domingo, 12 de dezembro de 2010

Face to face

  Certo, cinco anos de amizade irreal. Surreal poderia soar melhor, afinal não há como explicar muita coisa. Simplesmente você é interessante demais e sabe disso e eu não suporto odiar você e jogar seu jeitinho esnobe na lata do lixo. Às vezes até tento, mas você tem um jeito muito filhodaputa de não me permitir.



  Foram fucking 5 anos nessa brincadeira de tapas e beijos, amor e ódio que eu até me apaixonei por você, mas desapaixonei em quatro contados dias e ainda assim não achei que pudesse ser tudo tão interessante sem ter você de vacilo nas esquinas da minha vida medíocre.


  Enfim, são cinco anos esperando você um dia chegar e me fazer uma surpresa sabendo que nunca iria acontecer, mas que mesmo assim mentia para mim mesma que sim, talvez para me sentir querida. Cinco malditos anos esperando você para você chegar com seu jeitinho esnobe, me olhar com seus olhinhos esnobes, me sorrir com sua boquinha esnobe, me abraçar com seus bracinhos esnobes e se despedir com sua vozinha esnobe e ir embora com seu jeitinho esnobe e eu esnobar você sem nem me levantar para te cumprimentar e fingir que não me importei muito com sua presença. Óculos escuros disfarçam e se não fossem eles eu teria entrado em você pelos seus poros e me alojado aí no seu coração só pelo sorriso tão lindo que você mostrou quando chegou.


  Mas aí você foi embora, não demonstrou nenhuma emoção muito forte por ter me conhecido depois de cinco anos, e cada passo que você dava era uma pergunta na minha cabeça. Queria saber o que você tinha pensado, e o que estava pensando, e se queria me abraçar ou se queria puxar uma cadeira, jogar a prancha para lá e contar alguma coisa, ou perguntar alguma coisa, ou sorrir um pouco mais ou me esnobar um pouco mais, ou beber uma cervejinha e falar que a de lá do barzinho da sua rua é muito melhor.


  Se fosse no nosso mundo de mentira, a gente continuaria trocando confidências, elogios, piadinhas. Eu corria para te contar como foi meu dia e ele seria incompleto se não tivesse você. E o seu dia? Como foi? E qualquer coisa que me acontecesse, eu pensava em você. Eu precisava contar para você, avisar a você, lembrar de você, pensar em você e depois me cansar de você, sumir de você por dois ou três dias e depois te procurar ou esperar um pouco mais para te esperar me procurar. Vezes sim, vezes não, o que importa é que não dava para fingir simplesmente que você não me havia.


 E de repente como assim face to face? De repente você estava ali. Tão bonito, tão esnobe, tão alto, tão pálido, tão você. Quando você chegou bem pertinho de mim eu senti como se esperasse por você durante a minha vida inteira, como se todas as noites antes de dormir eu planejasse o instante que fosse te ver pela primeira vez e já soubesse exatamente o que dizer. Mas eu não sabia, por isso menti, fingi. Dei um sorriso, fingi que sou legal, não levantei para demonstrar frieza e não conversei muito para demonstrar desinteresse, mas juro que não farei mais isso. Que tortura.


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