sexta-feira, 3 de abril de 2009

A pausa constante em um ciclo vicioso.



Um dia eu achei que tudo estava muito bem e sem querer me apaixonei por um rapaz.
Ele nem sabia que em algum lugar do mundo eu existia, ou talvez soubesse, mas ainda não havia me conhecido. E o destino, irônico como sempre e nunca falhou, fez-se útil e uniu-me a ele. E da maneira mais imoderada possível, mais desenfreada, ele diante de meus olhos é a personificação da perfeição, pois seus defeitos são tão minúsculos que se perdem entre um sorriso e outro e nunca me parecem vivos.
Com o tempo, parcialmente curto, criamos um vínculo, o dono dos meus sonhos e desejos é gay, e eu respeito.
Apesar de que meu pobre coração em apuros não resistiu e espatifou, mas ninguém viu.
A situação é a mesma, embora tenhamos aqui personagens de uma mesma peça, mas invertidos, se é que você me entende.
Ele não é meu, nunca vai ser meu, mas eu digo desde já que eu não posso mais viver sem ele.
E por mais que você diga que eu não poder é exagero por demais, eu salto na frente e esclareço: Eu posso, eu não quero.
Essa história de alma gêmea, metade da laranja, tampa da panela, não é verídica. Os amores mudam, as coisas renovam, as coisas acontecem sem que você tenha a extrema necessidade de procurar. Vez ou outra, o “alvo” é incerto e você vê que quem você procurava estava em um ângulo tão distorcido que nem a visão periférica captou, as coisas acontecem, simplesmente acontecem. Enquanto outras vezes você quer muito que se encaixem, mas não dá certo.
E o incerto tantas vezes é o melhor que poderia lhe acontecer e você fica sem saber decifrar o que deveras sente, como aquele cara falou “Não sei se é trágico ou mágico”.
Pois eu sei, é mágico.
Eu já ouvi música e pensei nela, lembrei da voz dela e do jeito bonito que ela tem de falar. Escrevi um retalho de crônica e pensei nela, de quando ela entrava e saía do mar. Vi uma estrela cadente e pensei nela novamente, a cor da estrela lembrava os fios soltos do cabelo dela. E isso não te machuca, isso não me machuca, isso não machuca ninguém. Quanto custa deixar tudo como está e o que tiver que ser, será? Eu pago o dobro – se dividir no cartão.
Mas é aquela história, se não for ela, não será mais nenhuma. É uma regra que eu tive a audácia de impor para mim mesma para parar com essa coisa de agir sem estribeiras, embora seja natural da minha pessoa – manda beijo.
Na verdade, acho que você está confusa demais. É muita coisa na sua cabeça, minha menina, e se por acaso afastar-se de mim é a maneira mais fácil de fugir de uma bobagem como essa, faça-o, mas não volte, eu sou prática. Não costumo ficar esperando por quem pede arrego, por quem pede penico.
Eu me conheço há dezoito, quase dezenove anos, e daqui a poucos dias eu estarei rindo disso que aconteceu. Vai entrar na minha história: O dia em que o impossível veio à tona, ou quem sabe, falar como Caio Fernando: O amor não é para o meu bico.
Vai ficar tudo bem. Como acabei de falar, em poucos dias isso acaba. Ele continuará com ele, você continuará com ele, ela continuará com ela e eu continuarei aqui escrevendo as coisas que eu passei a vida inteira guardando dentro de mim.
Eu já vi esse filme.

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