De algum ângulo a vida de um terceiro se torna mais
interessante, mais atraente, mais empolgante. De algum ângulo torto, de alguma
esquina, de alguma rua e viela que ninguém passa, de alguma transversal, do pico de algum lugar, do topo de alguma
montanha e da sutileza de algum malícia falar da vida alheia parece ser mais
interessante, mais atraente, mais empolgante.
Preencher sua alma vazia com as almas vazias e as vidas vazias das outras pessoas não faz o oco doer menos, não faz
o oco doer mais. Cutuca o oco, provoca o oco, faz o oco doer. O oco que deveria
não haver, dói. Dói na intensidade do seu passado, ainda dói como antes. Um oco
escroto que ainda sente dor.
Então, irmão, pegar seu pedregulho safado e jogar na roda
não é a melhor opção. Pegar seu pedregulho safado, dilacerado, em pedaços, cheio
de dor e mágoas e jogá-lo nas mãos de quem lhe quer bem, não é honesto, não é
justo. Pegue de volta essa porcaria!
Junte os frangalhos dessa merda e peça uma dose. Coloque
tudo para dentro cada um na sua forma e tente mais uma vez seguir em frente. A
vida é desse tipo, dê o outro lado e siga em frente. Se nada der certo beba mais uma dose, e outra, e outra. Beba
até acreditar que será a dose certa para o agressor te digerir e se aceite no
final, se aceite no final, se deguste no final que o próximo capítulo só quem
sabe é Deus.
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