domingo, 20 de janeiro de 2008

No fim, ela deita e morre. Como nos sonhos.

[Na foto: Tristão e Isolda.]

Se bem que ela não se importa, e se por acaso eu estiver enganada, ela sabe fingir muito bem.
Ela odeia ter que ficar adulando e insistindo e ele adora ser adulado e babado. Um nojo só.
Não entendeu? Bem, coisas do tipo: "Vamos, meu bem. Vamos, por favor. Ah, não seja tão ruim. Vamos, você vai gostar. Vamos meu pão doce, vamos meu pedacinho de cocada."
Eu honestamente não sei como eles se agüentam (Bem, na verdade eles não se agüentam), ela é muito exigente - Dita as ordens repetitivamente: Senta de lado; arruma o cabelo; pare de fumar tanto; é a última cerveja, você já está cambaleando; você é um imbecil-, mas ela sempre acaba o dia com um Eu te amo.
Ele não gosta de ganhar ordens - Mas também adora uma implicância incabável, do tipo: Você poderia parar de mandar; "Tu é chata viu"; Fique aí, teimosa; Você é muito grossa, me empresta o isqueiro?-, e sempre acaba com um beijo e Minha Gordinha.
Sinceramente, eu sempre achei que essa história de "tampa de panela" fosse só mais uma invenção de algum adolescente para enfeitar o nick do MSN, mas não é não.
Ela o encontrou, e ela sabe que ele é... ELE.
Por mais que quando a "Coelha da Páscoa" pergunte "Você o ama?", ela diga "Está muito barulho aqui, não ouço o que você fala, vamos dançar". Expert em virar o jogo e morrer de ciúmes quando o vê trocando palavras com outra mulher, e como ela se contorce de raiva.
E o melhor (ou pior?) é que ela insiste em dar as costas e fingir que não liga, ela é estúpida.
O único que conseguiu amar e vai perder por ser estúpida demais.
Eu sei que às vezes ela é "durona", e fala pelos cotovelos. Sei também que às vezes ela quer chorar, ou até mesmo rir, mas ela não gosta.
Deve ser uma maneira (bem estranha) de impor respeito, entende?
E é bem bonito, o jeito que ela o devora com o olhar quando ele chega perto, o jeito que segura-lhe a mão e diz "Venha, me dê a mão, vamos sair daqui" e sai caminhando pelo salão, e eu nem sei porque, mas eu gosto. Vicia meus olhos.
Mas enfim, os olhos dele dizem que isso não vai muito longe, e aqueles olhos nunca mentiram para ela e muito menos para mim, que o conheço melhor que a minha própria palma da mão.
E eu já posso até ver, ela deixar o orgulho de lado, se afogar na poça de lágrimas e depois deitar e morrer.
Afinal, ela o ama. Demasiadamente, camufladamente, erroneamente, mas o ama. E não há o que fazer, e por acaso houver, ela com certeza não vai dar a mínima importância.
É, eu já posso ver.
No mais, isso passa.
Eu espero que isso passe.

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