sexta-feira, 10 de maio de 2013


É um poema de Jorge de Lima, chamado "As duas meninas de tranças pretas", ele diz assim:


Eram duas meninas de tranças pretas
Veio uma febre levou as duas.
Foram as duas para o cemitério:
Ambas ficaram na mesma cova.
Por sobre as pedras da sepultura
Brotou bonina, brotou bonina,
Nasceram plantas, nasceram mais plantas:
Flores do mato, canas da várzea:
A sepultura virou canteiro.
Aves vieram cantar nas plantas, levaram sementes por sobre o mar.
Os peixes levaram essas sementes
Até as Ilhas do Karakantá.
Ali brotaram flores estranhas
Donde vieram flores tão raras?
Ah! Só o poeta saberá.
E então sonhou com as duas meninas:
Que ambas dormiam na mesma cova,
Que flores nasceram na sepultura,
Que a sepultura virou canteiro,
Que peixes levaram sementes das flores
Para aquelas ilhas do Karakantá.
O sonho do poeta o vento levou,
Levou para um astro desconhecido.
E aí chegando tornou-se um mar:
A água do mar virou arco-íris.
Então uma deusa pegou o arco-íris
E fez um pente para se pentear.
E tanto se penteou a deusa do astro
Que deu a luz a duas meninas
Sabeis quem são as duas meninas?
As duas meninas mais belas que há?
Ah! Só o poeta saberá.




Bonina:

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