terça-feira, 6 de maio de 2008

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Eu gostaria mesmo de entender o que se passa nessa sua cabeça repleta de merda, além de merda, é claro.
Tempos atrás você era tão interessante, valia tanto a pena lhe conhecer e de repente você se transformou nesse ser mecânico que pode ser ligado ou desligado a qualquer momento e fará o mesmo efeito, a presença ou ausência nem vai ser notada. Bonequinho de porcelana, quebra fácil, é frágil e não se reconstitui com a perfeição que se deve, é você, é meu coração. Caíram juntos, acredito.
É fato, longe do meu domínio, você vai de mal a pior (disse Paula Toller em uma canção) e roubo-lhe essas palavras para dizer a você que você caiu sem querer.
De verdade, sei que isso soa como se meu ego fosse mais alto que o Monte Everest, mas não é. Só quero que você veja que por mais que umas quintas-feiras ou domingos pela manhã pareça que eu estou atrofiando em meu anonimato, eu não estou, aliás, nunca estive.
Eu sei que você deve sentir falta de mim de vez em quando, e se não sente você é um verdadeiro filho-da-puta, porque os momentos que passamos juntos foram certamente únicos, já passamos uma hora rindo sem parar e nos abraçamos muito tempo sem cansar, já alarguei sua orelha, já disse que te amava e menti quando disse que "tudo bem" quando você disse que precisávamos nos afastar um pouco, não seja um filho-da-puta, mostre o seu valor.
Seu cu piscava quando eu dizia que era melhor acabar, e quando eu lhe via puto por algo que eu tinha feito, meu medo me tirava o fôlego, o medo de lhe perder, sabe?
Se bem que hoje em dia eu já não sei se prefiro passar o resto da vida com você ou sem você. Porra! Não consigo mentir quanto a isso, desejo você ao meu lado todos os dias por todo o sempre.
No entanto, odeio admitir.
Aliás, odeio muito todas as coisas que me lembram você, odeio tudo nesse mundo porque até a música que começa dizendo "Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês" me lembra você, uma música de Chico Buarque, muito pouco conhecida e conseguimos lembrar dela ao mesmo tempo,você lembra disso?
Malditas, malditas lembranças! Meu mundo está repleto delas, malditas que me perseguem.
Incrível como em todas elas têm um dedo seu, um fio do seu cabelo. Maldito, maldito é você que me encantou e de repente foi embora, de repente me deixou para trás como se eu não tivesse tanta importância. Eu tenho, desculpa, tan?
Mas vai se foder, rapaz. Quem você pensa que é pra de repente destruir meus planos e minhas noites assim sem mais nem menos? Pra chegar assim do nada, roubar meu cobertor, apagar o meu cigarro e abaixar o volume de Sonata Arctica só porque você "não curte muito esse som"? Você sabia desde o começo que não me amava, então porque naquele dia que conversamos asneiras na bosta do MSN você me disse "shauishauisteamosahuishaus"? Você acha que eu não vi, não é?
Pois eu vi, seu imprestável. Vi essa vez e as outras três vezes também! Eu sempre via o que você fazia as escondidas, sabia as cores da sua cueca, as cores das xuxinhas que você prendia o cabelo. Eu só não precisava ficar falando, só não queria te deixar sem ação, assim como você me deixou.
Por que você tinha medo? Por que você tinha medo de arriscar? Eu sei que eu não era a mais correta das moças da redondeza, mas eu era a que mais te amava entre as moças do mundo.Por que você me abraçava e dizia "Que pena que você é assim." e me dava um beijo na testa?
Eu queria que você fosse mais corajoso antes, que não tivesse medo das patadas da vida.
Por que você não foi embora enquanto ainda tinha tempo?
Por que porra você entrou na minha vida? Você sabia que ia me machucar então porque você não caiu fora logo na primeira vez que eu senti saudades suas? Odeio, odeio quem me rouba diversão e não coloca paz no lugar. Ou como já diria aquele filósofo grego, odeio quem me rouba a solidão sem em troca me devolver verdadeiramente companhia. Então eu devo odiar você.
Não, não vou lhe odiar, para isso teria que pensar em você de vez em quando e eu não quero mais isso pra mim. Para lhe odiar teria que sentir algo e isso eu também não quero, aliás, não sinto mais. A indiferença me engole quando você resolve passar por mim, fingimos que não nos vimos e está tudo em perfeita ordem, falsa harmonia, estranha simetria. Filho-da-puta, eu te amo.
Te amo, mas honestamente não quero mais ter que lhe dizer isso porque não quero ouvir um "obrigado" em troca, aliás, estou farta de você.
Farta das suas desculpas medíocres, do seu amor falso que você jura sentir por outra pessoa, mas meo deos! É só olhar pra você e ver que seus olhos nem brilham quando ela está por perto, porque você faz isso com as pessoas? Porque essa estranha mania de massacrá-las aos poucos e de repente abandoná-las quando elas estão se contorcendo em agonia? Você não ama ninguém, e é tudo o que eu invejo em você, o dom que você me roubou de não amar ninguém. Eu nunca havia amado alguém até você invadir minha vida, sabia? Então porque você fez questão de pular o muro?
"O imbecil do Heavy Metal. " " Ele não merece você, pode ter certeza." "Fala sério, aquele menino? Você é tão tão...tão! O que você vê nele?" "Ele é idiota, você também é, mas você vale mais a pena."
Eu deveria ter ouvido mais quem me disse isso.
Você não merece, sabia? Não merece as mãos que lhe são entregues, nem os telefonemas que lhe são feitos, você não merece nem o passado curto que nós construímos e eu agora faço questão de deixar guardado num lugar tão longe e fundo para que eu nunca mais possa encontrar. Você não merece uma só rosa da primavera, uma só margarida ou jarmim que minha mãe plantou com tanto carinho. Não merece nem um abraço.
Não merece nem um texto meu, nem um poema. Mas é inevitável, você está em tudo, nas roupas no varal, nos presentes de Natal.
Mas honestamente, pegue seu rumo e se foda.
Pronto, falei.

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