sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sujeito não identificado.


Eu sempre digo que te amo, que sinto a sua falta. Onde você está agora? Será que vai voltar? Eu te amo. Novamente, uma vez mais, pela milésima vez, me deixe em paz. Livre-me deste mal que pisa no meu calo e me impede de andar com singela paciência, deste mal que me impede de amar com singela perfeição.
Eu sempre digo que te quero, que não quero mais passar minhas tardes sórdidas sem você.
Penso sempre em te ligar, te enviar um telegrama ou apenas contar para o vento que eu amo a pessoa certa. Amo alguém que sabe acertar o ponto perfeito do café, que sabe o nome da minha mãe e que vai querer acordar comigo na próxima manhã mesmo descabelada e ainda dizer que me ama.
Então eu enviei meus pensamentos completamente sem fundamento para o tempo, por telegrama também. Eu sempre quis contar isso para ele, mas sempre esteve com pressa. Maldito.
Então eu lembrei dos velhos tempos onde eu fazia de tudo para te encontrar, desviava caminhos, ia a lugares que nunca havia ido e ia também no mesmo supermercado e na mesma padaria. Não era o destino me juntando a você, ou você a mim. Era a minha força de vontade e nada além disto.
Eu ando por aí tropeçando em devaneios, saltando poças de amor e fugindo das borboletas que me perseguem para me guiar para o bosque mais próximo. E eu não vou, eu não quero ir. E pare de insistir antes que eu me decepcione novamente e me demonstre fraca e corra atrás das borboletinhas, pois sempre me disseram que no bosque há amor.
E eu sempre fui teimosa descordando sem pensar em nada além de que o amor está dentro de cada um e não precisa de bosque, nem de borboletas e muito menos de um caminho guiado por uns insetos que não vivem mais do que vinte e quatro horas.
E eu que sempre digo que quero correr e te abraçar na chuva, sempre digo que quero parar de pensar em você por um instante qualquer, ao menos para conseguir dormir, embora bem saiba que irei sonhar contigo.
Eu que sempre achei que nunca conseguiria te arrancar daqui de dentro, nem que pegasse uma faca bem afiada e fosse dilacerando milímetro por milímetro do meu órgão muscular vermelho e oco e te desfragmentasse em pedacinhos bem minúsculos, ainda assim te amaria. Seriam pedacinhos de amor em cada pedacinho de você arrancado e dilacerado sem ter dó e nem piedade.
E agora, de repente, me dei conta que não faço a mínima idéia de quem é você. Você se fez tão diferente, trocou a água pelo vinho e agora não sei, definitivamente, quem é você.
Então, quem é você?

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