quinta-feira, 26 de março de 2009

Queria eu entrar nessa canoa e velejar até enlouquecer , até morrer .



Bramalho, eu te amo.
Du, eu te amo.

terça-feira, 24 de março de 2009

""

"Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida."

domingo, 22 de março de 2009

Simpatia custa caro.


Bom dia, Boa tarde, Boa noite. Pode entrar, Como vai? Um abraço, um beijo, um aperto de mão, um sorriso de lado, um disfarce na cólica, uma conversa agradável, um carisma esborrando dos copos, molhando a toalha de mesa. Mais molho tarê, um recipiente pequeno para uma porção de gergelim.
Venha conosco, conte mais estórias, você é engraçado. Diálogos, mentiras que eu senti, um cheiro bom passou por mim, era você.
Eles me ensinaram a falar com quem conheço, não passar despercebido. Disseram-me para falar menos palavrão, ser mais simpática (Sem saber que eu sempre fui). O Bramalho quase me engole quando eu sou fria e inconstante, o Dudo fala no pé do ouvido que eu fui um pouco rude e eu resolvo ceder.
Uma ligação para cantar aquela música brega e engraçadíssima, e uns risos que nem eu e nem você consegue controlar, você é boa companhia.
- Chama o rapazinho para sair com a gente.
Não beba muito, tentar ir, chega cedo, cadê você? Não agite antes de usar.
Uma partida de Damas e em cinco minutos você ganha, elogios na medida do possível, só para não falar o contrário. Vem cá, dá um abraço. Nunca presta atenção no que eu falo, mas depois pergunta tudo de novo, eu nem canso.

- Tem visto o rapazinho?
Não suma por um ano novamente, Gordinho, Gordinho. Está fazendo o quê? Por que você demora tanto? Muito tempo e tenho tão poucas estórias para contar.
Açaí me lembra você, Mercury me lembra você, Pantera me lembra você, uma presença que eu não sei de onde vem, me lembra você e a ausência também. E de repente não quero mais saber do rapazinho.
Eu não vim para dar sermão, mas eu vim para dizer que algumas pessoas por maiores que sejam fisicamente não podem se deixar enganar, o ego também pode as engolir. Algumas pessoas só querem ser agradáveis e outras nem se esforçam, apenas são assim mesmo. Não é sinônimo de paixão não, é sinônimo de carisma, de afeição.
Você é lindo, tem seu charme, sua inteligência no lugar, socializa-se bem, fala demais (não que eu ache ruim). Você me faz rir (e disso você sabe muito bem), eu gosto mesmo de você, mas vamos medir esse verbo ‘gostar’. Eu até seria rude (não com a intenção de te atingir) e diria “você não faz o meu tipo”, mas acho que com esse ego todo, você não faz o tipo de ninguém.
Numa boa, sem rancor, você é um cara incrível e estamos todos aí. Qualquer coisa é só ligar e nem se preocupe, Simpatia, eu não vou me apaixonar por você. Hahaha.
Sério, escreve um poema com a sua imaginação fértil, que tal "o dia em que pensei que todas estavam a meus pés". Desculpa, peguei pesado.

Mas é, meu anjo, algumas pessoas podem simplesmente gostar de você sem nenhum interesse sexual, e advinha, você é tão agradável que eu até poderia ser uma das que tanto te querem, não das que não te conhecem e te querem apenas por querer. Mas talvez eu viesse a querer te ter mais perto de vez em quando, de vez em nunca... Eu te quero mais perto de vez em quando, de vez em nunca, mas sem a malícia. Não sou uma das que escalariam o nada para tocar o céu, roubar uma estrela e ter um pedaço do teu amor, não das que beijam o teu chão, nem das que almejam um belo rapaz para desfilar, eu não sou desse tipo. Portanto, bem vindo ao meu mundo e veja só como a vida é uma comédia, nem tive tempo de quebrar a cara dessa vez e bem, nem vou me esforçar. Haha.......ha.

segunda-feira, 16 de março de 2009


Meu amor, abra os olhos, pois com ou sem lamúria, a vida segue sem delongas.

domingo, 15 de março de 2009

Contando segredos


Eu simplesmente não sei mais me descrever em meras palavras e nem te fazer caber somente em meu coração tão miúdo e doente, você ocupa meu mundo.
E é essa leveza tão doce, gelada que me mantém sorrindo por mediocridade, me mantém fingindo que nesse resto ainda há fé. Nesse rastro ainda há caminho, esperança.
Enquanto você transborda em meu olhar, como se fosse tudo um olhar só, na direção do horizonte ou de um lugar onde nós nem sequer imaginamos que exista, ou que finja existir tal qual eu e você.
Tantas foram as vezes em que eu te vi chorar, pelas pontas dos dedos, pelas palavras mal ditas, pelo brilho do anel, pelo silêncio secreto e nunca pelos olhos e eu tive medo de ter razão e invadir o seu mundo e fiquei caladinha, sentadinha ao seu lado como um gato que precisa de carinho, como um cretino que precisa de um abraço e um mendigo que precisa de afeto.
Eu me despedaço o dia inteiro, rapaz. Eu me despeço o dia inteiro da paz, a noite inteira da luz, por saber que a ironia da vida vai te levar embora um dia, para longe, para onde meus braços não possam alcançar, só o coração travesso e apressado. Te levar para onde deus quiser. Um lugar tão distante que meus pés vão se dilatar, um lugar tão distante que eu provavelmente não vou nunca chegar, mas eu quero, vou me perder, mas não te perco.
Vou sair perdida no mundo feito uma bala atirada para cima que não sabe aonde vai cair, eu vou. Vou subir, descer montanha, dançar com o frio diante da luz do luar. Vou me jogar no mundo vasto e correr não sei para onde até te encontrar. Vou procurar a mais bela relva, me jogar sem receio e dormir até a primavera chegar, e sempre que anoitecer vou agoniar e sufocar de tanto medo, por achar que ninguém sobrevive com o coração aos pedaços, somente eu. E se eu for e não te encontrar, eu vou voltar. E em todos os lugares eu estarei lhe esperando. No banco da praça, na poltrona do cinema, na fila do banco, no táxi, na rodovia, onde você menos imaginar. Nos poemas, nas canções mais antigas e nas mais recentes bem pouco, estarei nos bilhetes, sorrisos e lágrimas, saudades e medos, estarei onde você quiser que eu esteja, eu sempre estarei lá.
Na fonte que seca, na sede saciada sem nem uma gota d’água, estarei na tristeza, no meu inferno particular. Estarei no chão quente e rachado do sertão, nos raios que o sol cospe por aqui e sai matando de sede as cabritinhas que dão sustento à família pobre, eu estarei onde seus olhos alcançarem.
Não ter você me destrói cada dia um pouco mais e a vontade já não está tão capaz de me manter de pé por mais tanto tempo. Quanto tempo, quanto tempo.
É esse tempo que me cala a voz e faz gritar a alma latejante que eu carrego a pulso, esse tempo infeliz que me congela no frio, me descongela, que frio.
É meio complexo para quem tem a mente vazia, ou para quem coloca defeito em tudo,mas você não. Contudo, quando eu digo que sinto a sua falta, é porque essa ausência já roubou todo o oxigênio do meu mundo.
Gustavo,

Tem Carolinas na geladeira, uns cd’s jogados na cama – acho que você vai gostar – tem um álbum de fotos atrás daquele pano – acho que você vai mangar. Tem um diário velho bem ali – se ler, não vai entender -, tem água sem gás na geladeira – não vai fazer mal ao seu estômago.
Tem muito gelo no congelador, muito mesmo, pode se esbaldar. Coca-Cola na porta, essa sim com muito gás.
Toalhas limpas na porta de cima do guarda-roupa, tem sabonetes na porta menor, a internet já está conectada, o ar condicionado você coloca o botão para cima e ele liga.
Se o travesseiro estiver molhado, tem outro perto das toalhas, ontem a noite foi difícil.
Mantenha a porta fechada com a chave, eu tenho medo.
Liga para o Kadu e pede para ele chegar logo, diz a ele que tem uns vinis “novos” no quarto ao lado do meu, e que tem uns livros na estante da sala que eu acho que ele vai se interessar.
Se ele quiser fumar, o cinzeiro está ao lado da tevê, abre as janelas. Ah, e tem um isqueiro perto do fogão.
Tem castanhas em cima da geladeira, e chocolate dentro. Diz ao Kadu que tem Guaraná no armário, usufrui do gelo, ele vai precisar.
Eu chego já, estou esperando tudo aqui dentro se estabilizar.



Com amor...



Jucy.

domingo, 8 de março de 2009

O dia em que o caminho mais próximo era ir embora.

Pois é, talvez naquela noite eu tivesse bebido demais e todos aqueles cigarros fui eu quem fumou sim, admito.
Mas quem escreveu aquilo tudo naquele guardanapo chinfrim não fui eu não, quer dizer, fui eu sim, mas eu não pude controlar.
Você deve estar na rua fazendo o que não deve, desobedecendo ao que eu nem pedi para obedecer e eu estou do lado de cá fingindo que nem me importo, mas admito que já cansei dessa fase.
Depois você vem querer saber porque que eu não arrumo um outro alguém, e eu fico sem saber o que responder porque eu também não sei.
Procurei saber sozinha, mas na verdade já tinham vindo até mim - palpitar. Alguns dizem que eu me privo demais, outros fingem mais que eu e ainda fingem saber de mim muito mais do que eu mesma e ousam dizer que a verdade é que eu tenho medo de amar um outro alguém. Quem foi que falou isso? Cada coisa que me aparece.
Acontece que eu já nem me incomodo mais com suas manias odiáveis, mas chega uma hora que os pés começam a doer de fazer tanto esforço para não quebrar os ovos. Porque é sempre assim, desde de quando você tem um surto pessoal, para falar com você tem que ser pisando em ovos ou você “Se afasta”.
Pois já deveria ter o feito já que é o que mais lhe convém, eu posso jurar a você que eu continuarei vivendo e respirando muito bem, e também não vai mais ter quem reclame da fumaça do meu cigarro.
- Vamos para onde?
- É surpresa. – Você dizia.
- Estraga a surpresa e me conta!
- Nada disso! Shiu! – E sorria.
É tão difícil para você ser o mesmo que você era quando eu tive a brilhante idéia de abrir meu coração para te proteger do frio? Antes fosse.
É muito ruim quando nos apaixonamos por alguém e depois de algum tempo percebemos que nos apaixonamos por uma pessoa que nós mesmos construímos em nosso subconsciente e que aquele alguém não é nada além de um corpo vazio. Ou talvez seja um belo corpo repleto com muitas qualidades, mas nenhuma chama a nossa atenção.
A paixão.
Quando eu digo que me apaixonei por você eu não quero dizer que quero casar, ter filhos e sair para pescar como um casal enamorado não (Mas bem que seria uma boa idéia).
Quero dizer que me apaixonei pelo seu jeito de articular, de sorrir, de agir e mais ainda pelo seu jeito de pensar, de ser racional, inteligente, pelo seu jeito de pensar por você e manter a sua opinião, pela sua personalidade forte e que logo eu vi que de forte não tem nada e eu estava mesmo era deixando de fazer coisas mais interessantes (ok, mentira, nada era mais interessante).
Eu só não entendo porque de todas as pessoas do mundo você tem essa sina de me colocar para trás, de reclamar comigo, de brigar comigo.
Se todos fumam, é a minha fumaça que te incomoda. Se todos te ligam, é a minha ligação que chega na hora errada. Se todos te acordam, sou eu quem tira o seu sono. Se todos falam bobagem, é o que eu falo que tira o seu apetite. Se todos te abraçam, é o meu abraço que amassa a sua camisa. Se todos sentem a sua falta, é a minha falta que te sufoca. E quando eu perco as estribeiras e digo sem muita agressividade, mas com revolta um agradável “vai se foder”, a estressada, grossa, mal educada e blá blá blá sou eu.
Eu – muito particularmente – acredito na hipótese de que você já cansou muito de mim, você não me suporta mais. Você pode já ter rido muito comigo, mas agora quer piada nova. Você quer outro perfume empestando o seu carro, você quer outro número nas suas chamadas recebidas, outra pessoa para te defender e outra pessoa que faça qualquer coisa, mas que me tire de cena.
Não seria mais fácil dizer?
Seria sim, cara, você é um homem não é um garoto não.
Você tem que aprender a viver em sociedade, aprender a brincar e a aceitar brincadeiras, claro que as menos ou não ofensivas.
E não adianta falar o que quer e depois tampar os ouvidos, porque você vai me ouvir. Eu sou dessas mulheres para se comer com dez talheres, não levo desaforo para casa e não tenho o dom de me humilhar para receber carinho de ninguém não. Se eu amo e não me ama, eu sei bem guardar isso em um lugar onde eu não vá tropeçar quando estiver andando sem olhar para o chão.
É isso mesmo, pode se afastar se é o que você quer fazer há tanto tempo e talvez esteja com receio de fazer, não se preocupe, eu não vou te puxar pelo braço.
- Desce, desce! Eu só tenho dez minutos. – Você dizia ao telefone.
- Hahahaha! Coisa mais linda do mundo inteiro.
- Mas então, estava fazendo o que? – Cruzando os braços.
Será que custa tão caro tentar manter o dom de não substituir as pessoas?
E tem mais, eu não gosto que fique chamando a minha atenção na frente das pessoas não, se quer me dizer algo, fala para mim, pronto (não que queira dizer algo a partir de hoje, você não vai mais precisar disso mesmo).
Pois é, meu amor, o mundo é um moinho. Lembra?
Você até falou que ele não ia triturar os meus sonhos mesmo os mais mesquinhos.
Eu sinto a sua falta, a falta de quem você realmente é, ou era.
Mas eu posso suprir essa falta da pior maneira, posso beber o que não gosto só para ter uma dor que eu possa curar com um anti-ácido no dia seguinte e me preocupar comigo ao menos uma vez na semana. Ou não. Eu posso simplesmente ocupar meu tempo com pessoas que queiram ocupá-lo comigo, por que não? Eu posso conhecer novos lugares, conversar sobre o que eu quiser e eles também e podemos entrar em um consenso.
Já que você não está mais, eu vou cantar as músicas que eu quiser, e encontrar pessoas que queiram me ouvir, mesmo as coisas mais bobas. E pode ser que elas riam comigo, pode ser que não, mas pode ser que me façam sentir ali ainda.
Você não sabe o quanto é ruim querer conversar e saber que ninguém está te dando atenção, e ver que ninguém se importa com nada do que você fala.
Às vezes eu só quero falar sobre o filme que eu assisti no dia anterior, contar uma piada nova que eu aprendi, falar bobagem, é sábado à noite!
Mas você nunca se importa, você nunca ri. Enquanto eu vejo você morrer de atenção pelas besteiras que umas ou outras pessoas falam, e repetem três vezes e você ri as três vezes.
Sério, muito sério mesmo, nunca pensei que precisasse tanto ficar só para não me sentir pior. Sozinha eu sei que ninguém pode me escutar e não que as pessoas não querem.
Subestimou a minha presença, mas não seja por isso.
O mundo é vasto e a vida é curta, não vou mais insistir no que já nem respira mais, vou insistir no que não pode parar de respirar, não antes de realizar os sonhos e desejos que sempre quis ver vivo, e eu verei.
Contudo, meu menino, você sabe onde eu moro e se quiser passar por aqui e tomar um chá, ou comentar sobre o nu artístico ou seja lá sobre o quê, pode chegar a qualquer hora, qualquer instante, a porta vai estar aberta. Caso contrário, a gente se esbarra por aí.

quarta-feira, 4 de março de 2009


" Eu estava pensando em você, vendo o seu rosto em minha mente, durante cada segundo em que estive longe. Quando eu te disse que não te queria, aquele foi o tipo mais negro de blasfêmia".

terça-feira, 3 de março de 2009



Passei a acreditar/perceber/reparar que eu também sou um iceberg dentro de uma piscina de plástico. Muito gelo e dois dedos d'água.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O silêncio que me sufoca.


De sorriso em sorriso foi me apaixonando. De palavra em palavra, abraço em abraço, olhar em olhar. Ah, inferno. Mas é do outro – a quem devo grande parte dos sorrisos que eu consegui sorrir sem esforço algum – a posse de um coração tão belo.
E enquanto ele caminha de um lado para o outro, falando uma bobagem ou uma teoria que seja, eu observo de um lado e o outro observa do outro.

E como quando avalia-se uma arte, uma pedra preciosa, vieram as perguntas insensatas e claramente sem respostas, e a atenção focada em cada mínimo dos mínimos detalhes.
Como consegue ser tão belo? Do menor ao maior, dos detalhes às controvérsias, das manias amáveis às manias odiáveis, ele é sempre tão bonito assim, mesmo quando acorda com mal humor, dorme com mal humor, conversa em silêncio, desenha bem calado, canta sem saber cantar, não dança, mas sabe dançar. Ele é sempre tão lindo. E tem sempre essas covinhas quando sorri que faz perder a razão entre o brilho dos olhos, os dentes bem alinhados e o conjunto - aiai, o conjunto.

Ele nunca perde a linha? Nem fala errado? Nem escreve errado? Nem escuta música ruim? - Ah, isso ele escuta sim, quase nunca, mas escuta que eu sei!
Ele é lindo, sim, é lindo. É dono de uma beleza rara, uma obra de arte da natureza.

E tão distante, e eu queria não querer senti-lo mais perto, queria muito não querer estar abraçada com ele a noite inteira, mas eu não consigo. E para ser muito sincera, depois de tantos desvios de olhares, eu não faço o mínimo esforço.
E enquanto ele está por perto, tudo vira paraíso. Todo o céu fica limpo, e até quando não tem música, eu escuto violinos empolgados contemplando a presença deste homem que eu bem sei como é almejada.
Eita, essa vida é mesmo uma brincadeira de criança. Eu brinco, brinco, caio, me ralo todinha, depois levanto e brinco, brinco e recomeço o ciclo, sem nem perceber direito.
Pois é, enquanto isso eu não tenho dúvidas de que também amo o outro, o outro que eu não gostaria de chamar de outro por ele ser ELE, amo sem ser amor passional, amo por ter plena consciência de que depois dele meus passos nunca mais foram os mesmos. São cada vez mais firmes, mais certeiros, amo por amá-lo, por saber que ele é alguém impossível de não amar, amo por não ter outra opção e se eu tivesse eu escolheria essa mesma, eu o amo e viver sem ele seria uma missão impossível.
E ligeirinho meu coração dispara, tum tum tum tum. O fulaninho está chegando, mesmo timbre de voz, mesmo olhar, mesmo cheiro – aiai. Mas o timbre está guardado, a voz abafada...
- Fala comigo!
Ele bem sabe que eu não suporto ver a boca dele tão perto e nem sequer ouvir um som. Nem um ruído? Nem sequer um saudoso Boa tarde para começar?
- Fala alguma coisa!
- Estou falando!
- Mentira! Está me enganando com seu olhar misterioso, avassalador. Fala direito!
- Estou falando!
- Mentira, está me encantando de novo! Pára com isso!
- Parar com o quê?
- Com isso! Está me apaixonando!
- Eu não sei parar!
- Aprenda! Pára!!!
Ele não parava, o coitado, realmente não sabe como fazer parar, ele não tem o que fazer. Ele nem sabe o que está fazendo de diferente, mas é esse o X da questão. É sendo ele mesmo que me encanta, cada vez mais e mais e mais e o outro ali, sem nem saber de nada que se passa por aqui. Eu sou asquerosa às vezes.
Gostaria mesmo era de arrancar o coração com uma das mãos e dar para o Pitu comer, aquele cachorro maluco que corre adoidado. Vai ver ele gosta, ainda não chega a ser um pedaço de bife estragado. Coração dilacerado por coração dilacerado, então que mate uma fome!
Pois bem, o coitado dirigiu o carro com o olhar somente preso na estrada por bastante tempo, com medo de falar qualquer coisa e a insana aqui se descontrolar civilizadamente. Eu queria amenizar a situação de alguma maneira, mas como? Se tocava uma música, eu cantava, enquanto ele só aumentava ou diminuía o volume. O outro segurava na mão dele ou fazia qualquer tipo de carinho que me fazia virar o rosto e procurar o prédio mais alto – não sabia que tinham tantos prédios com 7 andares na cidade.
E novamente eu me sentia um lixo, não era completamente culpa minha, mas eu estava apaixonada pela pessoa errada... Não, conhecendo-o como eu o conheço, - para ser bem honesta - eu estava mesmo era apaixonada pela pessoa certa, mas no instante errado, na vida errada, da maneira errada, sempre errada como só eu sei ser muito bem. Era o inferno partido em cubinhos para eu me alimentar no jantar.
E assim seguíamos, ele ia voltando ao normal, se acomodando em meus braços sem nem sentir, ia ficando à vontade novamente e de repente já estávamos rindo novamente, como era de costume. E eu sem perder as estribeiras, amando calada, em um silêncio que até dói nos ouvidos.
A sintonia entre a gente é a mais linda de todas.
Poderíamos nos completar caso eu não fosse peça em excesso nessa montagem, ah, o amor. O dono das minhas dores e dos meus confortos, da minha paz e da minha agonia. Aiai, o amor.
E quando ele se afasta por um tempo qualquer, refiro-me a minutinhos, eu fico paquerando-o com o outro. E o outro o elogia, e eu concordo, querendo acrescentar alguma coisa, mas nunca posso, então me calo e imagino, e falo comigo mesma, e conto para o canudo esquecido em cima da mesa ao lado, e me sinto suja de novo.
- Ele é lindo, não é?
- É, o mais lindo de todos.
E tudo vai seguindo como se nenhuma dor estivesse ocupando nenhum corpo naquele momento, como se o mundo fosse só nosso, como se eu fosse a cabeça que deita no terceiro travesseiro, ou talvez como se eu nem coubesse na cama.
E o outro – Mo cuishle – não deve saber de nada, mas às vezes fica triste - Suponho que também sem saber bem porque. E eu queria muito que ele fosse a pessoa mais feliz do mundo, que ele se sentisse realizado, mas eu não tenho muito o que fazer, e acabo ficando triste com ele, seja lá qual for o motivo.
E então, terminamos os dois por ali. Parados, tristes, olhando para o mesmo ponto fixo, fumando um cigarro e apaixonados pelo mesmo homem.


domingo, 1 de março de 2009




Fala mal, mas paga pau.