segunda-feira, 16 de novembro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A novidade era o máximo, nã nã nã
E como todo poço tem seu fim (nossa!), todas as pessoas têm suas surpresas e momentos que lhe arrancam um sorriso sem o menor dos esforços.
Pessoas novas são sempre bem vindas, cuidar de pessoas novas é sempre uma boa opção, zelar por pessoas velhas e novas em nossas vidas deveria ser uma virtude para todos, mas já que não é assim, eu consegui aprender isso aos poucos. Você bem sabe, a cultura do meu povo já foi um pouco mais afetiva, mas nessa época eu era muito pequena, mal conseguia alcançar a pia da cozinha.
Depois de ver que algumas pessoas simplesmente esquecem, eu pude ver que do outro lado existem pessoas que simplesmente se lembram, simplesmente assim.
(Lago, obrigada. Hihhihihi, eu gostei tanto de você :P )
Pessoas novas são sempre bem vindas, cuidar de pessoas novas é sempre uma boa opção, zelar por pessoas velhas e novas em nossas vidas deveria ser uma virtude para todos, mas já que não é assim, eu consegui aprender isso aos poucos. Você bem sabe, a cultura do meu povo já foi um pouco mais afetiva, mas nessa época eu era muito pequena, mal conseguia alcançar a pia da cozinha.
Depois de ver que algumas pessoas simplesmente esquecem, eu pude ver que do outro lado existem pessoas que simplesmente se lembram, simplesmente assim.
(Lago, obrigada. Hihhihihi, eu gostei tanto de você :P )
O valor que as pessoas dão, quase sempre me cabe no bolso.

- Pega o telefona, diz que me ama, diz que me adora, não me engana, vocÊ é tudo o que eu mais quero na vida... (8)
Todos os dias – sem exceção – ela vai àquela rua sem saída e encontra as mesmas pessoas, faz as mesmas coisas e isso nunca foi um problema, ela nunca reclamou. A rotina em sociedade onde a sociedade inteira se encontra satisfeita. Pouco possível, mas é verdade.
A priori, se ela chegava trinta, quarenta minutos após o horário que ela costumava chegar, era previsível o telefone tocar e do outro lado da linha alguém perguntar “Não vem hoje não, é moamor?”. Nessa época ela nem levava o dominó, não era por interesse não, era por afeto, por saudade que ligavam, por querer ver. E era assim uns com os outros.
E essa mesma menina passa a semana inteira estudando dois horários e à noite vai a tal rua, ela passa a semana inteira na expectativa de ter um fim de semana maravilhosa, sair na sexta e chegar no sábado, sair no sábado e chegar no domingo e sair no domingo e voltar na segunda, para recomeçar a batalha.
Essa noite, ela perguntou “Chico, você quer dormir?” ele insistiu que não, ela insistiu para tirar a dúvida e ele insistiu que não ia dormir, foi o tempo de um banho que o Chico caiu no sono. Às 22:00 hrs estava todo mundo brincando de lama, cada um na sua cama, e ela aos prantos querendo pular da janela. No final das contas ela chorou tanto que adormeceu, a menina chorou.
Em nenhum instante, n e n h u m instante alguém que ela pensou que talvez ligasse, ligou. O menos provável o fez, chamou para sair, lhe deu boa noite e um “Até amanhã”. Logo o Alex, o mais psicado, o mais esquecido, o mais problemático, somente o Alex ligou.
Algumas pessoas têm a mania de achar que as demais pessoas são apenas servidoras de sorrisos e bem estar, é ruim de acreditar, mas algumas pessoas precisam chorar também. Precisam e fica muito mais fácil quando essas pessoas vêem que estão sozinhas naquela situação, quando essas pessoas descobrem que gostariam muito de abraçar alguém, mas na verdade todos os alguéns possíveis e que realmente lhe interessam estão ocupados demais bolando um baseado, jogando dominó ou fazendo qualquer outra coisa que ocupe suas mãos e empeçam de efetuar um telefonema para oferecer um ombro amigo.
Essa peste dessa menina só queria sumir, somente isso. Queria abrir a porta sem fazer barulho, descer as escadas e nunca mais voltar, somente isso. Não seria nada tão escandaloso, demorariam três dias para sentir falta. Nem o Chico sentiria falta, ele é tão desligado, lhe dá tão pouca atenção que talvez três dias fosse até pouco demais.
É verdade, é verdade, eu concordo, ela nunca foi muito boa em relacionamentos, o fato é que ela realmente acreditava que ao menos desta vez seria diferente. Menina bobinha, colocando a mão no fogo e uma vã ilusão.
Pior que ela gosta do desgraçado, gosta mesmo, mas é que você sabe, conhecendo-a como conheço, acumulando as coisas como só ela acumula, mais uma sexta-feira em casa, mais uma ou duas pisadas no pé dela e ela nem vai esperar a madrugada para sair porta a fora e se voltar, SE voltar, só voltar depois que o sol se pôr pela décima sétima vez.
A priori, se ela chegava trinta, quarenta minutos após o horário que ela costumava chegar, era previsível o telefone tocar e do outro lado da linha alguém perguntar “Não vem hoje não, é moamor?”. Nessa época ela nem levava o dominó, não era por interesse não, era por afeto, por saudade que ligavam, por querer ver. E era assim uns com os outros.
E essa mesma menina passa a semana inteira estudando dois horários e à noite vai a tal rua, ela passa a semana inteira na expectativa de ter um fim de semana maravilhosa, sair na sexta e chegar no sábado, sair no sábado e chegar no domingo e sair no domingo e voltar na segunda, para recomeçar a batalha.
Essa noite, ela perguntou “Chico, você quer dormir?” ele insistiu que não, ela insistiu para tirar a dúvida e ele insistiu que não ia dormir, foi o tempo de um banho que o Chico caiu no sono. Às 22:00 hrs estava todo mundo brincando de lama, cada um na sua cama, e ela aos prantos querendo pular da janela. No final das contas ela chorou tanto que adormeceu, a menina chorou.
Em nenhum instante, n e n h u m instante alguém que ela pensou que talvez ligasse, ligou. O menos provável o fez, chamou para sair, lhe deu boa noite e um “Até amanhã”. Logo o Alex, o mais psicado, o mais esquecido, o mais problemático, somente o Alex ligou.
Algumas pessoas têm a mania de achar que as demais pessoas são apenas servidoras de sorrisos e bem estar, é ruim de acreditar, mas algumas pessoas precisam chorar também. Precisam e fica muito mais fácil quando essas pessoas vêem que estão sozinhas naquela situação, quando essas pessoas descobrem que gostariam muito de abraçar alguém, mas na verdade todos os alguéns possíveis e que realmente lhe interessam estão ocupados demais bolando um baseado, jogando dominó ou fazendo qualquer outra coisa que ocupe suas mãos e empeçam de efetuar um telefonema para oferecer um ombro amigo.
Essa peste dessa menina só queria sumir, somente isso. Queria abrir a porta sem fazer barulho, descer as escadas e nunca mais voltar, somente isso. Não seria nada tão escandaloso, demorariam três dias para sentir falta. Nem o Chico sentiria falta, ele é tão desligado, lhe dá tão pouca atenção que talvez três dias fosse até pouco demais.
É verdade, é verdade, eu concordo, ela nunca foi muito boa em relacionamentos, o fato é que ela realmente acreditava que ao menos desta vez seria diferente. Menina bobinha, colocando a mão no fogo e uma vã ilusão.
Pior que ela gosta do desgraçado, gosta mesmo, mas é que você sabe, conhecendo-a como conheço, acumulando as coisas como só ela acumula, mais uma sexta-feira em casa, mais uma ou duas pisadas no pé dela e ela nem vai esperar a madrugada para sair porta a fora e se voltar, SE voltar, só voltar depois que o sol se pôr pela décima sétima vez.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Que mulher nunca teve...

Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?
Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?
Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?
Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?
Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha por saudade?
Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
A barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?
Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Que "dele" não lembra nem o nome?"
(Autor desconhecido)
- Eu não sou a única. Beijosmeliga. Hahaha
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?
Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?
Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?
Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?
Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha por saudade?
Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
A barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?
Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Que "dele" não lembra nem o nome?"
(Autor desconhecido)
- Eu não sou a única. Beijosmeliga. Hahaha
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Risco de fogo.

E eu gostava tanto de você. E de tanto gostar, a intimidade ficou demais. Eu queria gritar de volta quando você gritava comigo, mas eu não conseguia fazer nada além de olhar para os seus olhos que me odiavam tanto. Eu fazia silêncio. Você falava mais um milhão de coisas até que uma delas me atingisse, mal sabia que as milhões me apunhalavam em qualquer ângulo que eu me inclinasse, qualquer ângulo que eu me esquivasse. Então eu fazia silêncio novamente, procurava ternura em você por inteiro e não encontrava nada. Eu tentava ir embora e você tentava me comprar com suas desculpas. Desculpa a gente pede quando pisa no pé de alguém. – Eu dizia.
Você tentava segurar a minha mão, mas a minha já não queria mais tocar a sua, como se você fosse uma tocha de fogo gigante e tivesse a intenção de queimar o meu cabelo. Eu só queria ir embora, ir embora sabe-se lá para onde, sabe-se lá com quem, só não queria o seu calor derretendo o meu juízo.
Então você insistia e eu cedia, cedia porque as pernas já estavam fracas de tanto correr. Isso aconteceu uma vez, duas, vinte, milhares, e você acreditando que nada disso nunca ia cansar.
Lembra quando eu te liguei esta última noite e você me foi frio?
Eu fingi que não tinha nada para dizer, mas eu tinha. Eu ganhei um vestido novo, preto, mas eu preciso levar para a costureira diminuir um pouco pois eu prefiro mais curto. Era isso, eu sei que parece bobagem, mas eu fiquei feliz com o vestido novo.
E o casal de senhores que mora vizinho de La Bobonera, quebrou garrafas de vidros nos bancos para que nós habitantes não pudéssemos sentar. O Gauchinho cortou o pé e ficou bem machucado, eu fiz curativo. Todas as garrafas escondidas para quebrar nas cabeças dos caras que querem destruir a nossa área, estão estraçalhadas ao redor dos bancos, camufladas com o capim seco que a chuva não molha faz uns dias. Eu queria te contar também que eu estou pensando em colocar pregos e furar os pneus do carro de um deles, mas eu sei que você não vai deixar, mas eu também não me importo.
Eu gostava tanto de você, você lembra? Eu chegava mais cedo só para te ver e queria que você não saísse mais do meu lado. Você sempre saía e eu não levantava por dois minutos, pensando na possibilidade de você voltar. Você nunca voltava e um minuto depois eu já tinha esquecido de esperar. Eu queria que você fosse mais responsável, mais fiel ao que você diz. Dissesse que ia e fosse, de fato. Dissesse que vinha e viesse, sem pensar. Não deixasse nada para depois e nem esperasse o amanhã para tomar uma decisão boba. Você ainda tem tanto para aprender. Tem tanta barba para acertar, tantos quilos para engordar e tem tanto que provar meu açaí na tigela e dizer que é melhor que o que vende ali na orla. Tem tanto o que aprender, tanto o que parar de gritar e de falar sem rodeios, sem pensar, sem nem saber se é aquilo mesmo o que quer falar. Já viveu tanto nessa vida e as coisas que deve levar por todo o resto dela, você esquece. Por que você é tão desligado e esquece de colocar os pés no chão? Eu não quero política de boa vizinhança quando você quer tanto me jogar pela janela, eu só quero que você seja bem sincero. Eu só quero que você não queria ficar longe, meça as suas palavras, respeite as decisões e viva. Viva como se fosse o último dia, esqueça os meus receios. Bem sincero, bem sincero para que eu pare de gostar de você e aceite o tal do amar você.
Você tentava segurar a minha mão, mas a minha já não queria mais tocar a sua, como se você fosse uma tocha de fogo gigante e tivesse a intenção de queimar o meu cabelo. Eu só queria ir embora, ir embora sabe-se lá para onde, sabe-se lá com quem, só não queria o seu calor derretendo o meu juízo.
Então você insistia e eu cedia, cedia porque as pernas já estavam fracas de tanto correr. Isso aconteceu uma vez, duas, vinte, milhares, e você acreditando que nada disso nunca ia cansar.
Lembra quando eu te liguei esta última noite e você me foi frio?
Eu fingi que não tinha nada para dizer, mas eu tinha. Eu ganhei um vestido novo, preto, mas eu preciso levar para a costureira diminuir um pouco pois eu prefiro mais curto. Era isso, eu sei que parece bobagem, mas eu fiquei feliz com o vestido novo.
E o casal de senhores que mora vizinho de La Bobonera, quebrou garrafas de vidros nos bancos para que nós habitantes não pudéssemos sentar. O Gauchinho cortou o pé e ficou bem machucado, eu fiz curativo. Todas as garrafas escondidas para quebrar nas cabeças dos caras que querem destruir a nossa área, estão estraçalhadas ao redor dos bancos, camufladas com o capim seco que a chuva não molha faz uns dias. Eu queria te contar também que eu estou pensando em colocar pregos e furar os pneus do carro de um deles, mas eu sei que você não vai deixar, mas eu também não me importo.
Eu gostava tanto de você, você lembra? Eu chegava mais cedo só para te ver e queria que você não saísse mais do meu lado. Você sempre saía e eu não levantava por dois minutos, pensando na possibilidade de você voltar. Você nunca voltava e um minuto depois eu já tinha esquecido de esperar. Eu queria que você fosse mais responsável, mais fiel ao que você diz. Dissesse que ia e fosse, de fato. Dissesse que vinha e viesse, sem pensar. Não deixasse nada para depois e nem esperasse o amanhã para tomar uma decisão boba. Você ainda tem tanto para aprender. Tem tanta barba para acertar, tantos quilos para engordar e tem tanto que provar meu açaí na tigela e dizer que é melhor que o que vende ali na orla. Tem tanto o que aprender, tanto o que parar de gritar e de falar sem rodeios, sem pensar, sem nem saber se é aquilo mesmo o que quer falar. Já viveu tanto nessa vida e as coisas que deve levar por todo o resto dela, você esquece. Por que você é tão desligado e esquece de colocar os pés no chão? Eu não quero política de boa vizinhança quando você quer tanto me jogar pela janela, eu só quero que você seja bem sincero. Eu só quero que você não queria ficar longe, meça as suas palavras, respeite as decisões e viva. Viva como se fosse o último dia, esqueça os meus receios. Bem sincero, bem sincero para que eu pare de gostar de você e aceite o tal do amar você.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Restante do que eu tinha para dizer.

Segurar a sua mão e não largar, não largar.
Acariciar os seus cabelos, ser fiel aos seus apelos e não mais te deixar. Largar-me, me largar. Em poucos meses foram muitas histórias, a maioria sem um ponto final e o final alegre está em você. Sem tanto romance, sem tanta conversa, com muita cautela, eu ainda não posso dizer que te amo. Não posso, não devo, não quero, não sei.
Lembra de quando nós dois estávamos no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas, tendo a mesma conversa? Sem trocar uma palavra, só uns olhares safados e repentinos? Você sempre soube que era aquele outro lá quem eu amava, eu sei que para você eu nunca conseguia esconder, mas era você quem eu queria. Aquele ali estava em mim por inteira, até nas pontas dos dedos, mas era você quem eu queria. Era o seu carinho, a sua doçura, o seu olhar antes de dormir. Era você quem eu queria ter, e não quem eu precisava ter. E como eu fiz em toda a minha vida, me acostumei com meus desejos e as necessidades eu deixei para quando fosse bem possível e maleável, fiz de tudo para te ter. E agora eu não só te tenho, eu te preciso. E dessa necessidade eu não quero me livrar.
É esse seu silêncio que me agride, essa sua vontade incontrolável de falar e que nunca fala. É o seu sorriso que me comove, sua dor que me machuca, seu abraço que me aquece e o que mais eu posso fazer além de mudar meu caminho e ir por um caminho melhor junto contigo?
Fingir que o passado não tem mais importância e parar de dar valor a quem não me retribui. O meu passado está guardado, guardado em um lugar distante, mas que eu sei muito bem onde está. Eu sei que mais cedo ou mais tarde a vida vai fazer a gracinha de desenterra-lo e esfrega-lo na minha cara, mas enquanto esse dia não chega, eu quero estar com você. E quero estar com você também no dia em que a vida pegar o seu passado e pendurar na sua orelha, eu quero estar por perto para te ver decidir. A vida é estranha, meu amor, é complicada, é difícil. Quem foi que lhe disse que a vida é uma gracinha? Não é não. Aqui para sobreviver tem que ter sangue no olho e escolher se prefere um estômago vazio para não correr o risco de vomitar ou se prefere enche-lo para não correr o risco de desmaiar no meio da jornada.
Menino, menino, quem tem medo de queimadura não brinca com fogo não, tem que ficar atento, tem que fazer e muito mais que isso, tem que saber o que faz. Tem que ir em frente mesmo sem ter como ir em frente, tem que subir montanhas sem ter medo de cair porque quando a gente tem medo e deixa esse medo suprir nossas vontades, a gente não sai do lugar não. A gente não sai do lugar nunca. A gente tem que saber que a vida não está sempre pronta para a gente viver não, a gente tem que arruma-la, a gente tem que colocar cada coisa em seu lugar senão uma hora vai perder o equilíbrio e nem mel e nem cabaço. Já ouviu esse ditado, Chico? Ouviu? Minha avó dizia isso, era sempre quando eu arriscava acima das minhas condições, tendo a certeza de que ia perder tudo, mas eu queria. E foi esse meu tanto querer que me fez quebrar a cara, cair no chão, sangrar por dentro até entender que tem que ser assim mesmo porque quando os avós da gente falam, eles têm razão, mas quando a gente não desiste, quando a gente faz uma coisa com esperança, confiança, a razão da gente é maior que a de qualquer avô.
Ow, Chico, pare com isso, menino. Eu já te falei que eu posso muito bem me virar, que os fulanos e beltranos não ameaçaram e nem ameaçarão os nossos versos e somente nós dois podemos construir uma história, somente nós.
Você lembra que eu sempre achei seu sorriso lindo demais? Não lembra, Chico? Acho que eu nunca te falei, mas eu sempre achei o seu sorriso lindo demais e sempre quis saber como ele seria por trás de uma caneca de café às 6 da manhã. Hoje eu descobri, é mais lindo ainda e com cheiro de café. E o cigarro após o almoço nem parece que me faz tanto mal, é uma vã ilusão, mas ele me distrai. Ele vai desenhando o seu rosto com a fumaça que vai se destacando na parede branca aqui da sala de estar. Não fica tão perfeito, mas a fumaça faz o seu esforço.
Eu não queria que você fosse, menino, não queria que você fosse porque o que eu tanto temia era que você tivesse um surto e não voltasse nunca mais. E aí, Chico? O que era que eu ia fazer? Já te falei que desses olhos misericordiosos não escorrerá mais nenhuma lágrima, eu não falei? Você não iria me testar, iria? Faz isso não, você cantou para mim naquele dia, lembra? “Não vá embora, não me deixe nunca mais. Lalala” Vai mudar o tom da canção? Depois de eu ter criado toda uma melodia em cima da letra e uma coreografia para te ver dançar no ritmo concreto da música? Faz isso depois do Natal, é a época mais bonita do ano e eu não queria ir olhar as luzes das casas dos outros com um olhar de tristeza. Eu posso mazelar depois, lá para o mês de março que é quando já passou a época das luzinhas e dos pierrots e colombinas saltitando pela rua.
Acariciar os seus cabelos, ser fiel aos seus apelos e não mais te deixar. Largar-me, me largar. Em poucos meses foram muitas histórias, a maioria sem um ponto final e o final alegre está em você. Sem tanto romance, sem tanta conversa, com muita cautela, eu ainda não posso dizer que te amo. Não posso, não devo, não quero, não sei.
Lembra de quando nós dois estávamos no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas, tendo a mesma conversa? Sem trocar uma palavra, só uns olhares safados e repentinos? Você sempre soube que era aquele outro lá quem eu amava, eu sei que para você eu nunca conseguia esconder, mas era você quem eu queria. Aquele ali estava em mim por inteira, até nas pontas dos dedos, mas era você quem eu queria. Era o seu carinho, a sua doçura, o seu olhar antes de dormir. Era você quem eu queria ter, e não quem eu precisava ter. E como eu fiz em toda a minha vida, me acostumei com meus desejos e as necessidades eu deixei para quando fosse bem possível e maleável, fiz de tudo para te ter. E agora eu não só te tenho, eu te preciso. E dessa necessidade eu não quero me livrar.
É esse seu silêncio que me agride, essa sua vontade incontrolável de falar e que nunca fala. É o seu sorriso que me comove, sua dor que me machuca, seu abraço que me aquece e o que mais eu posso fazer além de mudar meu caminho e ir por um caminho melhor junto contigo?
Fingir que o passado não tem mais importância e parar de dar valor a quem não me retribui. O meu passado está guardado, guardado em um lugar distante, mas que eu sei muito bem onde está. Eu sei que mais cedo ou mais tarde a vida vai fazer a gracinha de desenterra-lo e esfrega-lo na minha cara, mas enquanto esse dia não chega, eu quero estar com você. E quero estar com você também no dia em que a vida pegar o seu passado e pendurar na sua orelha, eu quero estar por perto para te ver decidir. A vida é estranha, meu amor, é complicada, é difícil. Quem foi que lhe disse que a vida é uma gracinha? Não é não. Aqui para sobreviver tem que ter sangue no olho e escolher se prefere um estômago vazio para não correr o risco de vomitar ou se prefere enche-lo para não correr o risco de desmaiar no meio da jornada.
Menino, menino, quem tem medo de queimadura não brinca com fogo não, tem que ficar atento, tem que fazer e muito mais que isso, tem que saber o que faz. Tem que ir em frente mesmo sem ter como ir em frente, tem que subir montanhas sem ter medo de cair porque quando a gente tem medo e deixa esse medo suprir nossas vontades, a gente não sai do lugar não. A gente não sai do lugar nunca. A gente tem que saber que a vida não está sempre pronta para a gente viver não, a gente tem que arruma-la, a gente tem que colocar cada coisa em seu lugar senão uma hora vai perder o equilíbrio e nem mel e nem cabaço. Já ouviu esse ditado, Chico? Ouviu? Minha avó dizia isso, era sempre quando eu arriscava acima das minhas condições, tendo a certeza de que ia perder tudo, mas eu queria. E foi esse meu tanto querer que me fez quebrar a cara, cair no chão, sangrar por dentro até entender que tem que ser assim mesmo porque quando os avós da gente falam, eles têm razão, mas quando a gente não desiste, quando a gente faz uma coisa com esperança, confiança, a razão da gente é maior que a de qualquer avô.
Ow, Chico, pare com isso, menino. Eu já te falei que eu posso muito bem me virar, que os fulanos e beltranos não ameaçaram e nem ameaçarão os nossos versos e somente nós dois podemos construir uma história, somente nós.
Você lembra que eu sempre achei seu sorriso lindo demais? Não lembra, Chico? Acho que eu nunca te falei, mas eu sempre achei o seu sorriso lindo demais e sempre quis saber como ele seria por trás de uma caneca de café às 6 da manhã. Hoje eu descobri, é mais lindo ainda e com cheiro de café. E o cigarro após o almoço nem parece que me faz tanto mal, é uma vã ilusão, mas ele me distrai. Ele vai desenhando o seu rosto com a fumaça que vai se destacando na parede branca aqui da sala de estar. Não fica tão perfeito, mas a fumaça faz o seu esforço.
Eu não queria que você fosse, menino, não queria que você fosse porque o que eu tanto temia era que você tivesse um surto e não voltasse nunca mais. E aí, Chico? O que era que eu ia fazer? Já te falei que desses olhos misericordiosos não escorrerá mais nenhuma lágrima, eu não falei? Você não iria me testar, iria? Faz isso não, você cantou para mim naquele dia, lembra? “Não vá embora, não me deixe nunca mais. Lalala” Vai mudar o tom da canção? Depois de eu ter criado toda uma melodia em cima da letra e uma coreografia para te ver dançar no ritmo concreto da música? Faz isso depois do Natal, é a época mais bonita do ano e eu não queria ir olhar as luzes das casas dos outros com um olhar de tristeza. Eu posso mazelar depois, lá para o mês de março que é quando já passou a época das luzinhas e dos pierrots e colombinas saltitando pela rua.
É, Chico, eu quero beber champanhe na taça e brindar com você. Correr malassombrada – com o juízo derretendo - pela rua e te encontrar no final dela, eu quero me apaixonar por você todos os dias e cada dia um pouco mais, quero me encontrar com você quando eu me perder para tentar me encontrar. Tenta não ir embora, mas se por acaso for, fecha a porta e não deixa mais ninguém entrar.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Alma má.

No momento exato da dor mais escandalosa possível, a alma se decomporá e nada irá aliviar os calafrios. A dormência seria o mais essencial, mas falhou dessa vez. Reza-se pelo encontro das almas amadas e amantes que se perderam no mundo e passaram a vida inteira encontrando um motivo plausível para pararem de procurar umas as outras, elas não sossegam, elas não conseguem. Estão sempre aflitas em busca do que nunca viu, da que nunca viu, mas que bem sabem que é a metade que lhe completa. Então junta tudo em uma só estrofe: As almas, a dor e a dormência que nem existe mais.
Os dias vão passando como quando mudam as estações, todos fingem que vêem, mas na verdade estão todos tão desinteressados com o mundo que nem percebem quando o dia vira noite e quando a tal alma tão procurada passa pelo outro lado da rua olhando para cima esperando uma luz esperançosa e suficiente para fazer desistir agora. É preciso arregalar os olhos para não perder nenhum movimento.
A falta de atenção, a complexidade dos fatos tão lícitos e limpos diante do mar, e mais ainda quando joga tudo para o alto e faz do dia um dia sujo cheio de cheiros ilícitos e nada que os faça parar. Não param. É como se o mundo fosse seu, como se você estivesse manipulando cada um com cordinhas. Nem o vento consegue derrubar a cinza do cigarro, nem a maresia consegue tirar o balançar dos cabelos, nem a noite consegue tirar a vista do mar. A natureza é linda, mas até então não tem conseguido ser mais forte que a poesia que está dentro daquelas pessoas.
É como se o mundo fosse de fato seu e você tivesse medo de tê-lo. É como se o mundo estivesse pesando em suas costas e você não conseguisse mais andar, como se estivesse em suas mãos e você não conseguisse carregar. O peso do mundo muito além de uma folha de jornal, muito além das metas que cada um traçou, muito além das idéias que não foram expostas ainda e pelo tempo não serão mais e se forem, não farão mais sentido algum.
No momento exato da displicência com o coração, no momento na qual mais faltou com cuidado com as forças, com o resto das forças que foi guardando para quando não mais tivesse o que fazer, a casa caiu. Caiu porque uma das almas resolveu ir embora de vez e deixou uma carta que dizia coisas que doíam no coração, doíam na alma. Sabe-se lá qual era o destinatário que estava escrito, mas carta e receptor se encontraram e a alma foi se desmantelando como criança se desmantela em prantos quando sente fome, a alma foi se espalhando pelo chão.
Foi espalhando e foi se transformando em lágrimas e essas lágrimas foram regando as raízes daquele roseiral, aquele tão quieto e sorridente fincado no meio do nada. Aquele que você foi lá arrancar um pedaço dele, arrancar a rosa mais alta, mais vermelha, mais bonita, mais cheia de espinhos. Depois de ter para si a rosa mais linda, reclama do sangue sujo que escorre e mistura nas lágrimas que ainda nem secaram de vez. Você não tem jeito mesmo, vai fazer das próximas rosas, rosas bonitas, vermelhas, brilhantes, perfumadas, espinhadas e sujas. Sujas como o seu sangue sujo.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
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