quinta-feira, 21 de maio de 2009

Mais um trago.

Ela é cheia das coisas, das músicas, dos textos roubados de alguém que sentiu a dor de verdade. Cheia dos sentimentos copiados e colados e cheia das dores poéticas e escritas que nem foi ela que escreveu. Eu não quero saber se ela deveras sente, tenho medo do que você deveras sente. As pessoas arrumam maneiras para se expressar, eu faço isso também, há músicas que falam melhor por mim do que eu mesma. Há silêncios que falam melhor por mim do que minha tagarelice. E ainda assim, eu finjo desconhecer o lema que diz que o silêncio não comete erros e tento te dizer através de palavras o que meus olhares e sorrisos foram incapazes de dizer, fico tentando ser mais franca, mais límpida, o mais transparente possível para te mostrar que dentro de mim só existe você.
Entende? É difícil ter que aceitar que de uma maneira ou de outra, é tudo platônico. Tudo não vai poder sair dos sonhos, os tais sonhos que eu passo a noite lutando para tentar te tirar de lá e te trazer para perto, mais perto, o suficiente para te abraçar e não te deixar fugir.

Deixa eu te tragar mais uma vez, viajar “até o infinito e mais além”. Deixa-me te beber de uma vez, te virar em um gole só. Deixa-me? Deixa-me. Não deixa. Deixa.Deixa-me assistir o teu sorriso trincado, os dentes travados, sentir o cheiro bom que fica no ar quando você vai passando. Deixa-me pegar sua mão, tocar seu coração com o que eu vou falando. Deixa, não me deixa.

Eu te amo, eu sei, mas somos racionais. Você lembra? A gente não deixa o coração falar mais alto que a razão, embora a minha primeira intenção fosse essa mesmo. E eu fico tentando abafar seus gritos e a penúria de meu ser vai se lamentando enquanto o coração vai desfalecendo aos poucos, aos poucos, bem poucos, numa lentidão de atormentar. Arriscar sem medo, me jogar, cair de cara e se doesse, depois ia passar. Esse vazio é que machuca e não pára nunca de doer. Maldita imunidade que não me serve para nada. Não me serve para o que deveria me servir, não me alivia o que mais me dói.

Maldita imunidade que não serve para nada.
Eu sinto a sua falta o tempo inteiro, eu quero te abraçar o tempo inteiro, você é o meu vício, meu amor, o meu vício. “Eu não quero te ver sofrer”, sabia que eu ficar sem você por dois minutos já é dor? E sabia que eu ter a noção de que ficarei sem você por todos os demais dois minutos da vida também é dor?

E essa dor não se cura, não passa, não alivia, é dor.
“A gente se ama”, eu te amo.
“Minha Gloriosa”, sempre sua.
“Minha neguinha”, mulata, enfim.
“Minha piveta”, piveta?
Hahahaha.
Você dá uma luz na minha vida que até eu me impressiono. Queria nunca mais me afastar de você. Embora eu não possa, eu não deva, eu não queira.Eu quero transbordar em afeto, mergulhar em ternura e me perder da solidão, do frio, do calafrio, do medo. Quero desviar a repugnância do meu caminho, desviar a dor que vai sufocando copiosamente.
Eu quero você comigo, somente.

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