quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Anota teu endereço, aqui no papelzinho

(Imagem por Orlando Pedroso)
Chegou sem me dar boa noite, passou por mim como quem nunca me viu e depois falou comigo como se eu fosse o amor mais lindo que você já havia encontrado. Depois foi embora sem me dar nem um abraço, nem dizer para onde ia ou que seu telefone já está funcionando. Desapareceu. Perguntei por você, mas ninguém sabia dizer. Procurei por aí e não te encontrei, e olhe que você adorava andar por aí. Procurei na minha sala, no mundo on line, na agenda telefônica, nas ruas sem saída, nas casas com portão marrom com duas cadeirinhas brancas na varanda. Te procurei nos desenhos, pinturas, nas músicas mais bonitas que tocavam. Nos gols do teu time, no teu sorriso maroto e no teu olhar cabisbaixo que já nem estavam ali, mas procurei, de alguma maneira qualquer eu procurei. E só encontrei um pouquinho de você aqui dentro do meu peito, gritando tão baixo que eu mal podia ouvir. Encontrei o que restava de você e quando segurei nas mãos você escorregou aos pouquinhos, bem pouquinhos. Aí eu sumi de você. É verdade, sumi, na verdade eu cansei de te procurar e não te encontrar em canto algum e resolvi sumir de você para te dar uma boa lição e acabei gostando disso de cada um em seu lugar. Sumi. Não dei satisfação, não dei adeus, para quê? Esses dias eu só queria te ver para te dizer que eu sinto (ou sentia) muito a tua falta, mas que agora eu já arrumei um jeitinho brasileiro nessa minha vidinha safada. Eu queria te dizer que eu tenho um outro alguém, que não é lá muito diferente de você, mas eu sei onde encontrá-lo.

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