quarta-feira, 23 de novembro de 2011

   A noite estava linda e o vento estava tão forte que às vezes me tirava do lugar. Às vezes eu também me perdia no tempo e no espaço, pensava em mil coisas e quando me dava conta estava atravessando outra avenida. Os sinais estavam meio desnorteados e as pessoas pareciam não me ver, mas mesmo assim, mas ainda assim, a noite estava linda.
  Ela estava tentando me dizer que alguém ainda em vida havia me deixado. Queria dizer que eu não tinha perdido ninguém, tinha recuperado um pedaço grande de mim. Talvez por isso estivesse linda.
Cheguei a pensar que nunca chegaria ao meu destino, que nunca alcançaria meu foco e não chegaria a tempo. Que ficaria na mira de mil revólveres e pediria perdão pelos pecados em alguns segundos antes de alguma tragédia que graças à ela, a noite linda, não aconteceu.
  Portanto, apesar de você, tudo ficou misteriosamente bem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu passei anos da minha vida esperando esse telefonema que você não quer atender. 
Um dia ela me ligou mil vezes e das mil eu não atendi nenhuma, achando que ligaria um pouco mais. Foram anos, ANOS esperando que ela se arrependesse e ainda tivesse meu telefone de cor e ligasse. Eu sabia que ela nunca ia se arrepender, ela era bem desse tipo. Seguia em frente porque dizia que andar em frente olhando para trás faz o cara tropeçar.
Você faz isso porque nunca a perdeu. Porque ela nunca passou por você e esnobou, e fingiu que fosse uma pessoa que nunca houvesse visto em toda a vida. Porque ela nunca olhou na sua direção fazendo você se sentir um lixo - APENAS com o olhar - e passou em frente, como se você fosse um completo estranho. Você faz isso porque esquece que ela faz parte de cada coisa que acontece na sua vida, sem ela perceber e tampouco você. Pare, pense! Suas roupas, seu emprego, suas filosofias, suas manias, lugares para lanchar, até a forma de apertar o botão do controle! Ela está em tudo, no seu guarda-roupa sem chave, no seu cão, nos arquivos do seu computador, na sua playlist, nos seus sapatos, suas roupas de baixo, sua barba.
Você não atende a esse telefone porque ela já se importou tanto com você que você acha que ela vai sempre se importar. Não atende porque tem várias outras nas mãos que não te deixam ver que é só ela que você quer e que se não atender esta merda AGORA, você nunca mais a terá - e NÃO adianta ligar de volta, só se for para se confortar e dormir pensando 'eu tentei'.
Porque ela nunca passou e deixou você pensando "Caralho, que merda, ela consegue viver sem mim. O que eu faço agora?" . O que o cara faz, mermão? O que o cara faz quando descobre que é ELE que não consegue viver sem ela? 
Eu não podia viver sem ela e só descobri quando ela passou e foi.
Você vai conseguir machucá-la até a última gota de força que ela tiver, mas mermão, quando ela acordar de manhã - ou simplesmente quando essa ligação cair - e decidir seguir a vida sem você aí, mermão! 
você vai comprar um carreteiro e falar esse monte de merda que eu estou falando agora.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

 
  Às vezes eu fico procurando umas frases prontas para tentar te atingir - como a adolescente faz para tentar abraçar de alguma forma a pessoa que ama-, esquecendo que as vezes que consegui foi olhando para você e sendo sincera. Embora você depois não tenha dado a menor importância e agido como se quem mandasse nisso tudo fosse você e como se realmente não se importasse mais nem um pouco sequer. Seus olhos de desprezo e suas costas me dizendo adeus foram responsáveis por alguns estragos aqui dentro. 
  Pois bem, é esquisito quando algumas coisas passam a tomar rumos que não deveriam tomar, mas que apenas não dá para modificar mais nada e se der a gente acaba deixando ir assim como queira, no caminho errado, se equilibrando em linhas tortas achando que se ficar pior do que está é porque nos fará um pouco mais fortes. E faz, pior que depois que a dor passa e o peito começa a afrouxar um pouco, a gente vê que de alguma maneira fez a gente mais forte.
  Eu não quero mais isso para mim, eu até gostaria de ter você para mim, mas não esse seu novo “eu”. Eu queria o velho, que me fazia surpresas, me ligava na madrugada para dar boa noite e me trazia bombom no meio do dia. Como quem não quer nada, como quem está de passagem e tem uma brilhante idéia “Ah, vou ali levar um bombom para a moça bobinha que passa o dia no sofá esperando uma atitude bonita’’. Esse eu queria para mim. Que saía de casa a qualquer hora porque sentia saudades, que mandava recados, mandava cartões, dizia coisas bonitas ou nem dizia nada, só me olhava de um jeito diferente. As pessoas têm mania de dizer “é que no começo é assim”, mas quando passa a não ser mais é porque acaba, porque chega no fim que no início parecia tão distante e que de repente já está li, apertando sua garganta e te obrigando a largar tudo e voltar a sua vida medíocre e só. Com um café já frio, um jornal da semana passada e a tevê ligada em um canal que você nem vê.
  É isso o que a vida faz. Ela te dá oportunidades, te dá presentes e perseverança e de repente tira tudo de uma só vez, em uma luvada só. Então você cai, se machuca, cansa. Mas cabe a você se levantar e começar tudo outra vez ou ficar ali esperando que a mesma mão que te derrubou, te levante. E acredite, isso quase nunca acontece.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

E eu fico a tarde olhando para você enquanto você olha para mim e eu fico sem saber exatamente o que você encontrou aqui e que somente você vê. São defeitos, meu amor, não são efeitos. Vê se acorda.
"vi as fotos, deu saudade, deu ate vontade de chorar, e a angustia de saber que nada ia voltar a ser o que era, e ver a inveja passando na minha frente por eu não esta ali, ali naquela fotografia, e por você sorrir tanto mesmo sem esta ao meu lado, você conseguiu ser assim, tao feliz sem mim.."

quinta-feira, 29 de setembro de 2011


Mariella

Eu sou desajeitada, pelo menos.
Minha mãe pensa que eu seria uma "clutcher"* terrível, porque eu derramo coisas por pegá-las muito rapidamente.
De longe, sou a que fala mais alto.
Tipo, quando eu tenho uma opinião, eu tenho que desabafá-la.
Eu rio de coisas estúpidas, apenas porque elas me agradam.

E, às vezes, eu desejo, às vezes eu desejo que eu fosse tipo Mariella.
Ela tinha alguma cola em bastão e colou seus lábios juntos.
Então ela nunca tem que falar, nunca tem que falar, nunca tem que falar.
Pessoas costumam dizer que ela é quieta como um rato, ela simplesmente nem olha.
Ela marchou para seu guarda-roupa e jogou todas as roupas coloridas fora, porque usar preto era misterioso, mas isso não impressionou sua mãe.
Ela queria vestir seu bebê com estampas e flores, mas Mariella apenas cruzou seus braços e então ela chorou por horas.

Mariella.
Mariella.
Minha linda, pequena menina.
Descole seus lábios e vista um pouco de rosa e pérolas.
Você pode ter seus amigos por perto e eles podem ficar para um chá.
Tente pelo menos se entrosar, faça isso por mim.

Mas Mariella apenas cruzou seus braços e subiu as escadas e foi para seu quarto, e sentou-se em sua cama.
E ela se olhou no espelho e pensou consigo mesma "Se eu quiser brincar, posso brincar comigo, se eu quiser pensar, pensarei em minha cabeça."
Na escola, Mariella não tinha muito amigos, é, as meninas, elas todas olharam para ela e a acharam um pouco estranha.
E os menino, não são muito afim de garotas nessa idade.
E os professores, eles pensavam que Mariella estava apenas passando por uma fase.
Mas Mariella apenas sorriu e continuou na estrada, porque ela sabia todos os segredos de seu próprio mundo.
É, todas as noites ela faz palavras cruzadas.
E ela pode falar o alfabeto inteiro ao contrário, sem cometer nenhum erro.

Mariella.
Mariella.
Linda, linda menina.
Mariella.
Mariella.
Feliz em seu próprio pequeno mundo.
Feliz em seu próprio pequeno mundo.

E ela disse: "Eu nunca nunca nunca nunca nunca nunca, é, eu nunca nunca nunca nunca nunca, eu nunca nunca nunca nunca nunca irei desgrudar meus lábios."
Ela disse: "Eu nunca nunca nunca nunca nunca nunca, é, eu nunca nunca nunca nunca nunca, eu nunca nunca nunca nunca nunca irei desgrudar meus lábios."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Vc diz que ama a chuva mas você abre seu guarda-chuva quando chove.
Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando
o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas
quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo, você também diz
que me ama."
  Eu queria ter coragem de jogar tudo para o alto e arriscar mesmo, mas tenho medo, mas não é medo, é repreensão, mas não é repreensão é... dúvida, é incerteza, é covardia ... é... não sei, mas sei que não posso, eu sinto que não posso.
  Eu me apaixonei pela sua inocência, seu sorriso, sua honestidade, mas eu sei que não seria capaz de te fazer feliz, eu sei disso. Eu roubaria sua infância, sua liberdade, e pior, sua inocência.
  As pessoas deveriam aprender que não deveriam machucar ou pôr em risco qualquer fator que foi capaz de fazer você despertar qualquer sentimento bom e acredite, não me perdoaria se machucasse a sua inocência. E eu sei, o pior é que eu sei que há uma porcentagem de chance de eu ser capaz disso e prefiro não arriscar. Você é doce e merece alguém doce como você. Por favor, me desculpe e tente me entender. Eu sou capaz de suportar uma porrada da vida, e das fortes! Mas agredir alguém como você é demais para mim.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"O telefone existe, mas não chama"
"Primeiro procura apartamento, depois trabalho, depois escola, depois, se sobrar tempo, amor. Depois, se preciso for, e sempre é, motivos para rir e/ou chorar ― ou qualquer coisa mais drástica, como viciar-se definitivamente em heroína."