sábado, 31 de julho de 2010

"Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. "

Tati B.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Segura senão cai.


"No mais estou indo embora, baby, baby."

Patativa de Assaré? Rá, ele falou assim:

"Estando desempregado o grão duque satanás
Teve uma idéia nociva horripilante e mordaz
Colocou numa caldeira, oito pipa de aguardente
Nove cobra envenenada
Um velho diabo demente
Sulfato de corrosivo, sulfeto de estriquinina
O coro de dez hiena, dez quilo de cocaína
Ragu de dez cachorro e quatro quilo de timbu
Tudo isso misturado numa caldeira a ferver
Tomou forma de gente como o diabo quis fazer
Satanás achando pouco, lambuzou merda de porco como se fosse caramelo
E a soltar pelo mundo
Batizou o vagabundo
Fernando CoLLor de MeLLo."


* Se o Collor ganhar para governador de Alagoas, na moral, é muita palhaçada.

sexta-feira, 23 de julho de 2010



So funny. Hahahha.
'Quem te conhece que te compre.'

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vai, caralho. Leva os meus cigarros, minhas vestes, minha infância, meu sacrifício, meu silêncio, minha dor, meu amor, meu rancor, leva tudo. Vai, caralho, leva tudo. Esta porra de edifício, esse carro que nem é meu, meu isqueiro, o colírio, o telefone, a ligação, o intermédio, a linha tênue, minha fome, minha gastrite, meu estresse, meu dominó, meus livros. Leva, leva o sono, minha dor de cabeça, meu Tylenol, minhas chaves, minha porta, a saída, a entrada. Ah, leva também os meus direitos, seu viadinhodemerda. Leva os meus direitos, minha constituição federal, minha liberdade, meu habeas corpus, meus códigos penal e civil, meus professores também. Leva meus direitos, e, e, e... Leva meus deveres também! - ah, isso você não quer levar não é seu filhodeumaputa?
Leva tudo, desgraçado, mas não leva a minha paz. Leva tudo, mas esquece a minha paz.

domingo, 18 de julho de 2010

Jogue suas mãos para o céu...

Eu queria dizer para ele parar com essas coisas, mas o apelido que havia ganho o fazia se sentir bem. Ele sempre soube que não era, sempre soube que na verdade verdadeira mesmo, era só mais um prestes a morrer ou ser enquadrado. Pow pow pow! Era o hino de todos os dias.
Lindo, lindo, ele era lindo. Tinha um sorriso de causar inveja em qualquer outro fumante, uma inteligência que silenciava qualquer bobalhão que quisesse se aproximar querendo ser o melhor do pedaço, mas o espertinho voou baixo. Era – relativamente – o filhinho de papai, tinhas costas quentes, fazia merda, mas tinha quem limpasse depois. Já tinha feito outras merdas fedidas num passado não muito distante, mas enfim, não estou afim de falar no assunto.
O fato, o fato mesmo é que o gatinho está se perdendo na vida fácil. Universitário federal, o Barão do tráfico desapareceu da vida social, e eu sinto falta.
Sinto falta dos beijos e abraços e das tantas vezes que arrancou sorrisos meus.
Eu tentei dizer para ele que isso não leva a nada, que ele deve parar de decepcionar a dona Fulana que já está morta há anos e que ainda assim espera um orgulho do único filho, mas caralho, ele diz que não se importa e eu sei que chora todas as noites sentindo a falta dela. Ele sente a falta dela, quem não sentiria? Me diga, por deus, quem não sentiria a falta de uma mãe?
Se ele quisesse, se ele quisesse ele poderia me chamar de mãe, poderia, eu juro, eu permitiria. Cuidaria dele como se fosse um filho, não sustentaria a casa porque não posso, mas meu deus, lhe daria a benção antes de dormir e prepararia o jantar. Quando ele estivesse triste e deprimido eu sentaria com ele na sala fumando um cigarro e o mandando parar de fumar.
Eu poderia ser sua mãe, nada de vender drogas e nem de se atrasar para a aula, vai cortar o cabelo menino! Pára de tirar catota e vai tomar banho. Vem almoçar, benzinho, come um pouco de salada. Não ia querer o lugar dela no peito dele, nunca, jamais, só queria cuidar dele como ele nunca deixou ninguém cuidar, como ela já não pode mais cuidar. Ele precisa de ajuda, mas um “homem forte” não pode demonstrar fraqueza. Pára com isso, menino, pára com isso que o teu futuro é incerto, tem que seguir a risca o caminho que teus pais te ensinaram.
Larga isso tudo, menino, larga isso tudo que isso tudo não dá futuro a ninguém.Me ouve uma vez só, ouve o que eu tenho para dizer e se salva por mim, por você, por todos nós. Você sabe do que estou falando, faz esse favor para mim, faz? Você me prometeu que não ia me machucar, você lembra? Então pára com isso, moleque.
Bobagem.
“Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez, e acho que é tão normal. Dizem que sou louco por eu ter um gosto assim, gostar de quem não gosta de mim... Jogue suas mãos para os céus e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você na rua na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.”
Canta comigo, bebê, canta comigo que eu sei que essa música você sabe cantar, ela te ensinou, você lembra?
Na rua, na chuva, na fazenda... ou numa casinha de sapê. Ou numa casinha de sa... pê...
ESTA PORRA!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Vai, abre tua porta e me deixa entrar. Abre o caminho e me deixa passar.

Qual das moças e seus sorrisos

Na verdade, verdade mesmo, não se sabe ao certo quem era que ele amava. Se era aquela moça com cabelo curto e dentes tortos, ou se a outra moça que até tinha os dentes no lugar, mas seu juízo já não morava mais em casa.
Pois é, a moça sem sorriso deu a luz a um menino e ninguém sabe se o rosto dele – Dele - transmitia despreocupação ou aflição. Saudades ou repúdio, vontade de abraçar ou simplesmente nada, talvez fosse fruto da imaginação da moça com sorriso que também daria a luz, mas esta era pelo olhar.
Aquele olhar corriqueiro e distante, que por muito tempo não via nada e nem ninguém e de repente estava de olho no mundo. Um olhar tão amplo que olhava por mim.
- Não se preocupa tanto assim, garota, nem tudo precisa dar errado para você. – Eu falei acendendo um cigarro e lhe oferecendo um outro.
Ela aceitou o cigarro e com ele já no bico respondeu:
- Você bem sabe, sempre soube a respeito dos desencontros, desempregos e desacertos que me perseguem. Minha vida é um jardim a beira da morte, quando uma flor desabrocha um bouquet perde o perfume, como poderia confiar nessas borboletas que nem sabem mais voar?
- Apenas confia, talvez funcione um dia. Apresento-lhe aos beija-flores.
Ela não deve ter entendido muito bem o “apresento-lhes aos beija-flores”, mas eu tentei falar que se as borboletas não lhe servem mais, não está tudo perdido, existem os beija-flores.
Ela me pediu licença e foi embora, parou bem no meio do cruzamento sem saber muito o que fazer e acabou virando para a direita e desapareceu no horizonte.
Na verdade, na verdade mesmo, ele não sabia o que queria e ela muito menos. Ela queria a infância de volta, mas não dava mais tempo, cresceu que nem viu. Agora tinha uma vida de verdade, tinha que parar de brincar. Tinha dívidas, contas, provas, desemprego, saudades, pouco tempo, pouca idade e ainda assim queria amar. Quem pode fazer isso tudo nos dias de hoje e ser feliz? Sem seqüelas, sem dores, sem contratempos.
Ela só queria mesmo chegar em casa, fazer o jantar e dormir. Só. Ela não tinha mais cachorros para levar para passear e estava meio cansada daquela vidinha medíocre que ela levava.
Ah, ela também queria reciprocidade, mas isso já era pedir demais.
Então amava quietinha, em silêncio, em seu quarto com as persianas que não paravam de cantarolar ‘ra ta ta ta’ quando o vento batia. Como uma metralhadora do Vietnã, como seu coração.
Então ela amava em demasiado e por tanto amar se desfalecia em penas de ganso, naquele travesseiro que havia se tornado o seu melhor amigo, que guardava seus maiores segredos e medos e choros e lágrimas e dores e tudo o que ninguém mais via.
E quando chegava a manhã começava tudo de novo. Meia caneca de café, aula, coração aos prantos enquanto esperava sozinha no ponto do ônibus e quando ele chegava estava lotado de pessoas também sozinhas, fedendo, calorento, sujo. Estômago de aço. Vida cretina.