segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Passado não renasce (ou sim?).


É nostálgica. Sente saudades de milhões de coisas (que eu também sentiria, portanto não julgo), tristeza, vontade de recapitular tudo o que já aconteceu, mas por favor, quem vive de passado é museu.
Pega os álbuns, mostra as fotos, abre os livros, vê cada filme pela milésima vez. Conta a história de cada sorriso no vídeo, cada música, cada abraço. É bom às vezes, mas outras não. Isso machuca, no início é uma dor gostosa, dá vontade de doer para sempre, mas depois já não é mais. Depois começa a machucar de verdade e a cura torna-se mais complexa: O presente é vazio e o passado mais ainda.
Venha, divida esse banco e essa tarde comigo, me conta o que você quer ser quando crescer. E como serão os nomes dos seus filhos, e para onde quer viajar na lua de mel e se já cansou de tentar aparecer, sendo o que não é, nunca foi. É fato que há coisas que não me interessam, e que segredo deve ser mantido em segredo, mas dor deve ser superada, e a sua está superando você. Essa mania de gritar tão alto não vai ensurdecer o desespero que passa aí por dentro, então me chama para brindar, sair para dançar, me diz onde estará semana que vem e com quem, se pretende fazer teatro, mergulhar em Fernando de Noronha, tatuar o Abapuru na panturrilha. (Pretende? Não, não é? Ufa.)
Vai, me conta sobre seus planos, seus enganos, seu chão, seus pés, qual número você calça? Costuma dormir de bruços? Eu não.
É bobagem, eu sei, mas é que eu só quero um tempo contigo e bem, estou conseguindo.
É cansada na mente, tem medo do futuro e cospe no presente. Tenta se agarrar a um pedacinho de vida que já passou. Já passou. E isso não te preenche, mas você insiste.
Tão bonitinha, dedicada, nasceu para se foder, mas tenta. E quando deita na cama, sozinha, no escuro, desaba. É quando você pode chorar sem derramar as lágrimas sofridas em um chão sujo (e não é o seu chão), por algo imundo, sem sentido algum.
Liberte-se.
Deixe para trás o que ficou para trás e encare o futuro sem medo. Jogue as frustrações pela janela e caminhe em direção do desejo, da vontade, da garra. Tudo vai dar certo.

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