quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Dama da Solidão

"Às vezes um sorriso sincero é tudo o que podemos oferecer."

Às vezes é tudo o que podemos oferecer, quando você vê que ela está tão quieta e com uma expressão de quem quer fugir dali e esfaquear o peito. Sentar perto, olhar e sorrir, é tudo o que se pode fazer.
Mesmo que o que ela espere não seja um sorriso seu e sim um beijo dele, ou uma escuridão eterna pra que possa acalentar nos braços aquela dor profunda que SÓ ela sabe como dói, SÓ ela consegue sentir, por que todas as dores, cada uma das dores, é diferente uma da outra e a dela, a dela parecia ser horrenda e estava se
hospedando naqueles quadros, naquele quarto, naquele quarto onde tinha cortes para todos os lados, feridas abertas e fechadas nos cantos e uma cachoeira de sangue escorrendo pelas bordas da coisa muscular cor de fogo.
Aquele coração de aço.
Fazia chuva, fazia sol, fazia mais chuva do que sol e ele sempre ali, sem enferrujar e agüentando toda e qualquer frustração, esperando o dono do beijo chegar com um sorriso num dia de sol, ou numa noite de lua cheia, tanto faz, mas o moço não chega.
Então ela continua ali, cruza as pernas para não aparecer a calcinha, apaga o cigarro pra que ele não fique com raiva, ajeita o cabelo que não está assanhado, limpa o lápis que não está borrado e apóia o rosto em uma das mãos. Ela espera, espera até o primeiro raio solar aparecer riscando o céu azul quase preto, onde tem a lua e umas estrelinhas sumindo pra ir correndo fazer brilhar os olhos dos japoneses.
Uma troca de fenômenos, e ela ali, no mesmo lugar, na mesma posição, como se não tivesse passado nem um minuto sequer, e ele... Ele não apareceu. E quanto a ela, ela quis sumir, e sumiu.

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