quarta-feira, 24 de junho de 2009

De boa.


"De boa na lagoa, de boresta na floresta, de leve na neve." Eis o poema que o garoto nos ensinou. Ele é amigo meu, amigo nosso. Hahaha. [Perdoe, só queria lembrar. ]
Sem goles na cerveja, cem goles na cerveja e cheio de tragos no cigarro. Passei um bom tempo parada me perguntando o que era que eu estava fazendo ali. De um lado estava o dito cujo tentando chamar a minha atenção falando nada com nada, mal sabe ele que eu estava em um mundo tão distante que até tropeçava nos anéis. Bobinho, bobinho, como me encanta.
Do outro lado era o barulho, aquela multidão. Alguém havia aberto as porteiras do inferno e aqueles cães todos haviam fugido. A cada passo você encontrava quatro P.M.’s, quatro marginais e uma mulher feia, a cada passo.
E enquanto isso tudo acontecia, ele continuava lá falando umas bobagens e eu suponho que se eu lhe incomodava era por não me incomodar, mas honestamente, não estava nem to you. Estava em uma vibe tão estranha que eu nem reparava o quanto estava ausente sentada dentre toda aquela gente ao redor da mesa. E tudo de repente ficou em paz. Ele é tão lindo, tão lindo. O idiota só bastava me sorrir que meus olhos se enchiam de brilho, bobinha, bobinha.
Então depois eu fui para casa, madrugada, meu bem. Para no dia seguinte acordar às 06:30 e ir trabalhar, em pleno feriado que está no meio das férias, isso mesmo, trabalhar.
Na loja, o rapaz da outra escrivaninha não é muito de meu agrado, ele é simpático, mas é simpático demais. É educado, mas é educado demais. Um tanto esnobe, na minha opinião. Tem um jeito de falar que me incomoda e bem, eu sinto uma energia ruim quando estou com ele. Não que ele seja uma pessoa má, ele só não me faz bem, enfim. Mas eu juro que eu queria saber o que era aquilo que ele estava tomando hoje pela manhã, estava em um copinho, deveria ser uma bobagem, mas eu juro que queria saber. Hahaha.
Calibrada, calibrada.
Queria muito ter acordado hoje pela manhã calibrada, com energia esborrando pelos poros ou ao menos com o mínimo de força para abrir os olhos enquanto esperava o ônibus chegar. Um cansaço, um cansaço, um sono, uma preguiça, uma saudade, uma saudade, má saudade, uma saudade tão grande que parecia que ia doer na alma. Já dói.
Até meus dentes doem por não ter mais onde doer, meu bem, até os fios do cabelo, as pontas das unhas, a pulseira do relógio, tudo me dói, não me toquem.
Não me toquem porque hoje eu sou uma brasa, uma tocha acesa, sou uma fogueira para entrar no ritmo de São João, sou fogo, sou brisa, fogos de artifício, cuidado! Se não tiver cuidado, eu posso te machucar. Eu sou frio, sou o frio, sou calafrio, sou brasa, sou brasa, sou chuva, sou fogo, sou fogo, sou nada, sou nada.
E hoje eu acordei de manhã com uma vontade intensa de te ver. Se quiser me abraçar, eu não vou te machucar.

domingo, 14 de junho de 2009

Wagnho!


Minha vida, parabéns. Não só por hoje ser seu aniversário, mas por você ser quem é.
E para sempre levarei comigo o seu cheiro, seu jeito de menino, seu sorriso, suas reclamações, seus surtos psicóticos, seu abraço, seu jeito de andar, de falar, de respirar, seu olhar e tudo o que lhe envolver estará comigo. E você por inteiro estará comigo, sempre, por toda a vida, sempre dentro do meu coração.
Eu quero que você seja feliz, quero que você consiga realizar seus sonhos, quero que você seja saudável, construa uma família e sejam felizes.
Eu te amo, meu amor. Eu te amo de um jeito que nem cabe em mim e acredite, ter você em minha vida é um dos presentes que mais agradeço aos céus. Eu não sei não porque você demorou tanto para aparecer.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um esparro estranho e invisível.




Aí agora ela é estranha. Passa desapercebida, invisível. Um espaço gigante ao lado dela e o lugar mais apertadinho parece mais confortável. E se antes lhe sorria, nem isso. Vale nada, nem um “boa noite”, um cumprimento, uma palavra qualquer. Vai embora sem nem olhar para trás, “que se foda” deve pensar. Ela já apanhou muito na porra da vida, já caiu feio com a cara no chão e levantou. Reagiu como quem tinha tropeçado, como quem tinha machucado a perna em um espinho daquelas plantinhas safadas que ficam nos cantos dos bancos esperando o primeiro otário para se machucar. A menina ficou invisível de um jeito que nem eu mais vejo. Se há motivos? Motivos? Dê-me um, meu jovem. Um só para que eu possa chegar aqui com palavras mais límpidas e explicar o que está acontecendo, nem isso, nem isso!
Aí ela começou a espirrar, os olhinhos chega estavam pequenininhos graças a fumaça que o tempo inteiro ia beijar seu rosto e sem nem pestanejar ficou agachadinha procurando um tal de um pino que o mocinho simpático tinha deixado cair no chão. Era em vão, de um outro ângulo. Afinal, o pino era pequeno, afunilado, marrom e perdido em um chão cheio de galhinhos pequenos e marrons, areia que por sinal era marrom, um chão escuro e para completar, sob nem mesmo a luz da lua. Tinha gente impedindo a visão. E ela lá, procurando sem nem saber o quê. “Como é o negocinho que caiu no chão?” Dois minutos de silêncio, chega o outro e “Como é o negocinho que caiu no chão?” e consecutivamente a resposta que ela esperava e que vale constar que não foi dada. Ótimo, ele além de cego, é surdo. “Você não me ouviu perguntar? Custava responder?” e é claro que a resposta não foi a mais bonita “Você nunca vai achar.” O NUNCA foi o que entupiu a garganta já travada da alergia. NUNCA? Ah, vai tomar no cu. Com toda a quase nada de sutileza que pode haver nessa expressão. Vai tomar no cu!
Mas ela foi calma, repare só, foi calma! Agradeceu e continuou a procurar, não encontrou. Mas se ela tivesse uma lanterninha ela encontraria, tenho certeza. E alguém se importaria? Não, ninguém. Pois bem. - Levanta daí, menina. Deixa essa porcaria para lá.
Ele nem para perceber que ela mudou de perfume e que o atual parece ser bem melhor que o antigo, nem isso. Nem o cheiro dela ele sente mais, e ela odeia.
Invisível. Porra, invisível?
Vamos, imagine. Você ama um alguém, ama de um jeito tão forte que parece que nem vai lhe caber, ama. Não sabe de onde vem esse amor e não quer nem saber, apenas ama. O outro lhe é amoroso, não lhe dá as esperanças devidas, mas meu deus, ele te vê. Ele te toca, te abraça, ele fala com você ou no mínimo dos mínimos responde quando você fala com ele e de repente... Nada. Bosta nenhuma, de repente é como se você fosse uma pessoa desconhecida, d e s c o n h e c i d a. Você merece uma explicação, não merece? Claro que merece. Uma breve explicação, um motivo, uma causa, uma circunstância, você merece uma meia frase que possa te deixar claro o que você quer realmente saber. Nada. N a d a . Porra nenhum, caralho nenhum. Entendeu? Nada.
Aí dizem que a pobre da menina é grossa, fala palavrão, mas porra, quem nesse mundo ia achar bonito? É, fala mesmo, mas não perde as estribeiras. Não grita, não chora, não reclama e finge que está aceitando isso numa boa. Numa boa uma porra, ela quer mesmo é que o mar todinho exploda para comer peixe assado, quer uma façanha, um desejo concebido mesmo que depois da tragédia. Além do mais, como dizem por aí, meninas doces só servem para juntar formigas.
Sim, mas aí ela fingiu que nem viu, nem sei como, mas fingiu. Ele ia embora e ela sempre ia embora com ele, alguns moravam tão perto quanto, mas só ele lhe era tão agradável, só com ele ela se sentia tão segura. Quem já se viu? Segura ao lado de alguém que não quer nem ouvir falar seu nome, nem tocar seu ombro, nem abraçar seu abraço que foi sempre o mais sincero. Ela que nunca se humilhou, mas nunca negou amor. Ela, a otária, que sempre velou seu sono, sempre enriqueceu o espírito com alegria com um sorrisinho bobo dele. Ou a amante, não tão otária, apenas amante.
Enquanto ele abraça com tanto calor aqueles ou aquelas que vivem lhe difamando, falando mal, reclamando disso, chiando quando falam sobre ele e essas coisinhas de adolescente. A vida é mesmo uma comédia. UMA COMÉDIA. Primeiro que ela não entende como podem falar tão mal de alguém e no fim das contas dizer que ama. Não é criticar. Criticar, todo mundo critica. É falar mal, dizer que ele é aquilo, aquilo e ainda aquilo outro lá. Aquilo outro lá é o pior, mas sempre falam, ela sempre escuta, sempre defende, sempre reclama por falarem mal e aí se torna o alvo. Não que ele precise de uma advogada de defesa o tempo em que não está, mas é o mínimo que ela pode fazer.
É, a menina invisível ama visivelmente e é deixada de escanteio. Ela só queria que ele a amasse também, ou que ao menos se permitisse poder sem querer querendo amá-la. Mas ele é um estúpido e se essa estupidez valesse um real, ele teria um real. Já seria contribuição para o cigarro. E se a arrogância do rapaz valesse para a garota um mísero real, ela também teria um real, e já seria contribuição para a água que todos querem depois que o dinheiro todo e de todos tem acabado.
Contudo, ela só queria saber por que. Não só isso, mas ao menos isso.
É difícil para ela talvez por nunca ter aberto mão de nada e tampouco de ninguém, por sempre acreditar em algo que quis muito e não querer saber se muito depois ia quebrar a cara, só queria saber de viver aquele momento.
Chegou em casa fodida, claro. Sorrindo sempre, mas na verdade não queria estar com ninguém, queria estar sozinha no canto do quarto e viajando nas idéias idiotas que ela tem quando não tem ninguém por perto. Ou o inverso, queria estar com quem mais ama para poder abraçar, inclusive com ele.
Oito ou oitenta, às vezes nada. E bem, não quero mais falar sobre ela.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A música que quis falar por mim esta noite



"As vezes no silêncio da noite eu fico imaginando nós dois

Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?

Por que você não cola em mim?

Estou me sentindo muito sozinho

Não sou e nem quero ser o seu dono, é que um carinho às vezes cai bem

Eu tenho meus desejos e planos secretos, só abro pra você e mais ninguém

Por que você me esquece e some?

E se eu me interessar por alguém?

E se ela de repente me ganha?

Quando a gente gosta é claro que a gente cuida

Fala que me ama só que é da boca pra fora

Ou você me engana ou não está madura

Onde está você agora? "

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cabum, maestro!


Então fui te percebendo cada vez menor, você estava se distanciando aos poucos e eu queria mesmo te envolver com uma corda e te prender a mim, mas você não queria, não deixava, então joguei a corda no chão e te olhei ir embora. A vontade maior era de envolvê-la em meu pescoço e enlaçar a outra ponta no seu tornozelo, para nunca mais nada me doer como eu senti quando vi que nós nunca mais seríamos para sempre.
Contudo, você foi. Mesmo ainda estando ao meu lado. E quando começava a falar, a voz era cada vez mais baixa e o eco era cada vez mais límpido, parecia que o mundo estava vazio e só restávamos nós dois. E eu com aquela vontade sádica de arrancar o sentimento do peito e jogá-lo no mundo com a esperança de que ainda houvesse vida, vã ilusão. Só fez o favor de me sufocar lentamente, uma lentidão de gelar a espinha. E de repente ia embora de novo, quando falava algo que eu definitivamente não gostaria nem um pouco de ouvir, e desta vez nem para olhar para trás, para acenar com a mão ou para deixar na memória um olhar misericordioso que me fizesse acreditar que você estava indo pela razão e não pela emoção, para me fazer acreditar que a vontade que gritava no seu peito era a de ficar ali comigo, por todo o sempre.

E algo explodia, aí eu caía na realidade. E você dizia “olhe para mim quando eu estiver falando, porra” e eu olhava, e via nos teus olhos um vazio sem tamanho, e eu continuava te olhando, e te ouvia bem baixo, bem longe, bem onde o vento faz a curva e volta depressa para tirar as folhas secas do lugar.
Eu queria mesmo era encontrar algum jardim, ou alguma rosa, ou alguma lua ou qualquer outra coisa ali dentro, naquela imensidão de nada e nunca via nada, nunca encontrava nada. O paraíso estava escondido nos teus olhos e você nem para me explicar as artimanhas para encontrá-lo sem tanto nervoso de não encontrar em nenhum outro lugar.
E algo explodia de novo, mas desta vez era a sua garganta dando sinal de vitória. Como você gosta de gritar, meu amor. Eu já estava te ouvindo, “nenhuma moto tem cano de escape do lado esquerdo, a não ser que tenha dois, aí sim ficará um do lado direito e o outro do lado esquerdo”, eu sempre te escuto, é que às vezes eu gosto mais de te olhar.

E vou olhando e olhando e me perco nas curvas do teu machucado, os arranhões, as cascas, o sangue que teima em querer fugir, mas a derme não está mais sozinha e a epiderme vai criando forma, e o sangue fica lá preso, mostrando a cor para chamar a minha atenção. E vou seguindo as listrinhas, até onde elas chegariam, até onde elas chegaram, porque elas conseguem ficar com você o tempo inteiro e eu não. Embora elas uma hora ou outra vão ter que ir embora para sempre e se fosse eu não ia querer nunca mais cicatrizar.


E outro estouro, dessa vez foi você ensinando qualquer coisa, e eu tiro o foco do sangue e coloco o foco em você e no sonho, o de sermos um só. E sua voz começava a se distanciar e eu começava a pensar em milhões de coisas. Nos risos intermináveis que você me trazia, no cheiro bom do seu pescoço, no sorriso que iluminou toda a minha trajetória já traçada e mais ainda a que eu pretendia/pretendo traçar, nas mentiras, nas verdades, nas mordidas que muito doíam, mas que nem se comparavam às dores da alma. Nos cuidados, na vontade de dizer para você que você é a pessoa que eu mais amo neste mundo e que se todos os homens se pusessem sob meus pés, nenhum seria homem o suficiente para me fazer completamente feliz, exceto se este homem fosse você. Mas não, melhor manter meu silêncio e observar o seu movimento das mãos.

E lá gritava outro estouro no meu ouvido, era você me ensinando a cantar aquela música do Sabotage, “menina Leblon, vermelho batom, foi vista com o Joe malhando na praça. Sabot Canão convoca no som a paz dos irmãos em toda a quebrada. Sabotage nan nan nan” e eu até aprendi uns versos, até aprendi a fingir que enjoei de te ouvir cantar isso. Então eu me perco novamente, mas desta vez é a sua voz, ela vai fazendo uma melodia tão bonita, ela vai ligando um desejo a outro e vai virando uma corrente bem longa, que mais parece que nem tem mais fim. Vai, maestro, decifra o som da minha lágrima que escorre e cai no chão, decifra o som do meu suspiro, do meu sussurro, do meu silêncio. Faz uma música, maestro, faz uma música. Segura o riso, segura o fado, eu construo teu mérito em meu sorriso, amor, eu faço explícito o teu mérito em meu sorriso.

Cabum! Foi você de novo, acertando a carteira de cigarro na minha testa. Nem doeu, mas é claro que eu fiz drama para exigir carinho. E você ficou do tamanho normal, nada de menino distante, nada de menino pequeno. E por estar tão perto, não deixa esse meu riso cair. Nenhum chão suportaria o peso, é ternura demais para segurar em uma queda só, então também não deixa ir caindo aos poucos, não deixa, maestro, não deixa.
E você inventa de sorrir de volta, e eu vou seguindo o delírio da graça, que vai subindo e subindo e até parece que consegue tocar o céu, perde-se entre as estrelas, entre uma nuvem e outra, entre uns sonhos que voa e outro e depois encontra de novo os teus lábios, e me rouba para si.
Nem deu tempo de enterrar minhas dores, nenhum buraco é tão fundo para que caibam todas elas, mas há cura mais rápida que o sorriso que brota dos teus lábios seja lá por qual motivo?

Boom! Porra, de novo. Não precisa gritar, mas dessa vez eu entendo, foi gol do Corinthians.

Muito embora futebol no século XXI seja sinônimo de dinheiro, ninguém mais joga pela camisa, mas quem disse que eu me importo? Prefiro vibrar o seu entusiasmo, a sua euforia que treme bancos e quarteirões, como gosta de gritar o meu menino.

E bem, o jogo acabou e você já deixou para lá. Então continuamos sós no mundo, eu desejando ter você mais perto, te amando como nos contos de fadas e você sem ter a mínima idéia. Mas aí já é noite, a gente vai dormir. Eu aprendi a chorar em silêncio e você aprendeu a fingir que não vê. E durante a noite não tem Cabum nenhum, mas vez ou outra eu desperto por alguns minutos para te olhar dormir e dizer que te amo, é quando eu falo sem ter medo, amo sem ter dor. Você comigo e qualquer lugar é lugar.