quarta-feira, 13 de março de 2013

  Ano passado entrou um menino na minha sala que é a coisa mais bonita de se ver. Ele tem os olhos mais brilhantes e a barba por fazer mais formosa que eu já vi em toda, eu disse t o d  a a porrada  minha vida.
  Então eu esperei até o fim da chamada para descobrir o nome dele, sendo que eu esqueci a porra do nome dele. Lembrava só do "Fulanodetal".
  O ano acabou e não trocamos uma palavra sequer, ele nunca me via. Eu poderia sambar no birô que ele não ia reparar em mim.
  Oh, Fulanodetal, tenho algo a lhe dizer, se você soubesse como esperei o tempo todo por você.
  Nas voltas que a vida dá, o cara de camisa xadrez e que sempre esquecia o caderno é ex marido da minha amiga. Claro. Ex marido de uma amiga. Aí enfim, o fim.
  Ano novo, vida nova, turma antiga. Achei que ele não fosse mais voltar.
 Em pleno mês de março os olhinhos brilhantes clareiam a sala de aula, tentei puxar conversa, mas é um rei de poucas palavras.
  - Cadê seu caderno?
  - É, não trouxe...
  - Ah...
Fim. 
  Sendo que hoje ele tirou a barba!
 - Cadê sua barba?
 - Eu falhei aí tive que tirar tudo, não gosto de ficar sem barba.
Ele pode ter dito um livro ali na minha frente que tudo o que eu me lembro depois disso é de tentar me desafogar dos olhos dele. Coisa linda.
 - Erm, a aula ainda não começou, quer ficar ali conosco?
 - É melhor subir...
 - Opa, ok, então. Até já já!
O intervalo durou uma eternidade até a hora de vê-lo novamente.
Quando a aula acabou aquela voz suave falou:
 - Ei, me empresta o seu caderno?
Mostrei uma folha que tinha em mãos e disse:
 - Iiihhhh, eu não trouxe!
Então ele sorriu - com o sorriso lindo - dizendo:
 - Só queria saber seu nome, na verdade.
Morri mil vezes em dois segundos e disse:
 - Juciana. Juci. Poderia ter esperado a chamada. Hahaha
Quase completava: Como eu fiz um dia!



Nota de rodapé: No fim se transformou em ilusão. Beijos.
  

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