terça-feira, 16 de outubro de 2012

         Os tempos andam difíceis. Não é fácil digerir certa ausência, certo silêncio, certo faz de conta, certas mentiras. Observe o plural das mentiras, que nunca cessam, nunca acabam, nunca deixam de se multiplicar, nunca deixam em paz. Os tempos andam difíceis porque quanto mais ele passa, mais coisas aparecem e mais problemas surgem e precisam ser resolvidos. Problemas de verdade! Contas precisam ser pagas, provas que serão realizadas e trabalhos que concluem cursos e tiram as pessoas do sério e também o IPVA de um carro que nem é seu e você nem sabe o que significam essas letrinhas. A gasolina cara que você paga por ter uma falha no sistema de governo do seu estado e também começa a chover quando você está no meio da rua e molha seus trabalhos, apaga seu cigarro, enche seu copo de vinho de água.
          Problemas de verdade vão surgindo e é necessário resolvê-los e o que mais se deseja, no fim do dia cansado e encharcado não só de chuva, mas também de suor e lágrimas, é que o tal fique para trás. 
É que sua mente que já roubou tanto tempo seu dessa vez foque no que vale realmente a pena e lhe permita seguir adiante sem tropeçar numa chance nova que você dá, sem tropeçar na sua própria espera de uma chegada incerta, ou certa que não vai chegar. 
          Sua mente já tentou de várias formas fazer com que as coisas se encaixem, mas se encaixam no lado errado. É preciso deixar o passado respirar no passado e viver ou morrer por lá, sem interferir mais no que você almeja para o futuro. O motivo da sua dor precisa ser esquecido por um tempo. Trate a ferida e siga. Alivie a dor, assopre cada vez que arder até que crie uma crosta, essas dores sempre passam. É preciso que você deixe o tal no mundo que ele escolheu, e também que ele deixe de ser peso nos seus ombros, deixe de ser uma incógnita, uma dúvida, um problema, um talvez, um espero, um eu ligo, um saudade, um amor, um coraçãocompletamentedestroçadosemplanosparaumareconstruçãodigna e seja parte de um passado que um certo dia não doa mais. Um passado que, com fé, não vai doer mais.

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