Ainda não era hora de ir
Nem tinha graça vê-lo ir
- Eu quero ficar. – Ele dizia.
Tão cativante, tão amável, paz contínua
Ainda não era hora de ir, ele podia ficar
Ele foi.
Então deixa eu me erguer, cansa esperar
Demora longa para voltar
Então deixa eu ir embora sem ninguém ver
Ou abrir a janela e deixar a frieza entrar
E deixá-la me congelar
Me congelar, me congelar
E me transformar em uma pedra de gelo por inteiro
O corpo inteiro, no espelho
No quarto, na sala, no banheiro, na festa sem fim
No fim sem início, início sem fim, assim.
Ainda não era hora de ir
E teria muita graça vê-lo ficar
Dramatizando, criando, fingindo
Não vou mais esperar.
Então largue meu copo, minha caneta, meu papel
Me deixe descrever sua partida
Só de ida, só de ida
Levando o que eu falei e fui pouco compreendida
Até a hora que não era para ir e acabou indo
Sem pressa para voltar
Então me deixe pentear o cabelo, calçar a sapatilha
Me deixe ir sem seguir a trilha
Que ele largou pela janela, quando foi
Sem precisar ir.
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