sábado, 18 de junho de 2016

A primeira promessa começa no vazo. Com a cabeça encostada e a boca ainda suja do vômito das palavras que você por muito tempo não podia falar. Mentira que nunca mais vai beber. Você vai. Vai encher sua cara e acabar no meio fio da sua esquina achando que seu quarto foi levado pro Japão. Depois descobre que se você se arrastar mais um pouco o Japão é bem ali e vai lhe acolher no tapete do banheiro com desenho de patinhas de cachorrinho.
Depois da primeira promessa vai vir a primeira culpa. A de que você poderia ter feito algo diferente, mais uma vomitada e você sabe que poderia ter feito tudo diferente. TUDO DIFERENTE. Mas aí não seria você. Então agora além de vomitar você chora. Chora pelos olhos, pela boca, pelo coração.
Depois da promessa vem o primeiro desespero. Aquele de querer voltar o tempo e começar a mudança bem de lá do comecinho. Das coisas mais banais. Do brigadeiro que poderia ter evitado à palavra que não precisava ser pronunciada. E você pronunciou. A troco de nada. E no fim perdeu tudo.
Depois do desespero vem a primeira depressão. O chão frio proliferado por bactérias e a privada geladinha e dura parecem que são seu habitat natural. Você se sente um bosta. Não quer sair dali nunca mais porque você sente como se ali fosse exatamente o seu lugar. O lugar dos dejetos.
Depois da primeira depressão virão todas as outras. Até que você entende, embora JAMAIS aceite, que "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia". E depois de tantas outras depressões elas vão continuar vindo como se você fosse a privada e elas os dejetos e em sua mente e seu corpo fadigados elas vão fazer seu habitat natural.

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