quinta-feira, 3 de julho de 2008

Amor intocável.

Os beijos pareciam nunca acabar, mesmo que durassem alguns poucos segundos.
E o frio, o frio estava atravessando os fios de lã do casaco bonito que ele usava, mas o sorriso era sempre intacto, estava sempre ali.
Ele falava com uma naturalidade que nem parecia que estava dando tudo errado até então, o sorriso dele iluminava o ambiente pardo, a voz dele se destacava em todo aquele barulho e ele nem precisava gritar.
Uma doçura, e esperança salva ainda habitavam o olhar dela.
Uma carência e cansaço expeliam dos olhos dele, e ela segurava-lhe as mãos, dizendo que estava tudo bem e que ele ia ficar bem também. Dizia que tudo ia dar certo, e ela sempre tinha tanta certeza de certas coisas, e tanta razão.
Como lhe doía vê-lo ali deitado, morrendo de frio, de dor, e ela se sentia tão inútil por não poder fazer nada além de lhe segurar as mãos.
Ela o amava, amava a ponto de mentir e baixar a cabeça. Era um amor como de novela, que caminhava para o lado errado, mas que se dependesse dos dois, daria certo. Como todos os outros.
Mas ela era orgulhosa demais, e ele não sentia nada.
Amar sozinha dói, e essa dor ela não queria novamente.
Então continuou ali, lhe segurando a mão, fazendo carinho e fingindo que pra ela, ele era só um amigo.
E na amizade também há amor, ou não?

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