terça-feira, 17 de setembro de 2013

   De algum ângulo a vida de um terceiro se torna mais interessante, mais atraente, mais empolgante. De algum ângulo torto, de alguma esquina, de alguma rua e viela que ninguém passa, de alguma transversal, do pico de algum lugar, do topo de alguma montanha e da sutileza de algum malícia falar da vida alheia parece ser mais interessante, mais atraente, mais empolgante.

   Preencher sua alma vazia com as almas vazias e as vidas vazias das outras pessoas não faz o oco doer menos, não faz o oco doer mais. Cutuca o oco, provoca o oco, faz o oco doer. O oco que deveria não haver, dói. Dói na intensidade do seu passado, ainda dói como antes. Um oco escroto que ainda sente dor.

   Então, irmão, pegar seu pedregulho safado e jogar na roda não é a melhor opção. Pegar seu pedregulho safado, dilacerado, em pedaços, cheio de dor e mágoas e jogá-lo nas mãos de quem lhe quer bem, não é honesto, não é justo. Pegue de volta essa porcaria!

  Junte os frangalhos dessa merda e peça uma dose. Coloque tudo para dentro cada um na sua forma e tente mais uma vez seguir em frente. A vida é desse tipo, dê o outro lado e siga em frente. Se nada der certo beba mais uma dose, e outra, e outra. Beba até acreditar que será a dose certa para o agressor te digerir e se aceite no final, se aceite no final, se deguste no final que o próximo capítulo só quem sabe é Deus.