domingo, 13 de janeiro de 2008

ELA por ela, eu fico comigo.


Eu quero fugir, ou no mínimo me recolher em minha insignificância e morrer limpa e pura como um anjo, um anjo fraco por ter lutado.
Ela ouve música alta, ela usa maquiagem, coloca piercing e não dá a mínima pra ELA.
Enquanto a ELA, ela não se importa se eu lhe dou valor, ou se eu me preocupo tanto com ela a ponto de ligar o dia todo pra dizer 'erm... Esqueci', só pra saber se ela estava bem.
Então eu ouço música alta e ela manda abaixar, e dos 7 piercings ela simplesmente só não quer mais nenhum e é claro que ela já está enjoada do vermelho do meu cabelo, do preto das minhas roupas e da altura dos meus saltos.
Ela na verdade, é um enjoo em si.
Eu queria fim de semana na praia, fotos espontâneas, lambuzar de areia e pegar sirizinhus e colocar dentro do copo descartável. Mas não somos uma família, é fato. Não somos uma família.
Não trocamos presentinhos na ceia de Natal, não nos abraçamos quando alguém sai ou volta de viagem, e quando alguém está triste ou chorando, finge-se que não viu. É uma frieza de congelar até as pontas dos dedos dos pés. Aqui vive cada um por si, e ELA vive por ela e mais ninguém.
ELA tem o dom de me machucar, com palavras, com olhares, com as costas que ela me vira na maioria das vezes que eu finalmente torço e retorço e digo com os dentes travados 'me ajude, por favor'. Tem o dom de me fazer raiva e ter tanta, mas tanta coisa em mente pra escrever e quando estou finalmente em frente ao teclado, não sai nada que se aproveite, porque tudo de repente fica tão embaralhado e confuso, sabe?
ELA se muda pra ficar mais perto dela, ELA compra novos sapatos e roupinhas da moda pra ela e quando eu chego em casa com Taquicardia e com os olhos inchados por ter tomado medicação errada, ela me chama de drogada, segura o jornal e fala "Se lasque, vá sozinha ao hospital."
[E esse é um daqueles dias que por mais que você queira, você simplesmente não consegue esquecer.]
ELA discute comigo por qualquer coisa que eu faça que soe como 'diferente para a sociedade que você vive', ela acha que eu bebo, fumo e saio dando por aí.
Ela já esqueceu do meu aniversário de 15 anos, já esqueceu minha idade e na verdade ela esquece de mim na maior parte do tempo, quando compra um tênis maior que meu pé ou algo que ganhou de lembrancinha e me deu como se eu não odiasse.
Eu não quero a pena dela, eu só queria que vez ou outra ela me visse comofilha e me tratasse como uma. Um abraço, um 'Boa noite' antes de dormir ou ir me buscar na escola em dias de chuva.
Queria fazer trancinhas no cabelo dela e não ser mais aquela sombra malígna que a segue no escuro do estacionamento, eu só queria ter uma mãe de verdade.
Sem falhas, sem dores, sem gritos, isso eu peço por favor, sem gritos.
Eu queria ter um filho, ser para ele o que ninguém foi para mim.
Mas, enfim. Vamos sorrir.
No mais, isso passa. Isso também passa.
;*

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