sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu queria ter a coragem de te mandar para um lugar muito além da puta que o pariu. Preencher meus vazios com vida, com sabores, doçuras, truffas de cereja. Mas você já os preencheu com saudade e esse fruto está apodrecendo todo o resto.
Por isso ainda não decidi se roubo a minha vida que te dei e vou sofrer em Paris ou se me entrego completamente a essa loucura que é amar você com tudo o que resta do meu corpo, do meu ser, do que resta do meu resto, do resto de mim.
E cá está meu coração, minguando, desaflorando, amanhecendo e levando a estrela para um lugar que eu não consigo mais ver o brilho. Cá está tão aos pedaços, tão machucado, maltratado e seco, vazio. Matou-lhe a sede e logo em seguida o deixou ao léu.
É, foi embora. Não olhou para trás, não ligou nunca mais, não mandou notícia alguma.
E eu que não tinha coragem de te mandar para a puta que o pariu.

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