domingo, 23 de novembro de 2008

O que farei em uma semana?

Eu tenho uma semana de paz. O que fazer?

Eu posso plantar um jardim e começar a cultivá-lo e me adaptar ao cheiro de terra molhada que me acompanhará nos próximos cafés da manhã. Posso separar minhas roupas velhas e dos meus amigos mais próximos e doar numa instituição de caridade, posso aprender a jogar Poker, ou não.

Me disseram para aprender a cantar, pode ser uma boa oportunidade. Ou pintar um belo quadro, quem sabe? Posso rever meus atos e sair consertando meus erros, posso avaliar quem é meu amigo de verdade e se não me restar ninguém, posso passar a me conhecer melhor e se me restar alguém... Posso passar a me conhecer melhor. Posso pensar em milhões de motivos para não te ligar e no final acabar te ligando, e nessa semana de paz eu posso perder a minha paz com você, depois vou acabar recuperando.

Posso escrever um poema, mesmo que com a alma um tanto pequena e o coração cheio de calos. Posso desejar não te desejar para mim, mas isso é perder tempo demais e eu só tenho uma semana. Posso procurar vários rumos, mesmo sabendo que qualquer caminho que eu siga me levará até você. Posso fazer auto-escola e aprender novamente o que já cansei de aprender. Posso locar vários filmes e passar a semana vendo filmes que nunca vi, posso aprender a fazer mousse de maracujá, torta de morangos, sushi.

Posso escrever uma música, plantar uma árvore, por que não?

Posso colher meus pedaços de dor e encaixar perfeitamente em meu coração.

Sumir e dizer que estou no Japão, pensar na melodia da antiga canção. Pensar em Páscoa, Natal, São João. Posso lamentar uns certos motivos, mas outros não.

Criar coragem de te contar tudo aquilo que escondo aqui dentro, por que não?

Posso querer chegar mais perto, me posicionar no meu lugar e não desistir da história de te amar.

Em uma semana de paz, posso procurar paz no lugar errado, aqui dentro, talvez.

Posso te mostrar o certo, o estragado, o fingido, o incerto, meu pobre português. Numa frase, numa cantiga, numa lágrima curta, nua, antiga, calada. Numa história de burguês, numa peça de teatro em francês e me divertir com sua cara de dúvida, sua linda cara de dúvida, seu lindo rosto.

Posso deduzir a origem do universo, fazer maçã do amor, amaciar meu lado perverso, procurar não dizer o inverso quando me perguntarem o que eu sinto por ti. Tentar encontrar meus discos de vinil, relembrar o que achei que aprendi em alemão, encher o cu de sorvete, nossa...Boa idéia. Sorvete todos os dias + filme triste + silêncio + chuva + solidão. A perfeição.

Nada de você. Por que não?

NÃO.

[Bruno, respondi sua pergunta? (O você não refere a você. :x) ]


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