sexta-feira, 23 de julho de 2010

'Quem te conhece que te compre.'

terça-feira, 20 de julho de 2010

Vai, caralho. Leva os meus cigarros, minhas vestes, minha infância, meu sacrifício, meu silêncio, minha dor, meu amor, meu rancor, leva tudo. Vai, caralho, leva tudo. Esta porra de edifício, esse carro que nem é meu, meu isqueiro, o colírio, o telefone, a ligação, o intermédio, a linha tênue, minha fome, minha gastrite, meu estresse, meu dominó, meus livros. Leva, leva o sono, minha dor de cabeça, meu Tylenol, minhas chaves, minha porta, a saída, a entrada. Ah, leva também os meus direitos, seu viadinhodemerda. Leva os meus direitos, minha constituição federal, minha liberdade, meu habeas corpus, meus códigos penal e civil, meus professores também. Leva meus direitos, e, e, e... Leva meus deveres também! - ah, isso você não quer levar não é seu filhodeumaputa?
Leva tudo, desgraçado, mas não leva a minha paz. Leva tudo, mas esquece a minha paz.

domingo, 18 de julho de 2010

Jogue suas mãos para o céu...

Eu queria dizer para ele parar com essas coisas, mas o apelido que havia ganho o fazia se sentir bem. Ele sempre soube que não era, sempre soube que na verdade verdadeira mesmo, era só mais um prestes a morrer ou ser enquadrado. Pow pow pow! Era o hino de todos os dias.
Lindo, lindo, ele era lindo. Tinha um sorriso de causar inveja em qualquer outro fumante, uma inteligência que silenciava qualquer bobalhão que quisesse se aproximar querendo ser o melhor do pedaço, mas o espertinho voou baixo. Era – relativamente – o filhinho de papai, tinhas costas quentes, fazia merda, mas tinha quem limpasse depois. Já tinha feito outras merdas fedidas num passado não muito distante, mas enfim, não estou afim de falar no assunto.
O fato, o fato mesmo é que o gatinho está se perdendo na vida fácil. Universitário federal, o Barão do tráfico desapareceu da vida social, e eu sinto falta.
Sinto falta dos beijos e abraços e das tantas vezes que arrancou sorrisos meus.
Eu tentei dizer para ele que isso não leva a nada, que ele deve parar de decepcionar a dona Fulana que já está morta há anos e que ainda assim espera um orgulho do único filho, mas caralho, ele diz que não se importa e eu sei que chora todas as noites sentindo a falta dela. Ele sente a falta dela, quem não sentiria? Me diga, por deus, quem não sentiria a falta de uma mãe?
Se ele quisesse, se ele quisesse ele poderia me chamar de mãe, poderia, eu juro, eu permitiria. Cuidaria dele como se fosse um filho, não sustentaria a casa porque não posso, mas meu deus, lhe daria a benção antes de dormir e prepararia o jantar. Quando ele estivesse triste e deprimido eu sentaria com ele na sala fumando um cigarro e o mandando parar de fumar.
Eu poderia ser sua mãe, nada de vender drogas e nem de se atrasar para a aula, vai cortar o cabelo menino! Pára de tirar catota e vai tomar banho. Vem almoçar, benzinho, come um pouco de salada. Não ia querer o lugar dela no peito dele, nunca, jamais, só queria cuidar dele como ele nunca deixou ninguém cuidar, como ela já não pode mais cuidar. Ele precisa de ajuda, mas um “homem forte” não pode demonstrar fraqueza. Pára com isso, menino, pára com isso que o teu futuro é incerto, tem que seguir a risca o caminho que teus pais te ensinaram.
Larga isso tudo, menino, larga isso tudo que isso tudo não dá futuro a ninguém.Me ouve uma vez só, ouve o que eu tenho para dizer e se salva por mim, por você, por todos nós. Você sabe do que estou falando, faz esse favor para mim, faz? Você me prometeu que não ia me machucar, você lembra? Então pára com isso, moleque.
Bobagem.
“Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez, e acho que é tão normal. Dizem que sou louco por eu ter um gosto assim, gostar de quem não gosta de mim... Jogue suas mãos para os céus e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você na rua na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.”
Canta comigo, bebê, canta comigo que eu sei que essa música você sabe cantar, ela te ensinou, você lembra?
Na rua, na chuva, na fazenda... ou numa casinha de sapê. Ou numa casinha de sa... pê...
ESTA PORRA!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Vai, abre tua porta e me deixa entrar. Abre o caminho e me deixa passar.

Qual das moças e seus sorrisos

Na verdade, verdade mesmo, não se sabe ao certo quem era que ele amava. Se era aquela moça com cabelo curto e dentes tortos, ou se a outra moça que até tinha os dentes no lugar, mas seu juízo já não morava mais em casa.
Pois é, a moça sem sorriso deu a luz a um menino e ninguém sabe se o rosto dele – Dele - transmitia despreocupação ou aflição. Saudades ou repúdio, vontade de abraçar ou simplesmente nada, talvez fosse fruto da imaginação da moça com sorriso que também daria a luz, mas esta era pelo olhar.
Aquele olhar corriqueiro e distante, que por muito tempo não via nada e nem ninguém e de repente estava de olho no mundo. Um olhar tão amplo que olhava por mim.
- Não se preocupa tanto assim, garota, nem tudo precisa dar errado para você. – Eu falei acendendo um cigarro e lhe oferecendo um outro.
Ela aceitou o cigarro e com ele já no bico respondeu:
- Você bem sabe, sempre soube a respeito dos desencontros, desempregos e desacertos que me perseguem. Minha vida é um jardim a beira da morte, quando uma flor desabrocha um bouquet perde o perfume, como poderia confiar nessas borboletas que nem sabem mais voar?
- Apenas confia, talvez funcione um dia. Apresento-lhe aos beija-flores.
Ela não deve ter entendido muito bem o “apresento-lhes aos beija-flores”, mas eu tentei falar que se as borboletas não lhe servem mais, não está tudo perdido, existem os beija-flores.
Ela me pediu licença e foi embora, parou bem no meio do cruzamento sem saber muito o que fazer e acabou virando para a direita e desapareceu no horizonte.
Na verdade, na verdade mesmo, ele não sabia o que queria e ela muito menos. Ela queria a infância de volta, mas não dava mais tempo, cresceu que nem viu. Agora tinha uma vida de verdade, tinha que parar de brincar. Tinha dívidas, contas, provas, desemprego, saudades, pouco tempo, pouca idade e ainda assim queria amar. Quem pode fazer isso tudo nos dias de hoje e ser feliz? Sem seqüelas, sem dores, sem contratempos.
Ela só queria mesmo chegar em casa, fazer o jantar e dormir. Só. Ela não tinha mais cachorros para levar para passear e estava meio cansada daquela vidinha medíocre que ela levava.
Ah, ela também queria reciprocidade, mas isso já era pedir demais.
Então amava quietinha, em silêncio, em seu quarto com as persianas que não paravam de cantarolar ‘ra ta ta ta’ quando o vento batia. Como uma metralhadora do Vietnã, como seu coração.
Então ela amava em demasiado e por tanto amar se desfalecia em penas de ganso, naquele travesseiro que havia se tornado o seu melhor amigo, que guardava seus maiores segredos e medos e choros e lágrimas e dores e tudo o que ninguém mais via.
E quando chegava a manhã começava tudo de novo. Meia caneca de café, aula, coração aos prantos enquanto esperava sozinha no ponto do ônibus e quando ele chegava estava lotado de pessoas também sozinhas, fedendo, calorento, sujo. Estômago de aço. Vida cretina.



domingo, 27 de junho de 2010

"O planeta está doente. Como se tivesse febre." - M.J.
E agora eu me sinto a pior pessoa do mundo, mas o que há? Verdade seja dita. E isso passará.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Chuva, eu peço que caia devagar.


E de repente – muito mais que de repente – a barragem da represa não suportou a força da chuva e a água invadiu uma cidade. Daí invadiu outra vizinha e neste instante, o meu estado, o nosso estado de Alagoas tem 21 cidades atingidas, a grande maioria (cerca de 15) em estado de emergência e as demais em estado de calamidade pública.


Foram quase 12 mil casas destruídas, quase 30 mil desabrigados, 34 mortes (subindo) confirmadas e cerca de 607(descendo) pessoas desaparecidas. Parece pouco?


Vamos lá, juntando as casas destruídas em Alagoas e Pernambuco dá uma média de 50 mil casas aos pedaços. Em PE foram 49 cidades atingidas, 12 mortes (oito delas em Recife) e são quase 15 mil desabrigados.


Esses dias o presidente da federativa do Brasil Luiz Inácio veio fazer uma visitinha ao estado, disse que a única coisa que havia visto parecido com isso tudo foi o que ele viu em sua viagem ao Haiti logo após aquela tragédia. Grande merda.


Coloca na manchete que a chuva destruiu tudo... a barragem da represa destruiu tudo! Antes de construir uma, tem que saber se ela não vai ceder quando houver uma tempestade, por isso que existem os chamados “projetos”.


Enfim, o estado até passou no jornal nacional, claro que Quebrangulo foi lembrada apenas como “a cidade em que o escritor Graciliano Ramos nasceu”. Sim, logo Graciliano Ramos. Aquele que até colocaram seu nome em um bairro, aquele que dizia “Alagoas é um ótimo lugar para cavar um buraco”. Era isso o que o romancista dizia a respeito do estado. Era esse o respeito.


Então,- se apesar de ter terminado o colegial em Alagoas e depois ido para o RJ e somente lá ter descoberto a faminha safada – se nem os alagoanos se dão o devido valor, a nossa querida Globo não o fará.


Portanto, alguns 20 segundinhos de tragédia pela tevê já é o suficiente, “vamos falar de futebol”. E assim o fizeram.


O que eu estou querendo dizer? Estou querendo dizer que não adianta ficar esperando pelos outros, NÃO ADIANTA ficar dependente de quem tem mais, ficar esperando pela Globo e esperar estampar as fotos nos jornais! É nessa hora que esse povo precisa dar as mãos e ajudar uns aos outros, senão o estado tende a ficar cada vez mais aos pedaços. Até virar pó, uma cidade abandonada do The Gladiator.


domingo, 20 de junho de 2010

Foi-se o tempo do Garrincha, o tempo do Pelé. Este que parou de jogar por causa da idade e o outro por causa de cachaça e de mulher.
Eis o futebol brasileiro, amigo. Antes era pela garra, pela honra, pela camisa, que pesava mais que o coração. E hoje, hahaha, hoje é pelo dinheiro, pelo dólar, para aparecer na televisão.