sábado, 26 de março de 2011

Eita, deus.
Vinícius, cadê você na minha casa? Deitado na minha cama lendo as frases da minha parede? Cadê você assistindo meus filmes e cantando minhas músicas? E cadê você na minha escada reclamando que o 3º andar é longe demais? E perguntando como é que eu não emagrecia se subia aquilo tudo várias vezes ao dia? Cadê você na minha rua e no meu Natal? Na minha praça, no meu banco, no meu colo. Cadê você Vinícius? Cadê você me ensinando a andar de skate e descongelando comida para o lanche da tarde? Seu banheiro sem chuveiro? Sua guitarra com olhos e uma boca com vontade de devorar o mundo? Seus shows com samba canção e cabeça baixa?
Como eu tenho coragem de achar que foi melhor assim, meu deus? Eu queria você comigo nem que fosse como um vegetal, mas DEUS! Você não merecia, meu anjo!
Como eu permiti não te ver todos os dias como acontecia há algum tempo? Como eu permiti passar um minuto ao seu lado e não te abraçar? Como eu OUSEI não te dizer tantas vezes o quanto você era/é importante para mim?
Meu garotinho, eu não conseguia te ver triste, eu tinha vontade de roubar a dor do seu peito e engolir de uma vez só! Eu queria poder te levar pela mão para onde quer que você quisesse ir para que você não precisasse nunca mais andar naquela moto tão bonita e traiçoeira, como gatos.
E em pensar que na última vez que eu te vi eu fiquei brincando com teu capacete e o coloquei na cabeça e fiquei pensando ‘como isso tem um cheiro bom’. Era teu cheiro, Vinícius. Era o cheiro de quem vai embora e vai deixar uma dor filhadaputa no peito e um nó que nunca mais desata na garganta. Era esse o cheiro.
Era o cheiro de quem deveria ter te convidado a morar na minha casa só para não ter que perder você para sempre! Era o cheiro que queria me dizer alguma coisa e eu não entendi. Quando você foi ensinar o Lucas a andar na moto e ele caiu e se machucou e tudo o que eu pensei foi ‘como assim tão rápido?’. Um minuto quer dizer tanta coisa. Em um minuto eu posso te dizer tanta coisa que esse minuto seria eterno.
Cadê você no meu telefone? Me ligando, me mandando mensagem, me chamando para sair com “os caras”? Cadê você na formatura do ensino médio da minha irmã? Bêbado, deitado no sofá, dizendo que vai para casa de táxi? E minha Miss Mag te levando em casa e dizendo o tempo inteiro o quanto você é um menino bom, só bebeu demais.
Cadê você me trancando no hall do prédio já que nenhuma das duas portas abria direito? Cadê você me mandando parar de fumar e me ensinando a tocar guitarra? Dizendo que gostava da minha voz, que queria que eu cantasse um pouco e parando um ensaio da sua banda para que eu cantasse Bizarre Love triangle, no Stúdio Poker, há tantos anos.
Eu sinto tanto a sua falta que não agüento mais me encontrar procurando por você. Tem o seu nome na minha parede, nas minhas duas paredes. Tem o seu nome no meu peito, seu cheiro no meu olfato e a sua voz é música para meus ouvidos todas às noites antes de dormir. Às vezes eu te sinto tão pertinho de mim que dá vontade de te abraçar, e eu sei que você iria sentir e me abraçar de volta. Às vezes eu fico pensando, como seriam as coisas se elas não tivessem sido interrompidas? Todas as coisas que são inte
rrompidas. Cadê você Vinícius? Está em algum lugar que não dentro do meu peito?

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