segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

  A noite foi logo uma grade merda. O colchão tinha perdido o formato do meu corpo e eu acordava a cada hora para tossir até querer morrer. Acordei cedo porque o sol entrou pela janela e não era o Falcão cantando, queria invadir meu quarto, invadiu. Nem lembro se tive café da manhã, lembro só que pensei nele, mas logo esqueci. Depois fiquei pensando em como eu pensei e logo esqueci e isso me tomou todo o dia, mas o dia inteiro mesmo. Até no cinema ele estava lá! Na poltrona vazia ao lado, na tela, na lanterna do lanterninha, no milho da pipoca, ele estava o tempo inteiro. Estava na tosse pertinente e também nas lágrimas dos vizinhos. Pensava que o filme seria também uma grande merda, mas nem foi - apesar de que eu nem lembro como começou.
  Sei bem que aos poucos as coisas vão se encaixando, encaixando e quem tiver que ficar, vai ficar.
  Eu sei que esqueci novamente, por muito tempo. E quando lembrei já estava me debulhando em saudades no chão do quarto, escrevendo uma música dramática na parede como se não tivesse papel nessa casa.
Mas aí eu esqueci de tudo isso e voltei à minha nadamolevida real.

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