segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Me encontre.

Eu consigo me perder no seu toque, no balbuciar de cada palavra que você diz, cada fato que você relata, cada foto que você retrata.
Me perco no sono que você me tira todas as noites, nos sonhos mortos e nos surtos tortos que eu tenho ao amanhecer. Quando o sol acorda e ninguém vê.
Me perco no mundo, me perco em você.
Me perco na dor que mais machuca, que é a que acompanha o vazio que fica quando você sai.
Me perco no meu quarto, nos meus quadros, no meu subconsciente, nas discussões e nas maiores decepções que não decepcionam tanto assim.
Na palavra que antecede a lágrima, no sorriso que precede a flor.
E quando eu vejo que sou só mais uma na multidão que lhe rodeia, o amor lânguido que me trava os dentes vai se ramificando até não ter mais pra aonde ir e acaba.
Acaba por um segundo ou dois, mas acaba. Avanço, descanso.
Agora
eu posso respirar.
E que você não me apareça mais esta noite, deixe-me em paz.
Abandone meus fantasmas, abandone meus pesadelos, abandone todos os fios que ligam você a mim.
Abandone isso tudo e não me deixe sufocar, não me deixe agoniar em plena noite de segunda-feira, amanhã preciso acordar cedo e não quero adormecer e morrer com você, de novo não.
Deixe eu me perder e me encontrar no seu caminho, mas só quando você finalmente estiver sozinho.

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