domingo, 9 de novembro de 2008

Não pode, não deve, não quer viver sem.

E de repente você já não pode viver sem. Apaixonou-se pelo carisma dela e não consegue mais passar um dia inteiro sem ouvir o que ela tem a dizer. Não que você a ame, mas sente falta o tempo inteiro. Ela tem uma índole macia, um espírito com cheiro de rosas, mas é cabulosa a ponto de não te irritar. Estranho, deveras estranho, só isso.

Você aprecia tudo nesta menina, até os dez anos a mais que você que ela tem. Você se sente um garotinho perto dela, um mero aprendiz de tudo o que ela até já cansou. Ela é inteligente, ocupada e sempre arruma um tempo para ti, ela vai lhe encantando sem querer e você não consegue parar de querer tê-la mais perto. Ela tem bom gosto quanto a bebida, comida, música. Carrega no porta luvas uns cds muito bons e outros muito ruins, infelizmente, nem ela é perfeita.
Você quase nunca a vê, mas lembra de todos os instantes que esbarrou com a mesma. Na porta do banheiro da boate, no bar, ela ajeitando o cabelo e o jeito bonito que ela tem de dançar. Você lembra do sorriso dela, que era raro, ela é tímida. Você a olhou e a descreveu, garota previsível, mais que eu. Lembra dos sapatos, roupas, movimento das mãos. Um retrato que não some da memória.
Você não conhece a voz dela, mas na última noite foi com isso que você sonhou, ela te contando um fato e você acordou agoniado no dia seguinte por não lembrar o que ela tanto dizia. Você lembra da boca dela se movimentando, abrindo e fechando e dos olhos que piscavam lentamente, como num slow motion de filme americano, ela era surreal, tinha um cheiro só dela, um olhar só dela, uma voz só dela e que você não consegue lembrar, estúpio. Além de tudo tinha um amante só dela, mas só ela não sabia. No sonho ela
usava a roupa mais bonita, sorria brevemente e constantemente, novamente o maldito sinal de timidez. Na cena que está aí repetindo na sua mente, tinha areia, era fim de tarde, tinha som do mar e ela continuava falando alguma coisa e você continua sem lembrar.
E de repente você já acha que não pode viver sem. Sem as perguntas, sem as brincadeiras que você morre de rir e sem as controvérsias, sem os milhares de aspectos opostos que só os dois conseguem tanto carregar na mão. Ela não concorda contigo, você sempre discorda dela e no final morrem de rir. Parece até conto de fada, que medo.
Ela dorme tarde, acorda cedo e quer ter um filho. Estava nas mesmas festas que você e ninguém sabe como, mas vocês não se viram. O destino os uniu, não que eu acredite nisso, mas juro que não encontrei outra palavra para definir o que aconteceu.

Você não pára de falar nela, ela está nos quatro cantos do seu mundo, você e ela. Ela te cuida, você cuida dela também. Briga pelas coisas erradas que ela faz, coisa de estética, coisa de mulher. Ela entende e reclama das suas notas baixas.
Uma mulher, formada, vivida. Um rapazinho, ensino médio escolar, ainda nem começou a viver.
Ela é de Leão e você de Touro, não tem nenhuma ligação em ênfase. Ela mora na parte alta da cidade e você perto no litoral, ela odeia suas bandas de Metal. Esquisito como vez ou outra as aulas de física invadem nosso ritmo diário, aquela história de ímã.
Vocês quase não se conhecem e de repente não podem viver sem.
Você se apaixonou pela posição dos pés da princesa em algumas fotos, pelo banco que a acompanhou, pela história que te contou. Se apaixonou pela espontaneidade que ela carrega e pelo assunto que nunca acaba quando estão conversando via programas cibernéticos, até assim ela te faz bem. E é por isso que você não quer mais viver sem.
Você não quer se apegar, mas hoje vai ter aquela festa e ela disse que talvez apareça por lá, e você mal consegue controlar a euforia. Quem diria?

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