Eu sempre achei que eu só me arrombava na vida porque deus estava preparando algo iradíssimo para mim. Mas cadê?

Você ainda vai descobrir que por mais que você se esforce e tente e mude e crie, ele sempre dará mais atenção a outrem. Vai descobrir que por mais que você mude o assunto, irão sempre perguntar pelo seu passado, por fulano e cicrano que você não quer mais nem ouvir falar. Vai descobrir que por mais que o tempo passe algumas coisas simplesmente não mudam, algumas pessoas não voltam e a única opção que você tem é seguir em frente, porque atrás sempre vem gente e se você quiser andar de ré vai ser atropelada por pessoas que não vêem a opção de "andar para trás" como uma opção para suas vidas, e sim para descartar.
Você vai descobrir, filha, que por mais que você tenha mais você vai querer ter porque o ser humano é filhodaputa e nunca está satisfeito com nada, sempre quer mais, um pouco mais. E algumas vezes o "mais" não será mais possível para você e você vai ter que dar prioridades para outras coisas e pessoas, aquelas que não te fazem mal e aceitam você com seus "menos" ou "suficientes".
Vai ter que abrir mão de muita coisa para poder segurar outras, soltar os braços de uns e outros para conseguir abraçar uma parte do mundo - só uma parte, porque o mundo inteiro todo mundo quer e é justamente por isso que muita gente fica na solidão.
Vai aprender, miirmã, vai aprender que  as pessoas lá do início do texto muitas vezes nem se esforçam, mas sofrem por dentro, em outros tópicos, outros instantes, por outros motivos. Ninguém está livre de uma decepção.
Vai descobrir que você não é tão boa quanto parece ou quer parecer, mas quando aprender a viver por si só, quando deixar de viver em função dos outros, para agradar os outros, para fazer os outros sorrirem, aí sim você vai ser melhor que qualquer um.
Ah, garotona, vai aprender que tem molho inglês que vem pimenta, que não há males que vêm para o bem, que vai sempre ter alguém tentando tomar o seu lugar e você não vai deixar. Não - vai - deixar.
Vai aprender que por mais que você ame, ame de verdade, o amor nem sempre é suficiente.

A vontade é de dizer Dá licença, quero viver minha vida (só minha) sozinha.

Mas você me olha de um jeito tão seu que minha vida pode ser nossa se seu jeito me pedir.

Enfie suas rosas no cu.

Acompanhe-me... ou não.

Talvez já não tenhamos mais o que oferecer um ao outro, estamos distantes demais e não fazemos a menor questão de nos aproximarmos. Não vejo isso como um status, na verdade a sociedade não se importa nem um pouco com nossa vida pessoal. Também não vejo isso como comodismo porque, sinceramente, eu tenho muito mais dor de cabeça agora. Eu via isso como amor, mas quando vejo esse amor abrindo a porta e indo embora sem dar a menor satisfação, acabo me perdendo nos conceitos de amor.

Qual o seu conceito de amor? O que isso significa para você?

Houve um tempo em que eu ficava sentada no sofá te esperando chegar pontualmente, nesse tempo eu ganhava surpresas. 20 minutos mais cedo com umas rosas debaixo do braço. Talvez um bombom, um sorriso, um “me atrasei?”. Ou apenas 20 minutos mais cedo, na verdade era o suficiente.

 Foi debaixo deste mesmo sofá que escondi minhas frustrações, minhas saudades, minhas vontades e mais ainda os meus segredos. Eu queria ter você também como um amigo, alguém que eu pudesse confiar e contar minhas bobagens, meus erros que me ensinaram a nunca mais errar. Queria conversas, opiniões, eu não quero suas críticas, não quero sua pena, não quero nada disso. Eu só queria sua atenção e algum tempo disposto a me ouvir.

Algumas coisas foram mudando com esse tempo, pessoas indo e vindo e o que me deixa feliz é que você ficou, mas está mudando também e às vezes me machuca. E eu já sou cheia de feridinhas por dentro, não quero que ninguém fique me magoando cada dia um pouco mais.

Enfim, estou em uma nova fase de vida e estou te pedindo para me acompanhar, ou no mínimo ser honesto e me deixar seguir sozinha, só não tente me segurar.