, a dúvida é cruel, e a decisão é complicada.
E nisso tudo, haja afazeres para me enganar entre um desespero secreto e outro. Haja força para poder suportar isso tudo nas costas, esse desejo inexplicável de abraçar aquele orgulhoso e nunca mais largar.
Hoje eu estava pensando que se fotografassem meu coração – já que isso já é possível graças aos cérebros avançados que criaram e colocaram um nome chato que eu não lembro no momento – em quantos pedaços ele já deve estar despedaçado? Quero dizer, será que ainda é possível contar ou será que de tantos pedaços tão pequenos acabou virando pó? Mas se virou - por via das dúvidas vou deixar logo sob aviso - leva naquela mesa que tem gente que quer cheirar. Adoram uma porcaria.

domingo, 15 de fevereiro de 2009


"Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Que a vida nos una.


Quero a droga de um infeliz qualquer que eu possa fazer feliz. Um homem que passou despercebido por mim por tanto tempo e de repente eu perceba, quero que ele me perceba também. Quero um estúpido que não minta para mim, que queira ter-me perto, mais perto. Que me ame. Que olhe no meu olho e diga o que a boca não consegue falar, o que o coração não descreve, quero que me faça sentir mulher e equilibre o tom da voz em uma discussão. E que esse mesmo cara nunca me troque por uma guitarra ou por um... Stradivarius.
Quero a droga de um homem que fique ao meu lado quando eu estiver prestes a cair no abismo e que espere do lado de fora quando eu precisar ficar sozinha, depois entre e me abrace, é isso o que eu quero.
Que dance melhor que eu e que me ensine a dançar, que faça rir mais do que eu e que não tenha medo de dizer que me ama. Quero um cretino que eu possa confiar, jogar cartas e não conseguir trapacear, quero um cretino que me dê atenção, me ligue poucas vezes ao dia, mas ligue.
Um homem que seja homem e que eu não tenha medo de perder para nenhum outro homem e nenhuma outra mulher. Quero que ele saiba me dizer Não e também saiba dizer Sim, que tenhamos choques de personalidade, cada um com a sua e tentando se adequar à outra. E que consigamos. Quero que ele tenha lido ao menos três livros na vida, saiba cantar qualquer música do Chico Buarque e quando ver um cd dele sobre minha cama não pergunte coçando o saco “Quem porra é esse escroto aí?”.
Ele deve ter caráter, deve medir as palavras, respeitar meus amigos, saber bem sobre a lenda de Tristão e Isolda e se não souber me deixar contar mesmo que ele nem queira saber. Se fumar que não fume Derby, se não, que respeite esse hábito. Se gostar de música que não seja reggae, mas se gostar do que eu não gosto, que tenha qualidades melhores que possam suprir esses “defeitos.” Quero que ele me respeite, converse comigo, olhe na minha cara quando quiser falar o que for, quero que ele saiba que eu odeio certas coisas e não as faça por pirraça para se divertir às minhas custas, que prefira o frio ao calor e que faça o favor de escolher um bom lugar para quando eu virar uma dose de Tequila, virar para ele e perguntar “Se você fosse uma casa, onde gostaria de ser construído?”. Falando em Tequila, quero um homem que saiba beber, que conheça seus limites e que saiba mais ainda quando deve ou não ultrapassá-los. E se não beber o álcool traiçoeiro de todos os finais de semana me fará um grande favor. E que ele me ame.
Eu quero a porcaria de um homem que me faça vê-lo com olhos mais doces, e não amargos como aprendi a olhar depois de certos homens que me passaram, quero ver que ele não é porcaria e isolar pedindo perdão aos deuses dentro das árvores.
Quero que esse desgraçado não me deixe ir embora se em uma tarde eu sem querer perder o juízo, quero que ele me segure pela mão, me faça ficar sem implorar, só com um abraço que eu queira sempre um pouco mais. Que ele vá comigo tomar sorvete e respeite meus Transtornos Obsessivos Compulsivos. Quero proteção, quero que quando ele me abrace eu sinta que o mundo inteiro pode tentar me atirar pedras e nenhuma vai me atingir.
Quero a porcaria de um homem que eu possa amar incondicionalmente, possa passar quatro, cincos dias, semanas distante e quando voltar ter certeza que os lábios serão sempre meus e de mais ninguém. Quero atenção, carinho, afago.
Não quero um homem que me diga o que devo e o que não devo fazer, quero que ele expresse opinião, conselhos que poderiam ser vendidos por preços altíssimos, quero um homem decidido.
Quero saber que nunca estarei sozinha, que aonde quer que eu esteja eu sei que em algum lugar do mundo terá alguém me esperando e que esse alguém seja ele, quero que ele seja meu sem sentimento de posse, e eu quero mais ainda o vice-versa.
Quero que ele saiba brincar e que saiba aceitar brincadeiras, se jogar futebol eu quero que faça um gol para mim e se tivermos um bebê eu quero que ele tenha necessidade de colocá-lo no braço e chamá-lo de filho (a). Eu quero um homem que possa ser um bom pai mesmo que decidamos não ter filhos e que me ame. Quero muito.
Eu quero a droga de um homem que não me faça querer voltar atrás, que não me faça querer desfazer todo esse bordado por ter decepções contínuas. Eu quero que ele se preocupe comigo, não me prenda, não me ignore, não me troque por ninguém e não esqueça ninguém por estar comigo.
Eu quero a droga de um homem que me faça viciar nele, nos beijos, presença, cheiro, carinho.
Se souber tocar violão, que toque músicas plausíveis, se souber tocar violino, que aprenda a tocar Bittersweet e se não puder, que toque qualquer canção que me faça sorrir de satisfação.
Quero que eu o chame e ele vá, e que quando me chamar eu não queira ficar.
Quero a droga de um homem que me ame de verdade e não que tenha que me amar, que não me deixe na mão, que fique comigo até altas horas fazendo porcaria nenhuma e não ache que foi uma noite perdida. Quero que ele goste da chuva, que saiba ver beleza em pequenas coisas e que tenha o ego em um nível considerável normal, comum. Quero que ele não tenha medo de arriscar, que ele saiba dar valor, quero que ele não arrume confusão, mas que imponha respeito, e eu quero muito mais o Et cetera e tal.
Um homem paciente, que traga flores. Que segure minha mão, que sinta saudades, que me deixe respirar, que me ame.
Que fique comigo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza até que a morte nos separe.
Quero que ele saiba insistir sem me deixar sem graça e saiba a hora de parar, quero que ele pense em mim, tenha seu orgulho, mas que não deixe isso tomar conta dele, quero a desgraça de um homem que eu tenha medo de nunca mais abraçar e nem ouvir a voz singela falando qualquer coisa em meu ouvido.
Quero um infeliz qualquer que eu veja e tenha a necessidade de agradecer a deus por tê-lo posto em minha vida, quero tomar café ao lado dele, dividir o jornal com ele, jogar Poker com ele, dormir e mais ainda acordar com ele. Quero ter um desses que eu não queira olhar para nenhum outro, por ele ser tudo o que eu preciso. Um homem quase perfeito aos meus olhos e que seus defeitos sejam efeitos na luz do dia e condições na luz da lua. Quero um homem espontâneo.
Eu quero um homem que saiba a sutil diferença entre o mundo real e a fantasia, que tenha as porcarias dos pés no chão.
Eu quero alguém que me faça sentir querida, que peça desculpas quando necessário e que tenha paciência para virar a noite montando quebra-cabeças na sala comigo.
Quero a droga de um homem que tenha medo de me perder, que não fale pelos cotovelos, que prenda a minha atenção e que me faça apaixonar por ele cada dia um pouco mais, que possa descobrir nele cada dia uma coisa nova.
Um que seja diferente daquele, muito parecido com você, mas que dessa vez seja meu.
Eu quero a droga de um homem que não existe, um homem que não existe.
Então depois de tanto, eu que posicione meus pés no chão.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

E como alguém falou uma vez, talvez eu não esteja partindo, talvez eu esteja voltando para casa.

Esparadrapo =]

Pois é, tem esparadrapo que não gruda, mas também tem esparadrapo que não sai.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Contando-lhe em fatias


Eu passo a noite inteira te seguindo com o olhar, por achar que para qualquer lugar que você vá será sempre longe demais, e fico cada vez mais atenciosa, sem pestanejar e sem nenhuma lágrima cair. Fixação, está sempre longe demais.
Na cadeira ao lado, na rua ao lado, na cidade ao lado, sempre ao lado, na minha frente, dentro do meu coração, não, não está mais tão longe demais. Mas eu vejo, eu presto atenção em cada passo, cada riso, cada abraço, eu preciso. Um tempo, um pedaço de afeição jogado na minha cara, uma maneira de ir embora sem ficar. Qualquer maneira para que eu consiga ir embora sem ficar.
Quero passar milhões de noites te perdendo em meus braços, te prendendo em meus laços, velando o seu sono, o suor que em ti escorre, o cinismo no sorriso mais singelo de criança, nas manias amáveis, quero amar seu penteado, sua maneira de falar, de admitir certas coisas e principalmente de negar.
Está na hora de parar de fingir que eu não te amo.
Olha, quando eu esbarrei contigo e derrubei sem querer o licor de menta que estava tirando o seu juízo do lugar e toquei seu ombro para pedir perdão, eu não vi mais nada e nem ninguém além de nós dois, depois de poucos segundos - que mais me pareciam a eternidade - eu vi meu coração cair no chão e toda aquela multidão pisoteá-lo, perto do fim da festa eu o reencontrei. Bem no meio do salão, – não, ninguém se importou - estraçalhado, aos pedaços, completamente moído. Acendi meu cigarro com um isqueiro bonito e que tinha a chama verde e curta, ardeu meus olhos. Uma ardência que doía a alma, como quando eu vi de longe meu primeiro amor partir, sem nem deixar rastros – eu lembro muito bem, eu tinha quatorze anos hahaha Mas foi. - Peguei o coração com uma das mãos e não sabia mais o que fazer com ele, restos mortais de um coração vazio. O salão ainda estava cheio de gente, o calor humano já estava tirando o fôlego. Fui para o bar, o maior e com menos gente junta, no primeiro andar. No bar de cima tinha um cinzeiro charmoso, eu deveria ser só mais uma garota confusa usufruindo do vidro bem polido, tentando transformar tristeza em cinzas. Posicionei o cigarro no cinzeiro e pedi mais uma taça, - com duas cerejas desta vez – pensei, bebi, pensei, bebi, bebi, bebi, pensei e você esbarrou em mim sem querer, e derrubou o resto de Martini que ainda deixava cheiro na minha taça e passou a deixar cheiro no meu decote. E de tanto medo que deixasse deslizar e perdesse meu coração de uma vez por todas, eu o segurei como não pensei que poderia e você falou – dando-me um guardanapo encontrado por ali - “Perdão...”, eu respondi com um sorriso sem graça e raivoso, mas quando encarei seus olhos castanhos que mais pareciam o anoitecer mais lindo, eu percebi que tudo o que eu não queria perder estava ali, diante de mim.
E desde então eu quero te trazer mais para perto antes que o futuro tão incerto afogue meus não dias e meses do calendário, lendário calendário sem datas, sem dias, sem feriados, sem nada, lendário calendário vazio, tão vazio quanto o coração citado lá no início. Eu quero poder nunca te perder de vista, nem te perder de qualquer maneira que se pense, que se possa, que se tenha e da maneira mais difícil, da maneira que não tenha. Eu não quero ter-te construído em projeção em meu sonho, quero tocar você enquanto ainda estiver deitado no lado esquerdo da cama e ter certeza que quando eu acordar pela manhã com o sol na minha cara você ainda vai estar lá, e vai passar a ficar lá com freqüência, por desejo próprio, por querer ficar, por não querer mais ir. Quero saber mais sobre seus desejos, ambições, vontades, até onde você consegue chegar com toda essa lábia. Quero saber se você tem medo do escuro, se tem medo do absurdo, da força surda, se tem medo do que não pode ver, de magia, de candomblé, de gente viva ou de gente morta. Quero saber sobre o cheiro que não larga seus lençóis quando você acorda, se ele também vai impregnar nos meus, nos nossos. Saber sobre o tempo perdido, sobre tantas coisas mais.
Tem poucos anos de idade quando compara com o mundo, é menino, bem menino, nem sabe ainda o que é amar. Tem medo - na verdade - de ser fraco demais para isso, mas rapaz, a vida é complicada e não podemos desviar das coisas boas por ter medo das conseqüências, a gente aprende a amar e a sobreviver simultaneamente. Eu estou aprendendo, e você ainda nem entrou em meu quarto.
E eu prefiro te ter mais perto, te ver mais perto, mas não mais te ver enlaçando os dedos em outros dedos mais frios, nem quero te sentir tão perto com um cheiro de perfume que não é meu, eu não quero mais te ver beijando outras bocas infames, abraçando um espaço cheio de nada, que no dia seguinte nem saberá onde encontrou e nem qual nome ganhou quando nasceu. Eu quero te tirar do abismo emocional, te mostrar que a vida é muito além de momentos que nunca deixarão saudades, valiosas saudades, das mais plausíveis saudades.
Ainda quero te ter por perto, mas não mais tão perto a ponto de ter que suportar ao reparar seus olhos encarando outros olhos vis e que também não sabem amar. Quero te ter mais perto quando você também quiser ficar mais perto de mim, respirar comigo, ficar comigo até sabe-se lá quando.
A vida é engraçada mesmo, vai e volta e sempre esquece as lembranças na minha porta.
Mas se você quiser entrar, eu faço questão, será sempre bem vindo, meu amor.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Uma coisa eu digo: Selton Melo e Wagner Moura poderiam dominar o mundo. O MUNDO!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

São ócios do ofício.