sexta-feira, 2 de maio de 2008

Well, bem, bem.

Está tudo sempre muito bem, sempre muito bom. Umas piadinhas aqui, outros risos acolá e assim você vai empurrando a vida com a barriga.

Até que você dá com a cara no chão e finalmente percebe que esse não é o seu mundo, não é a sua maneira de viver, mas você não se importa, você se sente bem assim. Apesar de que você está se escondendo atrás de tantas cores, está fugindo dos problemas reais que são além, muito além da roupa nova para o fim de semana.

Você mudou aos olhos dos outros, gosta de coisas que nunca lhe atraíram, anda com pessoas que não são do seu estilo, vai a lugares que nunca imaginou ir e está sempre muito bem, é sempre muito bom. Acredita que a boa companhia é o suficiente e pronto e ponto.

E quanto ao mudar, mudou, é claro que sim. Mas mudou em outros aspectos, você não é mais a menininha do papai e só. Talvez seja isso o que incomode os demais, saber que você já pode caminhar com as próprias pernas, sem deixar ninguém manusear a sua vida. Talvez o fato de você ter conquistado uma determinada liberdade, incomode aqueles aprisionados em suas mentiras, suas farsas, suas falcatruas.
Se bem que ao chegar em casa, travesseiros e lençóis mudam de função durante a noite.
A noite
, que você tanto quis que chegasse para sentir sair de dentro de você todas as dores e agonias que lhe perturbaram todo o dia e você dobrou e jogou rapidinho dentro da caixinha muscular vermelha, ficou tudo ali enclausurado, preso, louco.

Você mudou aos olhos dos outros, ninguém mais vê que você é a mesma, a mesma Jucy de sempre.
A mesma menina que adora uma boa conversa, uma nova amizade, e adora mais ainda reforçar as antigas, as verdadeiras.
Ainda prefere sorvete de cajá, Fanta Uva com pouco gás e um “por favor” no final de cada pedido. Você é a mesma. Viciada em escrever, escrever cartas e não enviar, poemas e não rimar, músicas e não cantar. Viciada em fazer os outros sorrirem, acostumada com a dor que pouco lhe impede de esbanjar alegria, pouco impede.
A mesma que sabe engolir o choro quando já quase não dá para segurar, a mesma que acredita que nada na vida é em vão, a mesma que ligou pelaúltima vez mais de 30 vezes. Você é a mesma, você é você mesma.
Então não importa o que pensem, o que digam, se você estiver bem... Está tudo muito bem, tudo muito bom.

E quando sentir saudades de ser a menina do papai, olhe-se no espelho e vai ver a criança que sempre foi, a infância cai na nossa cabeça às vezes com uma brutalidade tremenda, mas é uma dor boa de se doer.

Então que você aproveite CADA minuto, CADA segundo da vida como se fosse oúltimo. Daqui a alguns anos seus filhos vão olhar seu porta retratos e você vai ter histórias para contar, vai ter muitas histórias para contar.

No mais, espero que isso não passe, está tudo muito bem, ou quase um pouco bem.

Nenhum comentário: