sábado, 14 de fevereiro de 2009

Que a vida nos una.


Quero a droga de um infeliz qualquer que eu possa fazer feliz. Um homem que passou despercebido por mim por tanto tempo e de repente eu perceba, quero que ele me perceba também. Quero um estúpido que não minta para mim, que queira ter-me perto, mais perto. Que me ame. Que olhe no meu olho e diga o que a boca não consegue falar, o que o coração não descreve, quero que me faça sentir mulher e equilibre o tom da voz em uma discussão. E que esse mesmo cara nunca me troque por uma guitarra ou por um... Stradivarius.
Quero a droga de um homem que fique ao meu lado quando eu estiver prestes a cair no abismo e que espere do lado de fora quando eu precisar ficar sozinha, depois entre e me abrace, é isso o que eu quero.
Que dance melhor que eu e que me ensine a dançar, que faça rir mais do que eu e que não tenha medo de dizer que me ama. Quero um cretino que eu possa confiar, jogar cartas e não conseguir trapacear, quero um cretino que me dê atenção, me ligue poucas vezes ao dia, mas ligue.
Um homem que seja homem e que eu não tenha medo de perder para nenhum outro homem e nenhuma outra mulher. Quero que ele saiba me dizer Não e também saiba dizer Sim, que tenhamos choques de personalidade, cada um com a sua e tentando se adequar à outra. E que consigamos. Quero que ele tenha lido ao menos três livros na vida, saiba cantar qualquer música do Chico Buarque e quando ver um cd dele sobre minha cama não pergunte coçando o saco “Quem porra é esse escroto aí?”.
Ele deve ter caráter, deve medir as palavras, respeitar meus amigos, saber bem sobre a lenda de Tristão e Isolda e se não souber me deixar contar mesmo que ele nem queira saber. Se fumar que não fume Derby, se não, que respeite esse hábito. Se gostar de música que não seja reggae, mas se gostar do que eu não gosto, que tenha qualidades melhores que possam suprir esses “defeitos.” Quero que ele me respeite, converse comigo, olhe na minha cara quando quiser falar o que for, quero que ele saiba que eu odeio certas coisas e não as faça por pirraça para se divertir às minhas custas, que prefira o frio ao calor e que faça o favor de escolher um bom lugar para quando eu virar uma dose de Tequila, virar para ele e perguntar “Se você fosse uma casa, onde gostaria de ser construído?”. Falando em Tequila, quero um homem que saiba beber, que conheça seus limites e que saiba mais ainda quando deve ou não ultrapassá-los. E se não beber o álcool traiçoeiro de todos os finais de semana me fará um grande favor. E que ele me ame.
Eu quero a porcaria de um homem que me faça vê-lo com olhos mais doces, e não amargos como aprendi a olhar depois de certos homens que me passaram, quero ver que ele não é porcaria e isolar pedindo perdão aos deuses dentro das árvores.
Quero que esse desgraçado não me deixe ir embora se em uma tarde eu sem querer perder o juízo, quero que ele me segure pela mão, me faça ficar sem implorar, só com um abraço que eu queira sempre um pouco mais. Que ele vá comigo tomar sorvete e respeite meus Transtornos Obsessivos Compulsivos. Quero proteção, quero que quando ele me abrace eu sinta que o mundo inteiro pode tentar me atirar pedras e nenhuma vai me atingir.
Quero a porcaria de um homem que eu possa amar incondicionalmente, possa passar quatro, cincos dias, semanas distante e quando voltar ter certeza que os lábios serão sempre meus e de mais ninguém. Quero atenção, carinho, afago.
Não quero um homem que me diga o que devo e o que não devo fazer, quero que ele expresse opinião, conselhos que poderiam ser vendidos por preços altíssimos, quero um homem decidido.
Quero saber que nunca estarei sozinha, que aonde quer que eu esteja eu sei que em algum lugar do mundo terá alguém me esperando e que esse alguém seja ele, quero que ele seja meu sem sentimento de posse, e eu quero mais ainda o vice-versa.
Quero que ele saiba brincar e que saiba aceitar brincadeiras, se jogar futebol eu quero que faça um gol para mim e se tivermos um bebê eu quero que ele tenha necessidade de colocá-lo no braço e chamá-lo de filho (a). Eu quero um homem que possa ser um bom pai mesmo que decidamos não ter filhos e que me ame. Quero muito.
Eu quero a droga de um homem que não me faça querer voltar atrás, que não me faça querer desfazer todo esse bordado por ter decepções contínuas. Eu quero que ele se preocupe comigo, não me prenda, não me ignore, não me troque por ninguém e não esqueça ninguém por estar comigo.
Eu quero a droga de um homem que me faça viciar nele, nos beijos, presença, cheiro, carinho.
Se souber tocar violão, que toque músicas plausíveis, se souber tocar violino, que aprenda a tocar Bittersweet e se não puder, que toque qualquer canção que me faça sorrir de satisfação.
Quero que eu o chame e ele vá, e que quando me chamar eu não queira ficar.
Quero a droga de um homem que me ame de verdade e não que tenha que me amar, que não me deixe na mão, que fique comigo até altas horas fazendo porcaria nenhuma e não ache que foi uma noite perdida. Quero que ele goste da chuva, que saiba ver beleza em pequenas coisas e que tenha o ego em um nível considerável normal, comum. Quero que ele não tenha medo de arriscar, que ele saiba dar valor, quero que ele não arrume confusão, mas que imponha respeito, e eu quero muito mais o Et cetera e tal.
Um homem paciente, que traga flores. Que segure minha mão, que sinta saudades, que me deixe respirar, que me ame.
Que fique comigo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza até que a morte nos separe.
Quero que ele saiba insistir sem me deixar sem graça e saiba a hora de parar, quero que ele pense em mim, tenha seu orgulho, mas que não deixe isso tomar conta dele, quero a desgraça de um homem que eu tenha medo de nunca mais abraçar e nem ouvir a voz singela falando qualquer coisa em meu ouvido.
Quero um infeliz qualquer que eu veja e tenha a necessidade de agradecer a deus por tê-lo posto em minha vida, quero tomar café ao lado dele, dividir o jornal com ele, jogar Poker com ele, dormir e mais ainda acordar com ele. Quero ter um desses que eu não queira olhar para nenhum outro, por ele ser tudo o que eu preciso. Um homem quase perfeito aos meus olhos e que seus defeitos sejam efeitos na luz do dia e condições na luz da lua. Quero um homem espontâneo.
Eu quero um homem que saiba a sutil diferença entre o mundo real e a fantasia, que tenha as porcarias dos pés no chão.
Eu quero alguém que me faça sentir querida, que peça desculpas quando necessário e que tenha paciência para virar a noite montando quebra-cabeças na sala comigo.
Quero a droga de um homem que tenha medo de me perder, que não fale pelos cotovelos, que prenda a minha atenção e que me faça apaixonar por ele cada dia um pouco mais, que possa descobrir nele cada dia uma coisa nova.
Um que seja diferente daquele, muito parecido com você, mas que dessa vez seja meu.
Eu quero a droga de um homem que não existe, um homem que não existe.
Então depois de tanto, eu que posicione meus pés no chão.

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