sábado, 19 de abril de 2008

Ar, calmaria.

Céu nublado, pássaros cantando, muralhas desabando aqui dentro.
Pensamentos ao vento, música alta, querer e não ter.
Planejar para sair, descansar e finalmente sair, se divertir, ou não.
Desejar quem não se deve, sentir falta de quem não quer sentir, chorar escondido embaixo do travesseiro.
Filme sem graça na televisão, ruas paradas como em feriadão e insistir que não há nada no coração.
Há sim, amor.
Acordar, almoçar, vegetar e fazer qualquer outra coisa que termine em "ar".
Fuma um cigarro, faz um chá, senta na cadeira e olha tudo o que estiver do outro lado da janela.
Vê o sol virar lua, o céu azul ficar pardo, passarinho virar morcego, gavião, abutre, leopardo.
Céu nublado.
Tempo estável, saudade nada estável e um sorriso agradável no rosto, nem parece que é tudo real.
Pintar as unhas, furar as orelhas, apertar a saia justa, escolher o sutian e lembrar de não usar calcinha de lã esta noite.
Atende ao telefone, discute ao telefone, desliga o telefone, liga o telefone e faz a última ligação, depois das 30ª última ligação.
Ele sempre tira o certo do lugar.
Céu nublado, feriado num fim de semana, não queria não. Oh, inferno!
Muralhas ainda caindo, dores ainda mais fortes e o sorriso ainda no rosto, sempre singelo, sempre belo, sempre belo.
Esmalte da unha borrado, cabelo desarrumado, café gelado e a rede a balançar, que magnífico.
Tão magnífico quanto observar o nascer do sol de algum lugar em Maceió, belo.
Céu nublado, oh minha menina, não se impressione. É um fim de tarde de um sábado qualquer.
Não se impressione.



P.S.: Eu te amo.

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